Gina Pereira, in Jornal de Notícias
Concurso "A nossa escola pela não violência" envolveu mais de 250 escolas e cinco mil alunos de todo o país
Leram e pesquisaram na Internet, falaram com investigadores e com vítimas, entrevistaram polícias e técnicos e desenvolveram vários projectos de prevenção da violência no namoro. Os alunos estão mais alerta para este problema.
O desafio de pôr as escolas a trabalhar sobre uma realidade "preocupante e cada vez mais emergente" - um estudo da Universidade do Minho indica que 25% dos jovens portugueses entre os 15 e os 25 anos já tiveram, alguma vez, uma experiência de violência no namoro - foi lançado em Dezembro pela Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género (CIG) e pela Direcção-Geral de Inovação e Desenvolvimento Curricular do Ministério da Educação. E a adesão, segundo Elza Pais, presidente da CIG, superou as expectativas: participaram mais de 250 escolas de todo o país, com mais de mil peças, concebidas por mais de 5000 alunos.
Distribuído por cinco categorias - vídeo, cartazes e posters, tecnologias de informação e comunicação, eventos e melhor projecto global - o concurso "A nossa escola pela não violência" destinou-se a alunos do 3º ciclo e do Secundário. Ontem à tarde, nas instalações do Instituto Português da Juventude, no Parque das Nações, em Lisboa, foram entregues os prémios (cheques de 2500 e 5000 euros) aos dois melhores projectos de cada categoria e atribuídas ainda cinco menções honrosas, face à "qualidade dos projectos apresentados".
Mariana Francisco, 15 anos, pertence ao grupo da Escola Básica 2/3 Inês de Castro, em Coimbra, que ganhou o melhor projecto global de 3º ciclo. Diz que este trabalho permitiu que os alunos se informassem sobre um problema "crescente" na sociedade portuguesa e espera que as acções que levaram a cabo - como a elaboração de uma curta-metragem, a distribuição de flores com mensagens, a redacção de um jornal e de panfletos e a criação de um blogue - tenham contribuído para "sensibilizar a população em geral" para esta realidade.
Na escola, já teve conhecimento de colegas vítimas de namorados ciumentos que as perseguiam para todo o lado. "Às vezes é um problema de cultura e de falta de informação. Por gostarem muito do outro, não conseguem ver que o que lhes está a acontecer é mau".
Ana Rita, 20 anos, não participou em nenhum dos trabalhos mas acompanhou ontem o namorado, aluno do 11º ano do Centro de Educação e Desenvolvimento do colégio Maria Pia, em Lisboa, que ganhou o prémio de melhor cartaz. Ana Rita louva a iniciativa, "para que os jovens se apercebam da realidade", e lamenta que entre as vítimas haja quem ainda se culpe pela violência de que é alvo. Elza Pais disse ao JN que o concurso deve manter-se, caso esta temática passe a integrar as acções de promoção para a saúde.