in Jornal de Notícias
Os portugueses apontam a orientação sexual como o principal factor de discriminação no país, à frente da origem étnica e da deficiência.
Dados de um inquérito hoje divulgado em Bruxelas pela Comissão Europeia. O "Eurobarómetro" de 2009 sobre "Discriminação na União Europeia" revela que 58 por cento dos portugueses consideram "comum" no país a discriminação em função orientação sexual, enquanto, em média, os europeus apontam-na apenas como o quarto tipo mais comum de discriminação.
A discriminação devido à origem étnica e a deficiência é também considerada "comum" pela maioria dos portugueses, surgindo como os mais importantes tipos de discriminação em Portugal imediatamente a seguir à orientação sexual (57 por cento em ambos os casos).
Uma maioria dos portugueses, 53 por cento, considera que a idade é também um factor "comum" de discriminação no país, enquanto somente cerca de um terço considera o sexo e a religião ou crenças como factores de discriminação (35 e 27 por cento, respectivamente).
No conjunto da União Europeia (UE), 61 por cento dos inquiridos apontam a origem étnica como factor comum de discriminação, seguindo-se a idade (58), deficiência (53), orientação sexual (47), sexo (40) e religião ou crenças (39).
Por outro lado, 13 por cento dos portugueses inquiridos afirmam ter-se sentido pessoalmente discriminados ou assediados, devido a qualquer dos factores de discriminação, ao longo do último ano, um valor ligeiramente inferior ao da média da UE, de 16 por cento.
Apenas um em cada quatro portugueses (24 por cento) admite conhecer os seus direitos se for vítima de discriminação ou assédio, sendo este o terceiro valor mais baixo da UE (a par da Polónia e apenas à frente da Bulgária, 21 por cento, e Áustria, 16 por cento), sendo a média comunitária de 33 por cento.
Comentando os resultados do "Eurobarómetro", o comissário europeu responsável pela Igualdade de Oportunidades, Vladimir Spidla, considerou que, "apesar dos progressos alcançados", existe ainda "um longo caminho a percorrer", sobretudo no sentido de "sensibilizar as pessoas para os seus direitos em matéria de igualdade de tratamento, em particular a nível nacional, e garantir que a igualdade não seja apenas uma frase vazia, mas possa tornar-se uma realidade".
O inquérito foi realizado entre 25 de Maio e 17 de Junho deste ano, tendo em Portugal sido entrevistadas 1020 pessoas pela TNS Euroteste.