No terceiro trimestre de 2022 Portugal viu o rendimento real das famílias per capita recuar de novo. O País ainda não alcançou os níveis pré-pandemia neste indicador, segundo a OCDE
O rendimento real das famílias per capita caiu pelo segundo trimestre consecutivo em Portugal no período de julho a outubro de 2022, de acordo com dados da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), divulgados esta quarta-feira, 8 de fevereiro.
A organização recorda que este indicador mantém-se, em Portugal, ainda abaixo dos níveis pré-pandemia da covid-19, principalmente devido à recuperação lenta dos rendimentos.
Os rendimentos reais das famílias per capita recuaram 3,01%, no terceiro trimestre de 2022 face ao anterior, depois de, no segundo trimestre, ter-se registado uma queda em cadeia de 2,16%.
No conjunto dos 21 países da OCDE para os quais há dados, houve, pelo contrário, um aumento de 0,2% no rendimento real per capita no terceiro trimestre, naquele que é “o primeiro aumento no rendimento real das famílias desde o primeiro trimestre de 2021”, segundo comunicado da instituição sediada em Paris.
Nove países viram o rendimento per capita aumentar, com a Áustria a apresentar um aumento de 10,1%, a maior variação, graças aos apoios estatais para mitigar os efeitos do aumento do custo de vida.
Doze registaram um recuo neste indicador, entre os quais, além de Portugal, o Canadá e o Reino Unido. Nos Estados Unidos não se registou nenhuma alteração face ao trimestre anterior, de acordo com a OCDE.
Portugal não alcançou, no terceiro trimestre, os níveis pré-pandemia neste indicador, acompanhado pela República Checa, a Dinamarca, a Finlândia, Espanha e pelo Reino Unido. Os restantes 15 já superaram essa barreira.
“O resultado em Portugal e Espanha pode ser explicado parcialmente pela lenta recuperação do [indicador] "excedente de exploração bruto e rendimento misto" desde o início da pandemia. Este tipo de rendimento costuma estar associado a trabalho independente e, na maioria dos países, contribui em um quinto do rendimento disponível das famílias", indica a OCDE.
“Portugal e Espanha registaram fortes quedas de ”excedente de exploração bruto e rendimento misto" na primeira metade de 2020 e recuperaram lentamente depois. Ao contrário, a maioria dos países da OCDE registaram forte crescimento do "excedente de exploração bruto e rendimento misto" depois da quebra inicial relativa à pandemia", refere ainda a OCDE.
Segundo o Eurostat, “o excedente de exploração é o excedente (ou défice) das atividades de produção antes de terem sido tidos em conta os juros, rendas ou encargos pagos ou recebidos pela utilização dos ativos”.
Já rendimento misto “é a remuneração do trabalho realizado pelo proprietário (ou pelos membros da sua família) de uma empresa não constituída em sociedade.”