30.11.10

3250 toneladas vão aliviar instituições já no limite

por Rita Carvalho, in Diário de Notícias

Recolhas do Banco Alimentar bateram recordes e dispararam 30%. Reforço vai ajudar organizações que já estão sem resposta


As 3250 toneladas de alimentos recolhidas durante o fim-de-semana nos supermercados pelo Banco Alimentar são um recorde e vão permitir reforçar o cabaz que milhares de famílias recebem todos os meses. Mais importante ainda, sublinha a presidente deste organismo, vão "aliviar" a pressão sobre as instituições apoiadas, algumas delas já "no limite" e sem capacidade para servir as refeições aos seus utentes.

"Com esta recolha não vamos passar a abranger muito mais pessoas mas reforçar os cabazes alimentares que já são distribuídos pelas 1830 instituições com que trabalhamos", explicou ao DN Isabel Jonet, presidente do Banco Alimentar. Ou seja, não vai ser aumentado o universo de instituições apoiadas, mas estas poderão alargar a ajuda prestada às famílias e ainda estendê-la a outras.

Isabel Jonet justifica esta opção com a necessidade de garantir um acompanhamento criterioso às instituições que colaboram com os 16 bancos alimentares existentes no País. "É uma forma de assegurar que há também este controlo às famílias, para que as instituições não distribuam apenas alimentos mas façam um acompanhamento e trabalhem na inserção social destas pessoas", afirma, acrescentando que o Banco Alimentar não pode correr o risco de esta ajuda ser mal distribuída.

Os bens recolhidos nas campanhas de supermercado representam apenas 20% do total de toneladas que diariamente são distribuídas através das instituições. O resto é recolhido junto de outras cadeias ou vem dos excedentes de produção da União Europeia.

O Banco Alimentar entrega os alimentos às instituições que os distribuem às famílias que apoiam e que os utilizam para a confecção nas suas cantinas, lares e creches.

"O que acontece é que as instituições já estão no limite, não conseguem aguentar mais", diz Isabel Jonet. Por um lado têm mais pedidos de apoio alimentar para levar para casa, por outro, há mais pessoas a comer nos seus refeitórios e cantinas. Além disso, os próprios utentes que as frequentam têm dificuldade em pagar as suas mensalidades. Com este reforço dos alimentos, as instituições podem ver aliviada esta "pressão".

No total, foram angariadas 3250 toneladas de alimentos, o que corresponde a mais 30% do que em igual período do ano passado. Este aumento superou todas as expectativas da presidente do Banco Alimentar, e não pode ser explicado apenas pelo aumento de supermercados a aderir à campanha.

O número de voluntários também atingiu um recorde absoluto, com mais de 30 mil pessoas a colaborar na recolha nos supermercados e na separação dos alimentos nos armazéns. Em Lisboa, alguns voluntários tiveram de esperar mais de uma hora para conseguir entrar no armazém e ajudar.