Por Paulo Miguel Madeira, in Jornal Público
Apenas nove por cento dos empresários têm uma licenciatura, ou seja, metade da média dos trabalhadores, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística
A formação escolar dos empregadores portugueses é substancialmente inferior à da população empregada, e também à dos seus colegas espanhóis e à da média dos empregadores dos 27 Estados-membros da União Europeia, segundo dados relativos a 2008.
As qualificações dos empregadores nacionais - que coincide com a denominação de empresários ou patrões - perdem para as da população empregada (vulgarmente designada por "trabalhadores") em todas as categorias consideradas pelo Instituto Nacional de Estatística de Portugal e pelo de Espanha, que divulgaram ontem a publicação A Península Ibérica em Números - 2009, onde constam estes dados.
Entre os empregados, 65 por cento tinham como nível de instrução o ensino primário ou o secundário inferior (o que se pode considerar como baixas qualificações), 16 por cento tinham o secundário superior e 18 por cento o ensino superior, contra respectivamente 81 por cento, dez por cento e nove por cento entre os patrões. Nesta diferença, pode pesar o efeito de um eventual maior peso dos trabalhadores independentes, como os empresários em nome individual, no mercado de trabalho nacional.
As qualificações escolares dos trabalhadores portugueses, por seu lado, são substancialmente inferiores às dos espanhóis, entre os quais 37 por cento tinham formação superior - valor que superava a média da UE, situada nos 29 por cento. No entanto, em Espanha havia um peso mais elevado de trabalhadores com o primário e secundário inferior (40 por cento) do que na UE (21 por cento).
Os empregadores espanhóis tinham entre si 28 por cento de pessoas com formação superior, face a 27 por cento na UE. E, também neste caso, o peso dos menos qualificados era quase o dobro do que na média da UE.
Em 2008, o programa Novas Oportunidades já estava no terreno, mas os seus efeitos ainda pouco se deveriam fazer sentir em termos de médias.
Estes dados não são novos, mas o INE apresentou-os ontem de uma forma sistematizada que facilita a sua comparação.
Recentemente, o Governo lançou um incentivo para que os empresários frequentem acções de formação profissional. Os que as concluírem poderão ter prioridade no acesso a programas destinados a Micro e Pequenas e Médias Empresas (PME), de acordo com a portaria publicada na segunda-feira em Diário da República. A iniciativa Formação para Empresários irá abranger cerca de 5 mil formandos.