Luís Reis Ribeiro, in DN
Taxa de desemprego nacional diminuiu para 6,1% da população ativa, mas a população desempregada aumentou bastante em termos homólogos (face ao segundo trimestre de 2022), tendo avançado quase 9%.
O número de pessoas em teletrabalho aumentou cerca de 3% entre o primeiro e o segundo trimestre, estando agora nesta situação cerca de 908,9 mil trabalhadores, revelou o Instituto Nacional de Estatística (INE), esta quarta-feira, no novo inquérito ao emprego do segundo trimestre de 2023.
Neste período, a taxa de desemprego diminuiu para 6,1% da população ativa, mas a população desempregada aumentou bastante em termos homólogos (face ao segundo trimestre de 2022), tendo avançado quase 9%. Assim, há agora 324,5 mil desempregados em Portugal, diz o INE.
Já o volume de emprego aumentou 1,6% (também em termos homólogos), para quase 5 milhões de pessoas.
Segundo o INE, "a proporção da população empregada em teletrabalho, isto é, que trabalhou a partir de casa com recurso a tecnologias de informação e comunicação, foi de 18,3% (908,9 mil pessoas)", o que representa uma expansão de mais 0,4 pontos percentuais (p.p.) face ao 1.º trimestre de 2023.
Segundo cálculos do Dinheiro Vivo, o aumento nominal entre trimestres ultrapassa assim os 3%. Nos primeiros três meses do ano havia 881,6 mil pessoas em teletrabalho.
Mas face há um ano, este grupo reduziu-se cerca de 5%: no segundo trimestre de 2022 havia 958,6 mil trabalhadores em modo remoto.
Ainda segundo o novo inquérito do INE, Portugal terá agora cerca de 324,5 mil pessoas oficialmente sem trabalho (procuraram ativamente emprego e estavam disponíveis, só que não encontraram um lugar), contingente que "diminuiu 14,7% (menos 55,8 mil casos) em relação ao trimestre anterior e aumentou 8,6% (mais 25,7 mil) relativamente ao homólogo".
Assim, "a taxa de desemprego foi estimada em 6,1% [peso do número de desempregados no total da população ativa], valor inferior em 1,1 p.p. ao do 1.º trimestre de 2023, mas superior em 0,4 p.p. ao do 2.º trimestre de 2022".
Recorde-se que desde o início da crise inflacionista, no começo do ano passado, com a eclosão da guerra da Rússia contra a Ucrânia, a economia teve uma primeira fase de grande expansão, com muitas empresas a aproveitarem a inflação muito alta para expandirem a sua faturação e as margens de lucro.
Hoje, essa fase dissipou-se e a subida em flecha das taxas de juro do Banco Central Europeu (BCE) começa a provocar danos na atividade, limitando de forma evidente o consumo e o investimento, o que, a prazo, pode gerar problemas graves no mercado de trabalho.
Para já, mostra o INE, embora o desemprego esteja a subir bastante face ao ano passado, o emprego ainda se vai aguentando.
A população empregada conta agora com 4,979 milhões de pessoas, o que representa um aumento de "1,1% (mais 54,7 mil trabalhadores) em relação ao trimestre anterior e de 1,6% (77,6 mil) relativamente ao trimestre homólogo".
Emprego: mais homens, mais jovens, na construção
De acordo com o INE, "de forma resumida", a variação homóloga da população empregada (os referidos 77,6 mil empregos criados ou mais 1,6%) é explicada essencialmente pelos acréscimos nos seguintes agregados: "homens (48,5 mil; 2,0%); pessoas dos 16 aos 24 anos (49,4 mil; 18,7%); que completaram, no máximo, o 3.º ciclo do ensino básico (171,3 mil; 10,7%); empregados no setor da indústria, construção, energia e água (72,2 mil; 6,1%)".
O INE destaca sobretudo a criação de emprego "nas atividades de construção (40,7 mil; 13,3%), cujo aumento representou 56,4% da variação do setor".
O grupo dos trabalhadores por conta de outrem ganhou 110,8 mil pessoas ou mais 2,7% em termos homólogos, o número de contratos com termo subiu 68,1 mil ou 12,2% e os vínculos a tempo completo aumentaram 59,8 mil ou 1,3% face ao segundo trimestre do ano passado, refere o instituto.