Teresa Cardoso, in Jornal de Notícias
A Cáritas Diocesana de Viseu encerrou a sua participação no Ano Europeu do Combate à Pobreza e à Exclusão Social com uma mensagem dirigida a toda a comunidade, incluindo os beneficiários de apoios sociais, de estímulo ao seu envolvimento numa causa comum.
"O grande desafio que se coloca aos técnicos sociais em 2011, ano em que se esperam novas dificuldades, é a capacidade de motivar, envolver e co-responsabilizar todas as pessoas na luta contra a pobreza e a exclusão. Incluindo, de uma forma proactiva, os próprios interessados", declarou esta semana António Ramalho, sociólogo da Cáritas Diocesana de Viseu, à margem do seminário "Debater para envolver" que encerrou, nesta cidade, a participação desta instituição no Ano Europeu do Combate à Pobreza e à Exclusão Social.
Há mais de uma década ligado a vários projectos sociais da Cáritas, António Ramalho sabe do que fala quando avisa que "a sociedade não pode continuar à espera do subsídio, do apoio social ou que as coisas aconteçam sem fazermos nada por isso".
Exemplo da importância do envolvimento dos cidadãos nas iniciativas que lhes dizem respeito, é o que está a acontecer com a comunidade cigana, no centro comunitário do bairro social de Paradinha (Viseu). Um documentário sobre esta comunidade, realizado em parceria pela Cáritas e Segurança Social e apresentado durante o seminário, confirma o envolvimento de crianças, jovens e adultos, em inúmeras actividades formativas, lúdicas e culturais.
"Este envolvimento tem ganhos já visíveis na redução dos casos de abandono escolar e na inserção no mundo do trabalho", explica aquele técnico, que defende a participação dos interessados em todas as acções. "Temos vindo a realizar sessões, uma das quais sobre micro-crédito, em que sentimos a alegria das pessoas por estarem a ser mobilizadas e chamadas a agir".
Partilhar responsabilidades
"A grande conclusão que podemos retirar deste Ano Europeu do Combate à Pobreza e à Exclusão Social é que temos de apostar na responsabilidade partilhada. Há uma responsabilidade do Estado, seja o Estado Central ou as Autarquias, há uma responsabilidade protocolada com entidades, mas, depois, terá de haver também uma responsabilidade dos cidadãos", corrobora Miguel Ginestal, governador civil de Viseu.
O presidente da Cáritas, José Borges, mostra-se optimista quanto ao próximo ano, apesar de admitir ser expectável o aumento de pedidos de ajuda em 2011. "Já este ano aumentámos 41% a nossa acção relativamente a 2009. Estamos preparados. Mas contamos com todos nesta missão".