16.3.07

Ciganos voltam ao Parque de Nómadas

João Fonseca, in Diário de Notícias

Três das seis famílias ciganas acampadas, desde o início do ano, debaixo de um acesso à ponte-açude de Coimbra, junto à linha férrea, regressam hoje ao Parque de Nómadas (também naquela cidade). Embora inicialmente se recusassem a sair dali enquanto não lhes fossem disponibilizadas habitações, acabaram por aceitar a decisão da câmara.

O acordo foi alcançado ontem, durante uma reunião em que, além das famílias e representantes da autarquia, participaram a PSP, Polícia Municipal, Refer e Estradas de Portugal (EP). Foram garantidas "condições de segurança" aos três agregados (21 pessoas) que abandonaram o Parque de Nómadas na sequência de conflitos com outros moradores, também de etnia cigana, como recorda, ao DN, Fátima Jesus, uma das mulheres que hoje deixará o acampamento.

O jovem casal, cujo filho de dois anos, foi mortalmente atropelado por um comboio, no dia 8, instalar-se-á, também a partir de hoje, em casa de familiares, disse ao DN Luís, pai da criança falecida. A perda do filho é a razão apontada para não voltar ao parque, onde não teria "o apoio da família", de que o casal necessita. É "bom deixar passar algum tempo", explica Paula Alexandre, uma das acampadas que voltará para o Parque de Nómadas.

"O parque é muito melhor que isto", reconhecem as três mulheres dos casais. "Estas barracas não têm nada", assumem.As restantes duas famílias serão, entretanto, notificadas para abandonar o acampamento. Na próxima semana serão desmontadas as barracas, disse ao DN o vereador Jorge Gouveia Monteiro. "Mas nós não sabemos para onde ir", reage Ana Fernandes, sublinhando que tem "uma filha na escola" e não poder, também por isso, ficar longe dali. O local do acampamento será depois requalificado e a Refer admite vedar a linha que liga as estações de Coimbra A e B e onde a criança foi vitimada por um comboio.