31.10.07

AIP preocupada com "avanços modestos" da economia portuguesa e défice no emprego

in Jornal Público

Associação promete novas propostas para potenciar a competitividade das empresas nacionais


A economia portuguesa continua a apresentar ritmos de crescimento económico e de criação de emprego "bastante modestos", afirmou ontem o presidente da Associação Industrial Portuguesa (AIP), na apresentação do Relatório da Competitividade 2007. Jorge Rocha de Matos salientou que, no período 2000-2006, o crescimento médio anual do PIB português foi de apenas 1,3 por cento e o ritmo de crescimento do emprego foi de 0,7 por cento ao ano, abaixo da média da União Europeia (UE) e da zona euro. O presidente da AIP salientou que, em 2006, o PIB por habitante português era o mais baixo da UE a 15 (anterior ao largamento), ficando em 67 por cento da média dos 15 em paridades de poder de compra (PPC). António Alfaiate, administrador executivo da AIP, recordou que aquela associação lançou, em 2003, a Carta Magna da Competitividade, enunciando os objectivos e propostas de medidas prioritárias para colocar Portugal entre os 10 países mais competitivos da UE num horizonte de 10 anos, e a partir daí publica anualmente o Relatório de Competitividade.

O responsável observou que este é o quinto Relatório de Competitividade que a AIP publica, analisando a evolução desde 2003 dos indicadores de natureza estrutural seleccionados, e anunciou que será feito um relatório de progressos até ao fim do primeiro semestre de 2008, com propostas para potenciar a competitividade das empresas portuguesas.

Rocha de Matos destacou que a proporção de jovens que completam o ensino secundário e superior tem aumentado a ritmos bastante aquém do necessário, continuando Portugal a apresentar a mais baixa taxa de ensino secundário completo dos países comparados no relatório.

O presidente da AIP acrescentou que as taxas de abandono escolar e os baixos níveis de formação ao longo da vida indicam que "a capacidade de melhoria das competências da população activa portuguesa se mantém extremamente débil e pouco adequada ao desafio da inovação e da competitividade".

O presidente da AIP assinalou que Portugal "apresenta uma posição relativamente baixa" a nível da UE em disponibilidade e utilização das tecnologias da informação e comunicação (TIC), quanto a níveis de acesso à Internet e utilização de banda larga por pequenas empresas e particulares, apenas com referência positiva em relação ao governo electrónico.

Os preços da energia - "elemento fundamental na estrutura de custos das empresas", que em Portugal "continuam elevados no contexto europeu" - foram também criticados por Rocha de Matos, que disse que os custos unitários de trabalho continuam a crescer acima da média da zona euro, embora a ritmo mais lento.

O presidente da associação apontou como objectivo actual colocar Portugal até 2019 no grupo dos países mais competitivos e atractivos da União Europeia. Para lá chegar deve haver uma estratégia que conjugue os desafios e vantagens decorrentes da participação de Portugal na UE com as oportunidades que podem resultar do desenvolvimento das relações extracomunitárias. Lusa