Alexandra Figueira, in Jornal de Notícias
2008 terminou com uma taxa inferior à de 2007, mas nãoé essa a tendência actual. A falta de trabalho agravou-seno final do ano passado e 2009 deverá ser ainda pior
No final de 2008, mais de meio milhão de pessoas queria trabalhar, mas não tinha colocação no mercado de trabalho. É o que se chama de desemprego real, maior do que o oficial esta terça-feira divulgado, de 7,8%.
O global do ano de 2008 fechou com 427,1 mil pessoas desempregadas, o que dá uma taxa de 7,6%, menor do que em 2007, mas a média anual esconde a evolução ao longo dos meses. É que se no Verão o desemprego baixou, os meses de Outono e Inverno viram-no subir. E o último trimestre do ano terminou com 437,6 mil desempregados, uma taxa de 7,8%.
A estas pessoas, podem somar-se outras 70,5 mil que o Instituto Nacional de Estatística classifica como "desencorajados disponíveis", ou seja, disponíveis para trabalhar mas que, por alguma razão, não fizeram diligências para isso nos três meses anteriores ao inquérito - um requisito obrigatório para que as estatísticas oficiais considerem haver desemprego.
Havia, mesmo, quase 29 mil pessoas que queriam trabalhar mas nem procuravam trabalho porque pensavam não ter a idade e instrução ajustadas, ou porque diziam não saber como procurar, não valer a pena ou, porque, simplesmente, acreditavam que não teriam lugar no mercado de trabalho. No total, entre Outubro e Dezembro do ano passado, já em plena crise, eram mais de 500 mil as pessoas que queriam trabalhar, mas não tinham emprego.
Nos últimos três meses do ano, adianta ainda o INE, podiam contar-se 66 mil outras pessoas que queriam trabalhar a tempo inteiro, mas que só conseguiam encontrar emprego a tempo parcial, o chamado "part time".
Estes números mostram um outro lado do mercado de trabalho português, mas as estatísticas oficiais vão dizer que 2008 fechou com ainda menos desemprego do que o ano anterior - 7,6%, contra 8% em 2007.
A evolução deixou o primeiro-ministro, José Sócrates, optimista. "Estes números são melhores do que se esperava" e "dão mais estímulo, força e energia para prosseguir a luta para melhorar as condições de emprego", disse, no final de uma visita às obras da Barragem do Sabor, em Bragança. Apesar disso, reconheceu: "Vamos ter muitas dificuldades este ano com a questão do emprego".