31.5.16

Combate à pobreza reúne Cáritas da Europa

Juliana Baptista, in "Fátima Missionária"

A Conferência Regional da Cáritas Europa reúne centenas de participantes que fazem uma análise sobre o trabalho daquele organismo humanitário «nas áreas do combate à pobreza, solidariedade e inclusão social»

Uma nova edição da Conferência Regional da Cáritas Europa está a decorrer em Lourdes (França). O encontro termina quinta-feira, dia 26, reunindo mais de 300 participantes, que irão analisar o trabalho desenvolvido «nas áreas do combate à pobreza, solidariedade e inclusão social, aproveitando as experiências e histórias partilhadas para se inspirarem no trabalho e objetivos que têm para os próximos anos», informa a organização humanitária, em comunicado.

Além disso, os participantes têm ainda a possibilidade de contribuir para discussões temáticas e workshops, com base nas três etapas para as quais a Cáritas direcionam a sua atuação: «ouvir/ver, julgar e agir».

Combater o desperdício alimentar fazendo dos restos uma refeição

MARGARIDA DAVID CARDOSO, in "Público"

Não me lixes é o nome de uma nova campanha nascida no Porto para reduzir o desperdício nos restaurantes, supermercados e lares dos portugueses.

Os números do Instituto Nacional de Estatística e do Banco Alimentar contra a Fome traçam um cenário preocupante quanto à fome em Portugal. São cerca de 375 mil os portugueses que lidam com a fome diariamente, entre os quais 120 mil crianças. Números que António Souza-Cardoso, presidente da Associação para Promoção da Gastronomia, Vinhos, Produtos Regionais e Biodiversidade (AGAVI), destaca terem aumentado desde 2012. Ao mesmo tempo, cerca de 50 mil refeições são deitadas ao lixo por dia. Por ano, cada português desperdiça 132 quilos de alimentos, segundo os dados recolhidos pela AGAVI.

Foi com a consciência do “peso destes dados” que o presidente da AGAVI empreendeu a campanha Não me lixes, contra o desperdício alimentar. O objectivo? Desperdício zero de alimentos. O lançamento da iniciativa juntou, esta quarta-feira, no restaurante do chefe José Cordeiro, no Porto, várias entidades parceiras, entre as quais a Santa Casa da Misericórdia do Porto, a Associação Empresarial de Portugal, a LIPOR e a Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal.

Não me lixes pretende ser uma chamada “à consciência de cada um”. “Mesmo em Portugal, há muita gente a passar fome e nós temos que ter consciência disso”, salientou José Cordeiro. Uma campanha que, para o chefe, deve começar por decisão de cada consumidor e não pela via das regras. “Se eu tiver noção de que o desperdício não deve existir, quando pego num tomate não o consigo deitar ao lixo. Devemos ter na cabeça que isto podia dar para alimentar uma criança durante meio-dia”, alertou o chefe.

Com o objectivo de “chamar a atenção para que é possível comer bem de outra maneira”, o chefe Cordeiro preparou um almoço com oito pequenos pratos feitos a partir dos restos que normalmente são desperdiçados na cozinha. As cascas de batata foram fritas e servidas com maionese e molho que sobrara da francesinha da véspera. As aparas de peixe deram origem ao paté das entradas e mesmo os talos de grelos fizeram o puré a acompanhar com badanas de bacalhau.

A campanha quer mudar a maneira como comemos e como olhamos para os alimentos. António Souza-Cardoso apoia-se na história das tripas à moda do Porto para mostrar que nem tudo o que deitamos fora é lixo. “O Porto mostrou empreendedorismo e originalidade ao trocar a carne pelas tripas, que as pessoas deitavam fora, e com fazer delas o maior ícone da gastronomia portuense”, justificou o presidente da AGAVI.

Perante números “desastrosos”, a campanha é ambiciosa: “O objectivo principal é acabar mesmo com a fome em Portugal. Enquanto existirem 375 mil pessoas que passam fome diariamente, a campanha não pode acabar”, destacou Souza-Cardoso.

Com início no Porto, a campanha pretende depois chegar a todo o país, com iniciativas em escolas, restaurantes e hipermercados. Sobre o lema O que sobra é o que falta, a organização quer também que os restaurantes que se associem à iniciativa ofereçam refeições a quem precisa. Para já, os projectos ainda não saíram do papel e esperam o fim dos contactos com as associações para poderem avançar com a sensibilização em diferentes formatos, desde aplicações a livros e cadernos informativos.

Onde se desperdiça
A questão não é a existência de alimento, mas como este é distribuído pelas necessidades das populações. À custa da compra por impulso, um terço destes desperdícios são feitos em casa. A falta de atenção com as datas de validades e a falta de cuidado com a forma como são armazenados os alimentos contribui para que muitos sejam deitados ao lixo antes de poderem chegar aos pratos.

“Não se come, fica no frigorífico, estraga-se, vai para o lixo” — é este o caminho que muitos alimentos percorrem nas casas dos portugueses, alerta o chefe. Esta é, na visão de José Cordeiro, uma luta que começa em casa.

