in RTP
Livro apresentado hoje aborda as desigualdades Sociais 2010
Um estudo do Observatório das Desigualdades do ISCTE revela que mais de 500 mil trabalhadores portugueses estão em risco de pobreza. Esta é uma das principais conclusões do estudo que esta tarde será apresentado no Auditório Afonso de Barros, no ISCTE-IUL, Ala Autónoma, no livro “Desigualdades Sociais 2010. Estudos e Indicadores”.Meio milhão de portugueses em risco de pobreza
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O estudo que hoje será divulgado em forma de livro pelo Observatório das Desigualdades do ISCTE, com apresentação de Jorge Sampaio e Diogo Freitas do Amaral, alerta para os mais de 500 mil trabalhadores que estão bem perto de atingirem o limiar da pobreza, mas também para o facto de quase um quarto dos menores de 18 anos viver em situação de pobreza.
O livro «Desigualdades Sociais 2010. Estudos e Indicadores», coordenado por Renato Miguel do Carmo, revela ainda que Portugal é um dos países da Europa em que mais se nota a disparidade da distribuição de rendimentos.
Para os autores do estudo, o desemprego é actualmente a questão central que Portugal enfrenta porque há o sério risco de contribuir para uma sociedade mais desigual e de agravar os problemas estruturais de país.
No estudo é ainda revelado que o rendimento e a escolarização dos trabalhadores portugueses estão muito aquém da média da União Europeia e a situação tornou-se um ciclo vicioso que leva à pobreza já que "a distância que Portugal tem em relação a outros países é muito grande".
O coordenador do projecto revelou em declarações á agência Lusa que "Portugal sempre se caracterizou por ter salários baixos e, portanto, ter um contrato de trabalho estável não quer dizer que tenha um rendimento razoável. Há muita gente empregada em situação de pobreza".
Os baixos salários e a diminuta escolaridade dos portugueses são ainda, segundo Renato Miguel do Carmo, "os dois grandes motores das desigualdades em Portugal" e "um ciclo vicioso que tem repercussões ao nível da pobreza, do desemprego, da mobilidade social e o que nós queremos é chamar a atenção para este carácter de permanência das desigualdades".
O Observatório das Desigualdades revela ainda na apresentação do livro que este teve “como princípio orientador o equilíbrio entre a necessidade de, por um lado, promover uma divulgação mais alargada de informação estatística relevante e de, por outro lado, integrar um conjunto de contributos diversificados que, a partir de investigações realizadas ou em curso, desenvolvam análises mais pormenorizadas sobre diferentes sectores da sociedade”.
Os dados revelados referem-se a informação disponibilizada recentemente pelos diversos institutos e organizações nacionais e internacionais e que as “cinco áreas temáticas abordadas revelam precisamente esse carácter multidimensional das desigualdades: disparidades de rendimento, pobreza, emprego e desemprego, educação e saúde”.
A maior parte dos contributos refere-se a investigação desenvolvida nos três centros que formam o Observatório das Desigualdades e focam temáticas tão diferenciadas como a pobreza, a educação (em vários ciclos de ensino), a saúde, a precariedade, o desemprego, a imigração, os territórios (incidindo sobre diferentes escalas), as diferenças de género, as classes sociais, etc.