22.10.07

Plano Nacional de Leitura com balanço positivo

Bárbara Wong, in Jornal Público
Falta comunicação entre o projecto e as escolas. A comissária Isabel Alçada quer voluntários a trabalhar com crianças


O balanço do primeiro ano de Plano Nacional de Leitura (PNL) foi feito no final de Maio e "foi positivo". Mais crianças do pré-escolar, 1.º e 2.º ciclos envolvidas em actividades de leitura, mais projectos de promoção da leitura em bibliotecas públicas e escolares, protocolos com fundações e associações... Agora é tempo de falar de avaliação e perceber o que está a mudar nos hábitos de leitura dos portugueses em geral e dos alunos em particular. É também tempo de avaliar o próprio projecto. Hoje e amanhã, na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, vai discutir-se a Leitura em Portugal: desenvolvimento e avaliação.

Os ecos da avaliação externa do PNL são "positivos", declara Isabel Alçada, comissária do Plano Nacional de Leitura, um programa tutelado pelos ministérios da Educação, da Cultura e dos Assuntos Parlamentares. "A avaliação é francamente positiva, mas temos de melhorar a comunicação com as escolas e bibliotecas. Temos de trabalhar mais em conjunto e numa comunicação em tempo real", admite.

Desde o início do PNL, que se tem procurado trabalhar com base numa "rede sólida de análise dos projectos", ou seja, a comissão partiu da premissa que os portugueses lêem pouco e procurou "identificar o que já tinha sido estudado e avaliado e aplicar projectos que já tivessem dado resultados seguros", conta Isabel Alçada, professora do ensino superior e autora de livros para um público infantil e juvenil.

Os resultados mais visíveis do PNL foram o "envolvimento" de professores e famílias, mas também de outros parceiros como as autarquias e as fundações. "Há um ambiente social muito receptivo à ideia da leitura", analisa.

O público-alvo do PNL "são todos os cidadãos portugueses", mas o plano tem privilegiado os estudantes, sobretudo os mais novos. "Quanto mais cedo adquirirem competências de leitura, maior é a eficácia nas suas vidas, porque ler não é só para a escola, mas para toda a vida", diz Isabel Alçada.

Uma das faces mais visíveis do PNL são as listas de livros para cada idade e os selos com o logótipo "Ler +" colados nas capas dos livros. A escolha das obras, que estão nas listas, disponíveis na Internet, é feita por uma comissão que analisa se os livros contêm erros e indicam títulos que possam ter interesse para cada ano de escolaridade e com diferentes graus de dificuldade.

O PNL apoia financeiramente as escolas na compra dos livros, mas não indica quais os que devem ser comprados. "O professor trabalha melhor com os livros que o encantam. Somos contra cânones ou imposições, mas damos os instrumentos de apoio", afirma a comissária.

Até agora, o PNL tem-se revelado um programa "económico", pois tem tido diversos apoios, congratula-se Isabel Alçada. A próxima aposta é no firmar acordos com organizações da sociedade civil que promovam o voluntariado. "Gostaríamos que na área da leitura surgissem projectos, por exemplo, de tutoria de leitura ou de acompanhamento de grupos de crianças nas bibliotecas por voluntários, como acontece noutros países", sugere.

Através da avaliação já feita é possível afirmar que "houve uma evolução", mas ainda há muito caminho a percorrer. "Nos próximos dez anos temos de continuar a avançar o mais rápido que nos for possível", conclui.