O chefe adianta que o desperdício nos restaurantes portugueses depende do nível de gestão. Em ambientes familiares, o restaurante tem tendência a gerar menos lixo orgânico e a poupar mais. As grandes áreas de restauração, supermercados e cantinas são, por outro lado, a maior fonte de alimentos desperdiçados: “Nós temos um desperdício brutal de alimentos nas grandes superfícies. Se forem ao final de um dia à parte de trás de um hipermercado ou grande restaurante, vocês deitam as mãos à cabeça.”

Rede Europeia Anti-Pobreza congratula-se com plano do Governo

In "Observador"

A Rede Europeia Anti-Pobreza congratulou-se com a atenção dada às questões da pobreza e das desigualdades sociais no Programa Nacional de Reformas 2016 e elogia os compromissos do Governo.

A Rede Europeia Anti-Pobreza congratulou-se com a atenção dada às questões da pobreza e das desigualdades sociais no Programa Nacional de Reformas 2016, elogiando o compromisso de reforçar as prestações sociais para as situações de pobreza extrema.

Numa análise ao Programa Nacional de Reformas (PN/Reformas) enviado à Comissão Europeia no final de abril, a Rede Europeia Anti-Pobreza considera que o documento demonstra “uma atenção mais específica às questões sociais, nomeadamente à pobreza e exclusão social e à dimensão das desigualdades sociais que se agravou consideravelmente nestes últimos anos”, na sequência da crise e das medidas de austeridade.

“Salienta-se um compromisso muito importante: reforço das prestações sociais direcionadas para situações de pobreza extrema, famílias com crianças, idosos e trabalhadores de baixos rendimentos”, refere uma nota da Rede Europeia Anti-Pobreza divulgada quarta-feira à tarde.

Como positivo, esta organização não-governamental (ONG) destaca a criação e atribuição de um apoio pecuniário, de caráter extraordinário, atribuído durante um período de seis meses a desempregados inscritos nos centros de emprego que tenham cessado o período de concessão do subsídio social de desemprego inicial ou subsequente há um ano.

Entre os destaques positivos, surge ainda a atualização progressiva do salário mínimo que, em janeiro de 2016, passou para 530 euros por mês.

É ainda elogiada a criação de um sistema de indicadores de alerta de precariedade social (abandono escolar, problemas de saúde, etc) que permitam controlar o impacto das políticas e das medidas.

Como lacunas do Programa Nacional de Reformas, a Rede Europeia Anti-Pobreza queixa-se da ausência de referência à situação dos sem-abrigo em Portugal, sobretudo no que respeita ao reforço da estratégia nacional para a integração deste grupo populacional.

A ONG recomenda a Portugal a criação de uma Estratégia Nacional para a Erradicação da Pobreza, e a implementação efetiva da recomendação que aponta para o investimento de pelo menos 20% do Fundo Social Europeu no combate à pobreza e sua monitorização.

É ainda sugerida a criação de orientações específicas para a remuneração mínima mensal garantida, caminhando para o seu “progressivo aumento e consequente aproximação de níveis capazes de garantir uma vida digna”.

“Projeto Bem Envelhecer” proporcionou atividade na Póvoa de Lanhoso

In "Correio do Minho"

Com o apoio do Município de Terras de Bouro e com a participação usual das instituições locais, cerca de 80 pessoas de 15 instituições da região foram acolhidas pela Santa Casa da Misericórdia da Póvoa de Lanhoso que facultou a todos os idosos presentes mais uma gratificante jornada.

O dia em causa, 25 de maio, teve início com a receção no Pavilhão 25 de abril, na Póvoa de Lanhoso, com uma sessão de Flash Mob seguida de um almoço no Restaurante do Castelo e ainda uma aula de ginástica “Sénior Ativo”. O regresso ficou ainda marcado por uma visita ao Santuário de S. Bento da Porta Aberta.

Entidades participantes na ação: ADCL, SC Misericórdia Vieira do Minho, SC Misericórdia da Póvoa de Lanhoso, SCM Barcelos, Centro Social Paroquial de Cervães, Centro Social e Paroquial de Cibões, Centro de Solidariedade Social de Chorense, Centro Social de Rio Caldo, Centro Social e Paroquial de Souto, Centro Social de Moimenta, Centro Social e Paroquial de Covide, Centro Social de Vilar, Casa do Povo de Vale do Cávado , Município de Terras de Bouro e EAPN Portugal.

Banco Alimentar Contra a Fome do Porto vai iniciar campanha de recolha

In "Porto Canal"

O Banco Alimentar Contra a Fome do Porto realiza este fim de semana mais uma campanha de recolha de alimentos. A instituição, além de procurar alimentos para distribuir pelas famílias carenciadas, procura voluntários para ajudar.

Banco Alimentar Contra a Fome apoiou mais 100.800 pessoas nos últimos 4 anos

In "Observador"

Embora tenha recolhido menos alimentos, o Banco Alimentar Contra a Fome chegou a mais 100.800 pessoas entre 2011 e 2015. A quantidade de alimentos recolhidos diminuiu em 24%.

