31.10.07

Bispo preocupado com nível de pobreza

Carla Soares, in Jornal de Notícias

Bispo do Porto, D. Manuel Clemente, lembra que a promoção social não é desafio exclusivo da igreja


Para que a memória não se perca e para que o trabalho feito ajude a definir a estratégia futura. A ideia serviu ao bispo do Porto para justificar o lançamento do livro sobre os 40 anos da obra diocesana no domínio da promoção social. No centro das preocupações, os idosos cada vez mais sós, as crianças sem acompanhamento e os desempregados, numa altura em que os níveis de pobreza do distrito fazem notícia.

Questionado sobre o porquê do lançamento do livro, o bispo D. Manuel Clemente respondeu de forma breve "Porque é memória". E esta memória, explicou, "perder-se-ia", bem como a identidade de todo um trabalho, se o balanço não fosse feito.

"Já passou muito tempo, muito trabalho, são muitas vidas. Se não se fizesse agora esta obra corríamos o risco de se perder", continuou o bispo do Porto. Em suma, conclui D. Manuel Clemente, "já há muita história vivida. Era altura de ser contada". Até porque, argumentou aos jornalistas, ela explica o de que mal correu no passado e pode ajudar a definir a melhor forma de actuar "no presente e no futuro".

Questionado sobre qual o maior problema social do Porto, o bispo do Porto respondeu que "são muitos". Mas destacou, entre as prioridades, as crianças e jovens cujos pais estão empregados e cujas escolas "só por si não fazem o acompanhamento" necessário. Situação que se agrava para aquelas que não estão em idade escolar.

No "outro extremo da existência", falou dos idosos , cujo desafio em termos de qualificação de vida é crescente, dado o envelhecimento da população. "É um problema cada vez maior", disse. Associada a esta questão está a da pobreza. Perante os níveis preocupantes do distrito, o bispo destacou a pobreza "ligada à falta de emprego ou de condições de emprego, mas também ao envelhecimento". "Hoje em dia as pessoas estão cada vez mais sós e dependentes", recordou.

D. Manuel Clemente defendeu ser este um desafio não apenas da igreja, mas da sociedade em geral, do Estado e autarquias.