1.8.23

Entre o Texas e Oeiras: o milagre da multiplicação das línguas na missa de São Julião da Barra

Tiago Soares Jornalista e Nuno Botelho Fotojornalista, in Expresso

Reportagem numa paróquia nos arredores de Lisboa, onde o coordenador local da JMJ já consegue dormir mais do que quatro horas por noite. Centenas de peregrinos – vizinhos e do outro lado do oceano – são recebidos da mesma forma: uma missa que todos percebem celebrada (também) por militares, um arraial com concertina e boa disposição, e a promessa de que o autocarro vindo do Texas acabará por chegar

João Sacadura está há mais de três anos à espera das pessoas que vê agora à sua frente. “Convidaram-me para ser o coordenador [do acolhimento] porque sou catequista aqui na paróquia”, explica o jovem de 25 anos que está a completar o estágio de psicologia num projeto social da junta de freguesia de São Julião da Barra, em Oeiras, onde esta segunda-feira foram recebidos centenas de peregrinos – Espanha, Estados Unidos, Peru – que vão participar na Jornada Mundial da Juventude (JMJ) de Lisboa.

“Esta é só a primeira vaga, estão a chegar a conta gotas. A segunda vaga já vai ser mais a sério. Vamos ter de acolher cerca de 2 mil peregrinos, mas é só na sexta-feira”, explica João, com a calma possível de quem está há meses em “reuniões” para que nada corra mal – mas também com a prontidão necessária para continuar a “apagar fogos” e a “afinar a máquina” até ao fim da JMJ.

“Na semana passada conseguimos dormir umas 3h, 4h por noite, mas decidimos parar com a brincadeira esta semana porque já estávamos a ficar todos zombies”, diz o cérebro da operação em São Julião da Barra.