José Sá Reis, in O Primeiro de Janeiro
O ministro do Trabalho e da Solidariedade Social almoçou ontem nas instalações da Delegação Norte da AMI, na Rua da Lomba, no Porto. A ocasião serviu para conhecer a realidade da instituição e contactar com os utentes que por lá passam, todos os dias.
O ministro era esperado para almoçar, mas muitos começaram antes mesmo da sua chegada. Aliás, todos os dias, cerca de 240 refeições (almoços e jantares) são servidas pela Delegação Norte da Fundação AMI e Centro de Acolhimento Temporário da Porta Amiga, no Porto, a pessoas com graves carências económicas e alimentares, residentes na cidade do Porto. “São cerca de 120 almoços e 120 jantares diários neste centro de acolhimento [do Porto], mas a nível nacional servimos mais de 1000 refeições por dia”, destaca Fernando Nobre, presidente da AMI Portugal, sustentando que, “para muitos, esta é a única porta que se abre” para os ajudar a combater a miséria, visível, por exemplo, na fachada de muitas casas que são vizinhas da instituição social.
A visita do Ministro do Trabalho e da Solidariedade Social, Vieira da Silva, à zona Norte do país serviu, primeiro, para dar mais um passo na divulgação do novo Programa de Conforto Habitacional para as Pessoas Idosas (PCHPI), um programa do Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social, apresentado durante esta semana no município de Gouveia, e pretende prevenir a dependência e institucionalização de pessoas idosas, através da qualificação habitacional das residências que lhes serve, ainda, de moradia – muitas dessas casas estão em considerável estado de deterioração, e este novo programa vai permitir que os idosos, depois de feitas todas as obras para melhoria das condições de habitabilidade, possam continuar nas suas casas e usufruir do apoio domiciliário especializado. “Estivemos durante a manhã em Mirandela a apresentar mais em pormenor qual o objectivo central deste novo projecto governamental e decidimos vir conhecer, depois, a realidade dos nossos centros de acolhimento da AMI”.
Contra a exclusão
Vieira da Silva destacou que a visita de ontem se insere, paralelamente, “numa visita nacional a todas as delegações da AMI existentes no país”, uma organização que é “parceira do Ministério da Solidariedade Social há muitos anos” e que, juntos, têm vindo a criar um elo consistente na luta contra exclusão social. “Este é um esforço que temos de fazer [contra a exclusão], e implica uma grande eficiência nas respostas a dar”, destaca o ministro, sustentando que “a AMI tem sabido responder eficazmente aos pedidos recebidos”.
De futuro, e apesar de “já existirem instituições sociais que trabalham em rede”, a ideia central de Vieira da Silva passa por reforçar “esse funcionamento em rede, com a necessidade de uma maior articulação entre as instituições”.
“É necessário encarar as instituições através do comportamento individualizado [de cada utente], as suas carências e os seus desejos, mas trabalhando e envolvendo o próprio corpo da instituição”. Para o ministro, o trabalho que a AMI tem desenvolvido é “sinónimo da forma perfeita como deve trabalhar cada instituição”, feito “com grande profissionalismo”.
Fernando Nobre destaca que “todo o trabalho da AMI se tem centrado na abordagem dos excluídos e encaminhamento dos mesmos para os serviços que os podem ajudar”, destacando, como elemento central para este trabalho, “o apoio financeiro e social do Ministério”.