11.11.09

Crescimento da população em Portugal está muito dependente da imigração

in Jornal Público

O crescimento efectivo da população em Portugal "está muito dependente da imigração" e a pequena subida registada em 2008 face a 2007 relaciona-se com o abrandamento do número de estrangeiros residentes, defendeu hoje o demógrafo Mário Bandeira.
O Instituto Nacional de Estatística (INE) divulgou hoje indicadores demográficos a apontar que a população residente em Portugal registou um novo abrandamento do crescimento em 2008 com uma taxa de crescimento efectivo 0,09 por cento, depois dos 0,17 por cento em 2007.

No ano passado, o número de nascimentos atingiu 104.594 contra 102.492 em 2007, enquanto as mortes foram 104.280, situação que se traduz num saldo natural de 314 e uma taxa de crescimento natural praticamente nula.

"No crescimento natural, a diferença será muito pequena e no crescimento efectivo a diferença tem a ver com o abrandamento da imigração", disse à agência Lusa Mário Leston Bandeira.

"O nosso crescimento está muito dependente da imigração", frisou.

Quanto ao número de nascimentos, não se confirmou a possibilidade de, no ano passado, a fasquia ter descido abaixo dos 100 mil.

"Tinha havido notícias que o teste dos pézinhos dava a entender que, em 2008, íamos ter pela primeira vez menos de 100 mil nascimentos, o que não se confirmou", referiu o demógrafo.

Quanto à interpretação da evolução registada, "num espaço de tempo tão curto é muito difícil tirar ilacções", pois "são pequenas variações conjunturais que não têm muito significado", mantendo-se "a tendência de baixa natalidade", referiu.

A fecundidade de 1,37 crianças por mulher é uma ligeira subida face aos 1,33 de 2007, que "não é significativa", apontou Mário Bandeira.

Na opinião do especialista, "2009 deverá ser pior que 2008 e 2010 pior que 2009", já que "o período de crise, instabilidade e desemprego afectará as decisões de muitos casais".

"Haverá uma contenção maior, o que provavelmente se traduzirá numa descida da natalidade", previu.