Luís Martins, in Jornal de Notícias
Três cooperativas da região vitivinícola das Beiras vão criar uma sociedade anónima para introduzir uma gestão empresarial e profissional na sua actividade. As direcções das adegas de Figueira de Castelo Rodrigo, Vila Franca das Naves (Trancoso) e Covilhã, que na última campanha produziram cerca de 24 milhões de litros de vinho, assumiram, ontem, que essa será a solução para sobreviverem e comprometeram-se a associar-se para aumentar serem competitivas.
O plano de negócios, elaborado por uma empresa do grupo Crédito Agrícola, foi apresentado em Figueira de Castelo Rodrigo a produtores, autarcas e empresários, mas a última palavra cabe aos sócios nas respectivas Assembleias Gerais, agendadas para as próximas semanas. O documento, elogiado pelos presentes, propõe um capital social de 1,1 milhões de euros, repartido em partes iguais pelas fundadoras (51%) e investidores privados (49%). Já a empresa ficará responsável pelas funções comercial, financeira, administrativa e as operações.
"A sua missão é inovar e ser competitiva, desenvolvendo os vinhos necessários para responder à evolução do mercado", aponta o estudo. "Mantém-se a relação com os associados, mas profissionalizam-se as componentes mais sujeitas ao mercado para serem mais competitivas", lê-se ainda, pois trata-se de aumentar as vendas no engarrafado, onde há mais valor acrescentado, e baixar no granel, cujo preço e escoamento não controlam. Por isso, os sócios serão desafiados a produzir com mais qualidade e remunerados a tempo e horas pela matéria-prima entregue. "Este modelo pode libertar quatro milhões de euros de excedentes de tesouraria, o que permitirá pagar 48% da dívida actual destas cooperativas e antecipar pagamentos aos associados em 10 meses", garante o documento. E aponta o dia 1 de Junho como "data limite" para a empresa estar a funcionar, de forma a poder preparar a próxima campanha.
O exemplo a seguir é o do sector do leite, cujas principais cooperativas se associaram com êxito, referiu o secretário de Estado da Agricultura. Luís Vieira afirmou que o "modelo das adegas já não funciona" e que é preciso agora acrescentar produtividade num sector responsável por 52% dos sete milhões de hectolitros produzidos anualmente em Portugal.