Nos últimos quatro anos o Banco Alimentar Contra a Fome recolheu menos alimentos, mas chegou a mais pessoas, segundo dados da instituição, que apontam um crescimento de 24% nos apoios concedidos a carenciados entre 2011 e 2015.

Neste período foram apoiadas mais 100.800 pessoas e 664 instituições, adiantam os dados da Federação Portuguesa de bancos Alimentares Contra a Fome, divulgados na véspera de se iniciar mais uma campanha de recolha de alimentos.

Em 2011, os bancos alimentares ajudaram 1.936 instituições, número que cresceu para 2.600 em 2015. Já em termos de pessoas apoiadas verificou-se um aumento de 319.200 para 420.000, das quais um terço são crianças e outro terço, idosos.

Ao mesmo tempo, diminuíram as quantidades de alimentos recolhidos, passando de 30.269, em 2011, para 27.726, em 2015, uma diminuição de 24%.

Em declarações à agência Lusa, a presidente da federação, Isabel Jonet, explicou que este aumento se deveu “a um acréscimo muito substancial da procura”, em 2011 e 2012, por parte das pessoas e das instituições devido aos “efeitos da crise”, mas também à abertura de mais dois bancos alimentares (21) e à notoriedade da instituição.

Relativamente à redução dos alimentos recolhidos no último ano, Isabel Jonet explicou que se deve, sobretudo, ao facto do Programa Comunitário de Apoio Alimentar a Carenciados ter deixado de ser distribuído através dos bancos alimentares e ter passado para as autarquias

“Nós continuamos a apoiar o mesmo número de instituições, ou um pouco mais, e as instituições apoiam mais pessoas, aquilo que se verifica é que distribuem menos quantidade que vem dos bancos alimentares”, explicou.

Sobre a participação dos portugueses na tradicional campanha de recolha de alimentos, Isabel Jonet disse que, “mesmo em tempo de crise, os portugueses não deixaram de contribuir para o Banco Alimentar”.

“Diversificaram a modalidade de campanha, em alguns casos reduziram a doação, mas nunca deixaram de o fazer”, adiantou, sublinhando que continuam a ser produzidos um milhão de sacos por campanha.

“Aquilo que vemos é que os sacos estão menos cheios. As pessoas continuam a dar, mas dão menos quantidade porque têm menos disponibilidade”, frisou.

Contudo, destacou a responsável, no último ano, foi possível distribuir “uma grande quantidade de fruta fresca” em resultado do embargo da Rússia às exportações da União Europeia.

“Foi possível aumentar o número de instituições e o número de pessoas que receberam produtos frescos e isto é importante”, porque “a fruta fresca e os legumes são fundamentais para a alimentação saudável e são os produtos que as pessoas carenciadas cortam de imediato”.

Neste momento, os pedidos de apoio estabilizaram, mas o número de apoios concedidos mantém-se, o que Isabel Jonet atribui ao facto de não haver mais emprego.

“A pressão dos créditos ao consumo sob as famílias não aumentou que era um dos grandes fatores críticos das famílias portuguesas, mas não vemos que haja mais emprego e isso fez com que não reduzissem os pedidos de ajuda”, sustentou.

Este ano, o Banco Alimentar de Lisboa celebra 25 anos, um tempo que Isabel Jonet considera importante para Portugal e para analisar o que “foi possível concretizar” em termos de apoio social e voluntariado.

“O Banco Alimentar não é mais do que uma das muitas instituições que existem, tem é uma missão diferente”, levar alimentos às instituições com o apoio de voluntários.

Para a responsável, este trabalho ajudou “a mudar o voluntariado” e “o perfil dos voluntários em Portugal”.

Alem disso, “foi possível assistir-se à estruturação de uma rede de solidariedade em Portugal como existem poucas na Europa” e que “permitiu não haver tantas consequências da crise”.

“Hoje em dia é mais fácil ajudar as pessoas carenciadas até porque elas próprias pedem ajuda, há mais resposta de proximidade”, rematou.

Será a desigualdade inevitável?

Salvador Luz, in "Sábado"

Em plena globalização, o fosso entre ricos e pobres continua cada vez mais profundo. Sabe-se que a maior parte da riqueza mundial é detida por apenas uns poucos e que a desigualdade está a aumentar nos países desenvolvidos. O que causa afinal a desigualdade? Será verdadeiramente inevitável?

Numa TED Talk intitulada Quem controla o mundo?, o físico James Glattfelder apresentou um estudo matemático que tinha realizado para tentar descobrir quais seriam os verdadeiros key players na finança internacional. Com esse objectivo em mente, analisou cerca de 43 mil empresas multinacionais e as respectivas ownership networks, isto é, as relações de controlo e propriedade detidas pelas várias empresas entre si e pelos respectivos accionistas.

