2.12.10

Pobreza atinge quase metade das crianças dos grandes centros urbanos

por Kátia Catulo,in iInformação

Na maioria dos distritos de Lisboa, Setúbal, Coimbra, Porto e Faro, a pobreza duplicou nos últimos três a cinco anos


A pobreza nas escolas públicas é como uma doença que alastra e não dá sinais de recuar. Seja no distrito de Lisboa, de Coimbra ou de Faro, a população escolar carenciada a frequentar o 1.o ciclo e os jardins-de-infância representa na maioria dos casos quase metade dos alunos entre os três e os dez anos.

O i pediu a todas as câmaras municipais dos distritos de Lisboa, Setúbal, Coimbra, Faro e Porto os dados sobre acção social escolar. A maioria das autarquias respondeu, permitindo fazer uma análise detalhada da dimensão da pobreza em 42 cidades.

Antes de conhecer a realidade dos grandes centros urbanos do país, é preciso ter em conta que só têm direito a acção social escolar as famílias que ganham salários até 209,61 euros brutos (escalão A) e os que têm rendimentos inferiores a a 419,22 euros (escalão B). São os pais destas crianças que recebem comparticipações a 100% ou a 50% nas despesas com os livros, a alimentação ou o transporte escolares. E é essa a população que representa quase metade dos alunos inscritos na rede pública do pré-escolar e 1.o ciclo nos cinco distritos e que cresce todos os anos.

Quatro em cada dez crianças são pobres na maioria das cidades de Lisboa. Seis em cada dez alunos das escolas da Amadora vêm de famílias pobres. Na capital, a pobreza atinge este ano 49% das crianças inscritas nas escolas primárias e na rede do pré-escolar. A fome também cresce todos os anos no distrito de Coimbra, que vê a população a diminuir e o número de crianças carenciadas a aumentar.

A pobreza nas escolas públicas é ainda mais extrema já que, em quase todos os distritos, o escalão A representa mais de metade da população carenciada. Em Silves (Algarve) são 59% dos beneficiários de acção social, no Barreiro, representam 65,9% dos pobres, em Gondomar 58,4% dos apoiados pelos Estado e em Lisboa, os 5421 alunos atingem 59% dos alunos carenciados. A escola pública é cada vez mais o lugar dos alunos que não têm mais para onde ir.