Sérgio Aníbal, in Público
Mês de Janeiro foi de recuo dos preços da energia, principalmente na electricidade. Os bens alimentares destacam-se como a principal fonte da inflação no país
Com os preços da energia já a recuarem dos máximos atingidos em Outubro do ano passado, os bens alimentares estão cada vez mais a destacar-se como a fonte do agravamento do custo de vida suportado pelos portugueses. Em Janeiro, mais de metade da taxa de inflação homóloga registada já é explicada pela subida de preços neste tipo de produtos.
Esta sexta-feira, o Instituto Nacional de Estatística (INE) apresentou os dados definitivos para a inflação do primeiro mês deste ano. Em comparação com a primeira estimativa realizada a 31 de Janeiro, registou-se uma ligeira correcção em alta das variações dos preços. Em vez de uma inflação homóloga de 8,3% e uma inflação mensal de -0,9%, os números finais de Janeiro são de 8,4% e -0,8%, respectivamente, para os dois indicadores.
É um resultado ligeiramente menos favorável do que o estimado inicialmente, mas que não impede que o mês de Janeiro tenha sido em Portugal (e também no resto da zona euro) de recuo da taxa de inflação. Em Dezembro, a taxa de inflação homóloga tinha-se cifrado em 9,6%, isto é, mais 1,2 pontos percentuais do que em Janeiro.
A principal explicação para este recuo da inflação homóloga (e para a taxa de inflação mensal negativa de 0,8%) em Janeiro está, já se sabia, na redução registada nos preços da energia, uma tendência que se verifica desde Outubro e que se acentuou no primeiro mês deste ano.
De acordo com os dados do INE, os preços dos produtos energéticos caíram 8,9% entre Dezembro e Janeiro, com destaque para a queda de 22,7% registada nos preços da electricidade doméstica. Os preços do gás caíram 5,6%, ao passo que os combustíveis para veículos automóveis voltaram a subir 1,5%.
A taxa de inflação homóloga dos bens energéticos caiu de 20,8% para 7,1%.
Isto fez com que os bens alimentares, onde não há sinais ainda de um recuo de preços, passassem a ficar destacados como os principais causadores da pressão inflacionista em Portugal.
Os números do INE mostram que, da taxa de inflação homóloga de 8,4% registada em Janeiro, 4,5 pontos percentuais, ou seja, mais de metade, resultam do contributo dado pela subida de preços da classe “Produtos alimentares e bebidas não alcoólicas”. O segundo contributo mais importante vem da classe “Restaurantes e hotéis”, mas não passa de um ponto percentual.
De facto, no que que diz respeito aos alimentos e bebidas, os preços continuaram a subir entre Dezembro e Janeiro, com a inflação mensal a cifrar-se em 1,9%. A taxa de inflação homóloga nesta classe de bens, por sua vez, passou de 19,9% em Dezembro para 20,6% em Janeiro.
O grupo de alimentos onde os preços subiram mais entre Dezembro e Janeiro foi o do "Açúcar, confeitaria e mel", com uma variação de 7,1%, mas quando se olha para a escalada de preços que ocorreu ao longo dos últimos doze meses, verifica-se que as taxas de inflação mais elevadas estão nos "Óleos e gorduras" (33,6%) e no "Leite, queijo e ovos" (30,8%) onde também ainda não se começou a verificar uma inversão da tendência de preços.
A evolução da taxa de inflação em Portugal durante o mês de Janeiro ficou em linha com o que aconteceu no resto da Europa. A taxa de inflação homóloga harmonizada em Portugal (aquela que é directamente comparável com os valores estimados para a zona euro pelo Eurostat) ficou em 8,6%, ligeiramente acima dos 8,5% registados na zona euro.