Através dos seus cálculos, Glattfelder descobriu que uma percentagem de apenas 36% das multinacionais detinha cerca de 95% do valor total de todas as multinacionais em análise. Revelou também que os 737 maiores accionistas controlavam 80% do valor total de todas as multinacionais em análise. Ainda mais relevante, pela gritante desproporcionalidade, conclui a sua exposição indicando que 40% do valor total em jogo (das tais 43 mil empresas) era detido por apenas 146 accionistas, os quais denominou de top players. Em termos genéricos, o que estes dados nos dizem ao fim e ao cabo é que uma percentagem muito inferior a 1% da população mundial controla cerca de 40% da riqueza existente.

Esta afirmação, e outras do mesmo tipo, provêm de variadas fontes e apesar de indiciarem uma desigualdade mundial impressionante, não constituem já surpresa para a grande maioria. Estamos habituados a saber que pequenas minorias controlam maiorias, estamos, de certo modo, conformados com desproporções chocantes.
Sendo verdade que a desigualdade entre países está a diminuir em termos absolutos, devendo-se esta diminuição a alguma redução da pobreza mundial, mas sobretudo a novas fortunas, principalmente na China e na Índia, o que é facto é que a desigualdade dentro dos vários países continua a aumentar.

No fundo, o que se passa é que, apesar da diferença de rendimentos entre um europeu médio e um chinês médio estar a diminuir, a diferença de rendimentos entre um chinês rico e pobre ou entre um europeu rico e pobre continuam a aumentar. O caso dos EUA é especialmente relevante: em 2011, sabia-se que apenas 1% dos agregados familiares detinha 40% de toda a riqueza nacional.

Chrystia Freeland, autora do bestseller Plutocratas: a ascensão dos novos super-ricos e a queda de todos os outros constata que vivemos numa época em que a desigualdade na distribuição de rendimentos é cada vez mais gravosa. Para o demonstrar, estabelece uma comparação: enquanto que em 1970, uma franja de 1% da população americana detinha cerca de 10% de todo o rendimento nacional, já actualmente, aos mesmos 1% corresponde uma percentagem de 20% de todo o rendimento nacional.

A jornalista e política alerta então para um conjunto de causas políticas que estarão na base desta crescente desigualdade entre os super-ricos e os restantes: a desregulação do sector financeiro, a redução de impostos redistributivos, as privatizações e as protecções legais mais frágeis no mercado laboral. Mas desenganem-se aqueles que lhe atribuem um tom mais socialista no discurso. Freeland defende abertamente o capitalismo e a componente de meritocracia que ele acarreta. Afirma, contudo, que uma plutocracia meritocrática rapidamente se pode transformar numa plutocracia "do compadrio", em que uns poucos se debateriam para manter o controlo sobre a maioria, perdendo relevância o mérito individual.

Freeland faz também referência ao conhecido problema que a chamada Curva Great Gatsby demonstra: quanto maior for a desigualdade de rendimentos, maior será a imobilidade social. Esta constatação é algo intuitiva, pois sabemos que as vantagens daqueles com maior riqueza são cumulativas – pessoas nascidas em famílias mais prósperas terão um melhor acesso à saúde e à educação, melhor estimulação intelectual e um maior capital social e rede de conhecimentos para usar ao longo da vida, o que acaba por implicar maiores hipóteses de sucesso, existindo um ciclo vicioso em que os ricos ficam mais ricos e os pobres deixados para trás.

Na mesma linha, o economista francês Thomas Piketty afirma no seu recente bestseller O Capital no Século XXI que a desigualdade não se trata de um mero acidente da História, mas sim de uma característica inerente a um qualquer sistema capitalista, que só pode ser reduzida ou anulada através de intervenção estatal. Vem fundamentalmente dizer, através de demonstrações matemáticas, que a desigualdade continuará a aumentar enquanto a taxa de rendimento do capital for superior ao crescimento económico, originando uma maior concentração de capital.

No entanto, o que releva especialmente da análise de Piketty é o facto de afirmar que a desigualdade terá sempre existido, através do que ele chama de capitalismo patrimonial ou riqueza herdada (de certa forma associada à mencionada curva de Gatsby e ao imobilismo social); a razão por detrás do facto de a desigualdade parecer estar a aumentar actualmente deve-se simplesmente a uma "regresso à normalidade" – é que o século XX terá sido um século sui generis, excepcional, em que uma Grande Depressão, revoluções comunistas e duas Guerras Mundiais terão feito com que a redistribuição de riqueza fosse uma absoluta prioridade política, estando estes acontecimentos na origem da afirmação do Estado-Providência, e mais tarde, o Estado Social.

O que acontece é que as últimas décadas, marcadas pelo fenómeno da globalização e pelo surgimento de políticas neoliberais, estarão por detrás da crescente desigualdade que se observa actualmente. Thomas Piketty chega a dizer que estaremos a regressar ao período pré-1914, em que existem uns poucos herdeiros imensamente ricos.

