12.11.09

Aumentos salariais no próximo ano podem ser os mais baixos da década

Por José Manuel Rocha, in Público Última Hora

O ministro da Economia defendeu, ontem, que uma actualização de salários de 1,5 por cento, no próximo ano, poderá não ser "sustentável". A confirmar-se, em 2010, um aumento médio das remunerações dentro da baliza definida por Vieira da Silva, estar-se-á perante o mais baixo nível de incremento salarial da década.

Nos últimos nove anos, os aumentos salariais médios apurados pela Direcção-Geral do Emprego e das Relações de Trabalho (DGERT) variaram entre os 2,7 por cento (2005 e 2006) e os 4,0 por cento, precisamente em 2001. No ano passado, o crescimento médio dos ordenados foi de 3,1 por cento, mais uma décima percentual do que o apurado para os primeiros seis meses deste ano.

Os dados da DGERT são calculados a partir das condições de trabalho definidas na contratação colectiva dos diversos sectores de actividade, tomando em consideração o número de meses que essas convenções laborais vão vigorar.

"Não será sustentável seguirmos políticas de rendimentos e políticas salariais desajustadas do ciclo económico em que vivemos, pois não vejo como é possível que a riqueza seja distribuída se não for criada consistentemente", disse ontem o ministro à saída de um encontro para assinalar o Dia da Competitividade.

Vieira da Silva referiu ainda a necessidade de se encontrar "um equilíbrio concertado" em termos de aumentos salariais, uma vez que o tecido empresarial é composto por diferentes sectores de actividade económica.

O contexto para os aumentos salariais é também condicionado pelos números da inflação que têm vindo a registar evoluções negativas sucessivas nos últimos meses. Em Outubro, a variação mensal do índice foi nula, mas em comparação com o mesmo mês do ano passado, foi de -1,5 por cento. A variação média dos últimos 12 meses fixou-se em -0,6 por cento, contra -0,3 por cento em Setembro.No entanto, garantiu não partilhar "a ideia de que exista um padrão único ou um indicador que deva ser seguido de forma absoluta por todos os sectores económicos", sublinhou.

O ministro reconhece que "há diferenças nos sectores económicos, nomeadamente aqueles que sofreram de forma distinta, embora todos tenham sofrido um impacto da crise internacional, mas temos que, se possível, concertadamente encontrar um equilíbrio adequado às empresas e aos trabalhadores".