2.2.09

Davos avisa para crise social "dramática"

in Jornal de Notícias

Quando se reunirem em Londres em Abril, os líderes do G20, os países mais industrializados do mundo, devem levar para cima da mesa propostas conjuntas e imediatas para superar a crise económica que, além de ser a mais grave desde os anos 30, é também a primeira realmente global, apelou o Fórum Económico Mundial, que terminou em Davos.

A necessidade de agir de imediato foi realçada no plenário de encerramento, quando os líderes traçaram uma imagem negra da economia, em que a "dor do desemprego crescente, falências e pobreza só agora começa a ser sentida", lê-se no texto final. "O tempo para palavras acabou, este é o tempo para implementação e acção", disse Maria Ramos, número dois na organização do fórum deste ano. Se nada for feito, avisa, "teremos que líder com um desassossego social que será absolutamente dramático".

As palavras ouvidas em Davos ganharam, assim, significados mais próximos aos que por norma se ouvem do outro lado do globo, no Brasil, onde o Fórum Social Mundial faz o contraponto ao discurso económico. Apesar de só uma centena das 2500 actividades ter estado relacionada com a crise económica, Martí Olivello, membro do Conselho Internacional do Fórum, reconheceu: "O barco está a afundar, temos que fazer alguma coisa, não pode esperar".

Por isso, propôs a realização de um fórum temático para discutir a crise internacional, a ter lugar nos Estados Unidos - uma tarefa dificultada pela política de concessão de vistos norte-americana, que nega entrada no país a "muitos cidadãos do mundo como Oriente Médio ou Cuba, disse.

Presente em Belém, o sociólogo português Boaventura Sousa Santos acredita que hoje está demonstrado que o Fórum "tinha razão" nos avisos quanto à orientação da economia mundial e apelou à reorganização do Estado.