De certa forma, a visão de Piketty encaixa nos cálculos de Glattfelder e nas conclusões de Freeland, que por sua vez acabam por se concretizar, de forma algo simplificada num adágio popular: dinheiro chama mais dinheiro. Fica claro que a disparidade entre aqueles mais prósperos e menos prósperos tende sempre a crescer, numa espécie de ciclo vicioso exponencial.

Mas nem tudo é mau, e não estamos condenados a viver segundo as leis da Economia porque sabemos que existe Estado – existe um poder político que pode interferir e procurar modificar as tendências económicas através de intervenções variadas, orientadas por ideais de justiça e de igualdade.

Os instrumentos à disposição dos Estados para redistribuir riqueza e contrabalançar os crescentes efeitos da desigualdade são vários e conhecidos: um novo aumento da regulação dos mercados financeiros, a implantação de tributação progressiva, a celebração de acordos internacionais que impeçam as empresas de contornar o devido pagamento de impostos, e fundamentalmente, a garantia de igualdade real de oportunidades para todos, através de uma educação acessível e universal.

Mesmo em casos de extrema desigualdade e pobreza, existem soluções quase-milagrosas. No Brasil, nas últimas décadas, cerca de 40 milhões de brasileiros terão saído do limiar da pobreza e ingressado na classe média. Para além de crescimento económico em geral, um dos factores por detrás deste espectacular facto terão sido as "Bolsas Família", uma revolucionária medida de apoio social extremamente simples implantada por Lula da Silva: às famílias mais desfavorecidas era entregue uma pequena quantia em dinheiro em troca de determinadas contrapartidas, isto é, comportamentos socialmente positivos que os beneficiários teriam que levar a cabo, como por exemplo, garantir a frequência dos filhos na escola ou o cumprimento do plano de vacinação.

Nos primeiros três anos o programa reduziu a pobreza extrema em 15% e estudos recentes indicam que a "Bolsa Família" terá ajudado a reduzir a disparidade de rendimentos no Brasil num terço. Tal foi o sucesso no combate à pobreza desta medida que 40 são os países que procuraram já seguir o exemplo do Brasil, implantando programas semelhantes.

Mesmo no mundo globalizado dos dias de hoje, os governos têm uma efectiva e real capacidade para tomar medidas relevantes para reduzir a desigualdade. Por demasiado tempo, políticos e economistas têm visto o problema de modo algo conformado, encarando a desigualdade como uma realidade lamentável, mas imutável. No entanto, as soluções existem e estão nas suas mãos.

Viana do Castelo: Pobreza e desemprego são «desafios» da diocese mais jovem do país

In "Agência Ecclesia"

Território é tema em destaque da nova edição do Semanário ECCLESIA

A mais jovem diocese do país, Viana do Castelo, mostra hoje uma Igreja Católica dinâmica e comprometida com as pessoas, na luta contra problemas como a pobreza e o desemprego.

Num texto publicado na edição mais recente do Semanário ECCLESIA, o padre José da Silva Lima dá conta de uma diocese “voltada para o futuro” e para a abertura de “novos caminhos” que vão ao encontro das necessidades.

Nos últimos anos, “muitos minhotos” têm vindo a enfrentar a dura realidade da pobreza e do desemprego.

O último relatório da Cáritas Portuguesa, relacionado com o número de atendimentos, coloca Viana do Castelo entre as dioceses mais carenciadas do país.

Em 2015, cerca de 1500 famílias e 4000 pessoas recorreram aos serviços da organização católica, para obterem apoio para as suas dificuldades.

O desafio da pobreza requer da Igreja Católica não só o serviço solidário mas também um redobrado trabalho de “evangelização e de esperança”, realça o padre José da Silva Lima.

O sacerdote aponta ainda outros “desafios hodiernos”, como o desemprego, que apela à “imaginação” por parte da Igreja, na busca de alternativas, mas também ao empenho na “inclusão” destas pessoas.

A formação cristã e familiar, bem como o reforço da participação dos leigos na vida da Igreja são outros projetos aos quais a diocese minhota, criada em 1977, tem estado particularmente atenta.

A aposta na “catequese familiar”, que está “em marcha em várias paróquias”, em novos “areópagos de aprofundamento da fé” bem como num “novo organigrama da geografia paroquial”, são provas de um “dinamismo que não enfraqueceu”.

O padre Pablo Lima, presidente do Instituto Católica de Viana do Castelo, destaca a vitalidade que vem do facto de Viana do Castelo “ser uma das dioceses portuguesas com o presbitério mais jovens e numeroso, em termos proporcionais”.

É também uma região onde a prática cristã continua bastante enraizada, ainda que seja necessário continuar a “promover uma fé esclarecida”, pois “a religiosidade popular só por si não é garantia de vida cristã”.

No dossier do Semanário ECCLESIA, o sacerdote recorda o legado de Frei Bartolomeu dos Mártires (1514-1590), antigo arcebispo de Braga e também responsável pelo território que hoje compreende as dioceses de Viana do Castelo, Bragança-Miranda e Vila Real, uma figura que está a caminho da canonização.

“Não são as suas relíquias, mas as suas obras que temos de passar de mãos em mãos; a sua doutrina – não os seus despojos – são a maior herança que nos deixou”, frisa o padre Pablo Lima.

