Inês Schreck, in Jornal de Notícias
Meia centena de famílias de Gaia vai ser despejada durante os próximos meses. Na maioria dos casos são munícipes, com vários menores a seu cargo, que não pagam a renda há meses nem mostram interesse em regularizar a dívida. Antes de decidir pelos despejos, a Câmara estudou todos os processos, caso a caso. Encontrou ilegalidades, como a ultilização das casas para prostituição e venda de droga, situações de vandalismo, de perturbação da vizinhança e abandono das habitações.
"Todos os despejos resultam de um acumular de factos, de um esgotar de soluções. Estamos a falar de pessoas que mostraram completa indisponibilidade para integrar um projecto de vida e colaborar connosco na resolução dos problemas", explicou, ao JN, Marco António Costa. O vice-presidente da Câmara de Gaia assume-se como o único responsável pelos despejos. Por isso, antecipando a contestação das famílias cujo destino é a rua, vai avisando "Não adianta perseguirem ou intimidarem os técnicos, vão perder tempo".
Para o autarca, "estes despejos são uma questão de justiça. Quem não paga e não mostra interesse em pagar não tem direito a casa". E estes casos são, segundo Marco António Costa, muito fáceis de detectar. "Os que não pagam porque não podem são os primeiros a aparecer e a colaborar connosco na procura de uma solução", assegura. Quando tal acontece, os técnicos propõem à família um plano de vida e a regularização das dívidas. Seis meses depois, o processo volta a ser analisado. Se houver incumprimento, o despejo volta para cima da mesa. Marco António Costa exclui a hipótese de erro na análise dos processos, dada a quantidade de técnicos envolvidos na elaboração e na validação dos relatórios.
A Câmara já está a avançar com os processos, tendo algumas famílias sido notificadas para abandonar as casas em 30 dias. Quem não o fizer será despejado coercivamente pela Polícia em articulação com a GaiaSocial. As famílias com menores estão sinalizadas pela Comissão de Protecção de Crianças e Jovens. Nas 24 freguesias de Gaia há 2566 fogos sociais. Um estudo recente apresentado pelo também presidente da GaiaSocial revelou que cada família custa 209 euros por mês ao município.