O mercado dos medicamentos dispensados nas farmácias em Portugal (ambulatório) registou vendas de 1.218,1 milhões de euros no primeiro semestre do ano, num total de 144,2 milhões de embalagens, o que corresponde a uma subida homóloga de 4,4% (mais 48,9 milhões de euros) em termos de valor e um aumento de 1,9% em volume (mais 2,3 milhões de embalagens), respetivamente.
Os dados são da consultora IQVIA, que monitoriza o mercado do medicamento, e a análise é feita pela Associação Portuguesa da Indústria Farmacêutica (Apifarma) no seu ‘Boletim de Conjuntura’ de julho, disponível na página da instituição. Neste relatório é explicado que “o crescimento do mercado, em volume, ficou a dever-se essencialmente ao segmento dos medicamentos genéricos. Já o aumento em valor registou-se nos dois segmentos de mercado, ou seja, medicamentos de marca e medicamentos genéricos”.
Entre janeiro e julho, o encargo médio com cada receita ascendeu a 15,77 euros, com o Estado a assumir cerca de 80% da despesa com remédios.
No que que respeita a junho de 2023, o último mês do ano para o qual existem dados disponíveis, a informação da IQVIA indica ainda que foram dispensadas 22,7 milhões de embalagens de medicamentos pelas farmácias em território nacional, menos 1,8% do que em igual mês de 2022, resultando em vendas de 198,9 milhões de euros, mais 2,1% em termos homólogos. Por sua vez, o preço médio unitário de cada embalagem ficou nos 8,76 euros, o que representa um aumento homólogo de 4%.
SNS paga mais 80% do custo com medicamentos
Como seria de esperar, o mercado comparticipado por verbas do Serviço Nacional de Saúde (SNS) acompanha esta dinâmica de crescimento, representando 81,1% do valor das vendas em ambulatório.
Em maio de 2023 (último mês com dados disponíveis), e de acordo o Centro de Estudos e Avaliação em Saúde (CEFAR) da Associação Nacional de Farmácias, os encargos do Estado com medicamentos vendidos em farmácias continuaram a registar aumentos homólogos em valor e volume, com uma despesa de 141,3 milhões de euros, mais 6,9% do que em maio de 2022, fruto da venda de 16,1 milhões de embalagens comparticipadas, um volume 5,7% acima do número registado em igual mês do anoa passado.
Já, no acumulado de 2023 (janeiro a maio), o custo para o SNS ascendeu a 660,4 milhões de euros, mais 3,8% do que em período idêntico de 2022, o que correspondeu à dispensa de 77,1 milhões de embalagens, mais 4,9%. O preço médio unitário dos medicamentos comparticipados, no acumulado de 2023, foi de 13,17 euros, a que equivale uma redução homóloga de -0,1%.
De acordo com o CEFAR, o encargo médio com cada receita médica foi de 15,77 euros, menos 0,3% que em igual período de 2022.
DIABETES PESA NA DESPESA
Em termos de classes terapêuticas, o ‘top 7’ dos medicamentos mais vendidos em Portugal representou 30,8% do mercado em valor e inclui os fármacos usados no tratamento das doenças crónicas mais comuns, com o primeiro lugar a ser ocupado pela classe dos anticoagulantes orais, com uma quota em 6,5%, seguida dos antidiabéticos orais inibidores da SGLT2 (são utilizados para o tratamento da diabetes tipo 2 por aumentarem a eliminação de glucose na urina), também com 6,5%, e em terceiro lugar surgem os antidepressivos, com 4% de peso no mercado. O boletim da Apifarma refere também que apenas a classe dos analgésicos registou redução homóloga de 11,4% em volume, estando as restantes classes a crescer, quer em volume, quer em valor.
Nos primeiros seis meses do ano, a classe de medicamentos que mais cresceu em valor absoluto foi a dos antidiabéticos orais inibidores da SGLT2, com um aumento de 16,6 milhões de euros. Já a classe que mais contraiu em valor em termos absolutos foi a dos antidiabéticos orais inibidores da DPP-IV (outro tipo de fármacos usados para a diabetes tipo 2) reduzindo em 28,2 milhões de euros, o que resulta “muito” da entrada de genéricos no mercado.
Entre janeiro e junho de 2023, as vendas de medicamentos genéricos, totalizaram 271,8 milhões de euros resultado da dispensa de 51,4 milhões de embalagens, a que equivale a uma variação homóloga de 12,3% e de 6,4%, respetivamente.
CRESCE DÍVIDA DO SNS ÀS FARMACÊUTICAS
De acordo com a monitorização realizada junto das empresas associadas da Apifarma, em junho, a dívida total das entidades públicas (hospitais) à indústria farmacêutica “manteve a dinâmica de crescimento”. Com um aumento de 88,6 milhões de euros (mais 10,1%), face ao mês anterior, a dívida ascendeu aos 967,6 milhões de euros. Já em termos homólogos registou uma redução de 3,4% por comparação com junho de 2022.