Escravatura moderna atinge 45,8 milhões de pessoas no mundo

In "Rádio Renascença"

Brasil e Portugal são os países lusófonos com menor percentagem de "escravos modernos", segundo o relatório da fundação australiana Walk Free.

Pelo menos 45,8 milhões de pessoas estão sujeitas a uma qualquer forma de escravatura em todo o mundo. O número é avançado pelo Índice Global de Escravatura 2016, elaborado pela Fundação Walk Free, com sede na Austrália.
Segundo o resumo do índice da fundação, criada em 2012 pelo casal filantropo australiano Andrew e Nicola Forrest, e pela filha de ambos, Grace, o total de casos estimados aumentou desde 2012, quando as projecções indicavam que existiam cerca de 35 milhões e pessoas sujeitas à escravatura.

No resumo, que não avança os números de cada país, é indicado que a Coreia do Norte, Uzbequistão, Camboja e Índia são os Estados com maior índice de prevalência de "escravatura moderna", em cujo "top 11" se incluem também a China, Paquistão, Bangladesh, Rússia, Nigéria, República Democrática do Congo (RDCongo) e Indonésia.
"Muitos destes países produzem com o mais baixo custo bens de consumo para abastecer os mercados da Europa Ocidental, Japão, América do Norte e Austrália", lê-se no documento, que salienta, porém, que vários países ocidentais já começaram a legislar para combater o abuso em indústrias chave, entre eles Portugal.

Além do Reino Unido, pioneiro na legislação de combate à "escravatura moderna", e de Portugal, estão também na primeira linha a Holanda, Estados Unidos, Suécia, Austrália, Croácia, Espanha, Bélgica e Noruega.
A nova legislação, que criou critérios mais precisos na definição e nas políticas de combate a quaisquer formas de escravatura moderna, obriga os governos a identificar os sobreviventes e criar mecanismos de justiça criminal e de coordenação.
Obriga também a aplicar medidas para viabilizar a melhoria de comportamentos e dos sistemas e instituições sociais, bem como garantias de que as grandes empresas e governos evitem comprar mercadorias de países que contam com qualquer forma de escravatura moderna.

Portugal tem 12.800 escravos
Brasil (161.100) e Portugal (12.800) são, entre os nove países lusófonos, os Estados com menor percentagem estimada de "escravos modernos".
Do lado oposto, segundo o índice, os países que menos fazem para alterar a lei estão a Coreia do Norte, Irão, Eritreia, Guiné Equatorial, Hong Kong, República Centro-Africana, Papua Nova Guiné, Guiné-Conacri, RDCongo e Sudão do Sul.
No índice da Fundação Walk Free refere-se, por outro lado, que, mesmo quando o país tem um Produto Interno Bruto (PIB) elevado, casos de Hong Kong, Qatar, Singapura, Kuwait, Japão e Coreia do Sul, a riqueza adquirida não significa que haja um combate efectivo ao fenómeno, pelo que lhes recomenda maior empenhamento na luta.
No extremo oposto, o índice realça que países como Brasil, Filipinas, Geórgia, Jamaica e Albânia estão a efectuar "grandes esforços" para combater o fenómeno, apesar de terem recursos relativamente menores dos que os países ricos.
Como regiões e países em que são estimadas menor prevalência de qualquer forma de escravatura moderna, explica-se no índice, figuram a Europa Ocidental, América do Norte, Austrália e Nova Zelândia, casos em que é crescente o combate ao fenómeno.
Desastres, guerras e tráfico aumentam vulnerabilidades
As guerras, desastres naturais e tráfico de pessoas registados nos últimos anos têm gerado números sem precedentes de deslocados, refugiados e migrantes, tornando-os "vulneráveis" a qualquer forma de escravatura moderna.
"Os estudos regionais destacaram a interdependência entre a destruição ambiental, os desastres naturais e o tráfico de pessoas, o impacto de conflitos em casamentos forçados, a exploração comercial de sexo, crianças soldado, instrução limitada e oportunidades de emprego forçado" constituem as principais razões para o aumento da fragilidade e vulnerabilidade das pessoas, lê-se no documento.
"No Índice 2016, os números sem precedentes de deslocados, refugiados e migrantes registados a partir de 2015, oriundos sobretudo do Médio e Extremo Oriente, aumentou significativamente a vulnerabilidade das pessoas no contexto de escravatura moderna", acrescenta-se no relatório da Fundação Walk Free.
O índice da fundação divide o mundo em seis regiões - Ásia, Europa, Rússia e Eurásia, África subsaariana, Médio Oriente e Norte de África e Américas.
Segundo as estimativas apresentadas no documento, a Ásia, a região mais populosa do mundo, representa quase dois terços do total de pessoas vítimas de escravatura moderna, uma vez que recruta maioritariamente mão-de-obra sem qualquer especialização para as cadeias de produção.

Portugueses gastam 9 mil euros por dia em produtos para deixar de fumar

In "Rádio Renascença"

Gomas antitabágicas são as preferidas. Assinala-se esta terça-feira o Dia Mundial sem Tabaco.

Os portugueses gastaram, por dia e no ano passado, uma média de nove mil euros em produtos para ajudar a deixar de fumar, um valor ainda assim mais baixo do que em 2014.

Os dados são da consultora IMS Health e foram revelados esta terça-feira, Dia Mundial sem Tabaco.

Em 2015, os portugueses gastaram mais de três milhões de euros em embalagens de produtos antitabagismo. Mas o consumo deste tipo de medicamentos ou produtos tem registado uma quebra desde 2012, ano em que foram vendidas mais de 216 mil embalagens. Em 2015, o consumo não atingiu as 133 mil.

Na comparação dos quatro anos, as vendas diminuíram quase 40% em unidades vendidas – uma queda mais acentuada nas farmácias do que nas parafarmácias. Ainda assim, as farmácias venderam quase 70% dos produtos antitabágicos.

As gomas antitabágicas são o tipo de produto com mais adesão, com 87 mil unidades vendidas em 2015 e um ligeiro aumento de 1% face a 2012.

Já os comprimidos ou cápsulas, que há quatro anos eram os produtos mais procurados, sofreram uma diminuição de 78%.

Radiografia à saúde. Dois terços dos portugueses são obesos

In "Rádio Renascença"

Primeiro inquérito à saúde com exame físico revela grande prevalência das doenças crónicas, como a hipertensão, a diabetes e a obesidade. Cerca de um terço dos homens consome bebidas alcoólicas em excesso e um em cada quatro é fumador.

Dois terços dos adultos portugueses têm excesso de peso e há uma grande prevalência de doenças crónicas como hipertensão e diabetes em Portugal. Problemas identificados no primeiro inquérito à saúde dos portugueses em resultado de exames físicos.

De acordo com os dados apurados, o estado de saúde da população portuguesa entre os 25 e os 74 anos de idade, em 2015, caracterizava-se por uma "elevada prevalência de algumas doenças crónicas", como a hipertensão arterial, a obesidade e a diabetes.

O estudo abordou também o consumo das bebidas alcoólicas: cerca de um terço (33,8%) da população masculina referiu consumo perigoso de álcool (“binge drinking”), valor muito superior ao do sexo feminino (5,3%).

Este tipo de consumo é mais prevalente no grupo etário mais jovem e vai diminuindo com a idade.

As regiões do Alentejo e a Região Autónoma da Madeira revelaram as prevalências mais elevadas em qualquer dos sexos.

O Inquérito Nacional de Saúde com Exame Físico (INSEF) foi promovido e desenvolvido pelo Instituto Nacional de Saúde Ricardo Jorge (INSA), em parceria com o Instituto Norueguês de Saúde Pública e com as administrações regionais de saúde do continente e das regiões autónomas dos Açores e da Madeira.

Os indicadores apurados referem-se à população com idades entre os 25 e os 74 anos, tendo contado com a participação de 4.911 pessoas que realizaram, para o efeito, um exame físico, colheita de sangue e entrevista.
Em geral, o INSEF revela uma elevada prevalência de hipertensão arterial, obesidade e diabetes, bem como altos níveis de sedentarismo, de consumo de bebidas alcoólicas e exposição ao fumo do tabaco.

Mulheres com mais escolaridade fumam mais

Mais de um quarto dos homens intervenientes no estudo (28,3%) consumiam tabaco, diariamente ou ocasionalmente. Na população feminina, a percentagem baixa para os 16,4%.

Mas, nas mulheres, o consumo de tabaco aumenta com a escolaridade, enquanto nos homens era mais prevalente nos grupos com escolaridade intermédia, independentemente da idade.
Os desempregados revelaram prevalências mais elevadas em qualquer dos sexos (43% nos homens e 27% nas mulheres).

Quanto à exposição ambiental ao fumo do tabaco, afectava 12,8,% da população e era mais frequente entre os homens na Região Autónoma dos Açores, na população com segundo ou terceiro ciclo do básico e nos desempregados.

Dois terços da população é sedentária
A investigação adianta que o sedentarismo nos tempos livres afectava, em 2015, 44,8% da população, com maiores prevalências nas mulheres.
Também mais afectado é o grupo etário entre os 55 e os 64 anos (46,9%), a Região Autónoma dos Açores (52,5%), a população com menor escolaridade (51,6%) e a população desempregada (46,9%).
O coordenador do estudo, Carlos Dias, considera que o inquérito confirma alguns indicadores preocupantes e mostra "algumas necessidades em saúde que certamente irão ser levadas em consideração pelos serviços públicos".
A radiografia revela ainda que o país não é todo igual nas matérias abordadas, o que "é uma vantagem", na opinião do coordenador.

Quem maltrata idosos deve ficar sem herança, defende o CDS

Eunice Lourenço, in "Rádio Renascença"

Partido entregou 19 projectos para promover o envelhecimento activo e a protecção de idosos

São quase duas dezenas de projectos para promover o envelhecimento activo e proteger os idosos e vão ser discutidos no Parlamento na quinta-feira. O CDS entregou esta segunda-feira cinco projectos de lei e 14 projectos de resolução (recomendações ao Governo) entre os quais estão várias propostas que penalizam quem coloque idosos em risco.

Um dos projectos de lei altera o Código Penal de forma a tornar crime público (sem necessidade de apresentação de queixa) a violação de obrigação de alimentos. O mesmo projecto propõe a criminalização de quem coloque idosos em instituições não licenciadas.

Por outro lado, o CDS pretende alterar o Código Civil para que quem tenha sido condenado por submeter por abandonar idosos ou por não cumprir a obrigação de alimentos fique privado da herança desses mesmos idosos ou dos seus cônjuges.

O terceiro projecto de lei do CDS relativo à protecção dos idosos tem como objectivo alargar a dimensão do testamento vital para planeamento da velhice. Ou seja, os democratas-cristãos pretendem que, além da situação de doença, seja possível no Testamento Vital consagrar decisões sobre os serviços e cuidados a serem prestados na velhice.

Além disso, o CDS recomenda ao Governo que promova uma campanha informativa de divulgação e incentivo ao registo do Testamento Vital. Recomenda também a melhoria e qualificação dos serviços de apoio domiciliário, assim como o reforço da formação de profissionais na área da geriatria e o reforço das redes de cuidados continuados e de cuidados paliativos. Este partido pretende ainda a reactivação da Linha Saúde 24 Sénior.

Trabalhar menos por mais tempo

Já no campo do envelhecimento activo, o CDS propõe que os trabalhadores que estejam a um ano da reforma possam, se quiserem, trabalhar a tempo parcial. Na prática, um trabalhador a um ano da reforma, passa a trabalhar metade do tempo, mas trabalha dois anos até à reforma.

Outra proposta do CDS é uma recomendação ao Governo para que equipare o sector público ao privado, permitindo que quem queira possa trabalhar depois dos 70 anos.

Por outro lado, o partido liderado por Assunção Cristas também recomenda ao Governo incentivos adicionais às empresas para que contratem desempregados com mais de 55 anos. Entre esses incentivos pode estar a dispensa de pagamentos à Segurança Social por 36 meses.

O CDS também quer que o Conselho Económico e Social passe a integrar dois representantes de organizações de reformados, aposentados e pensionistas.

Estes projectos do CDS vão ser discutidos no Parlamento na quinta-feira, dia 2, num agendamento potestativo marcado por este partido. Por enquanto, só constam propostas do CDS na agenda desse dia e só podem ser agendados projectos de outros partidos se o CDS autorizar.

Crianças desafiadas a ajudar na luta contra a fome

Francisco Pedro, in "Fátima Missionária"

Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação pede às crianças e jovens de todo o mundo que partilhem as suas ideias sobre a relação entre as mudanças climatéricas e as causas da fome

Em antecipação ao Dia Mundial da Alimentação, que se celebra a 16 de outubro, a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO), lançou um concurso de vídeo e outro de desenho, onde desafia as crianças e jovens de todo o mundo a mostrarem como as mudanças climatéricas estão a tornar ainda mais desafiadora a tarefa de alimentar a crescente população mundial e a darem ideias do que poderá ser feito para enfrentar este problema.

O número de pessoas no planeta deve ultrapassar os nove mil milhões até 2050 e a FAO calcula que a produção global de alimentos vai precisar de crescer até 60 por cento para responder a esse aumento da procura, numa altura em que os agricultores familiares e pequenos produtores, que produzem a maioria dos alimentos consumidos, estão entre os mais afetados pelas temperaturas mais altas, secas e desastres relacionados com a mudança do clima.

Neste sentido, a agência da ONU decidiu dar uma oportunidade aos mais novos para explorarem este tema, expressando e partilhando as suas ideias sobre a relação entre as mudanças climatéricas, a comida que é consumida e as causas da fome. O concurso de desenho está aberto a crianças e jovens entre os cinco e os 19 anos, enquanto o de vídeo é dirigido a quem tem entre 13 e 19 anos. O prazo para o envio dos trabalhos termina a 30 de setembro. As regras podem ser consultadas na página do Dia Mundial da Alimentação 2016.

Desemprego cai em comparação com abril de 2015

In "Jornal de Notícias"

A taxa de desemprego terá ficado inalterada em abril nos 12%, face a março, mas recuou 0,8 pontos percentuais face ao período homólogo.

"A estimativa provisória da população desempregada para abril de 2016 foi de 609,8 mil pessoas, o que representa um decréscimo de 0,4% face ao valor definitivo obtido para março de 2016 (menos 2,5 mil pessoas)", refere o Instituto Nacional de Estatística (INE), na estimativa provisória divulgada esta segunda-feira.

Em abril de 2015, a taxa de desemprego foi de 12,8%, o que significa que a estimativa provisória para abril deste ano representa uma descida de 0,8 pontos percentuais em termos homólogos.

De acordo com o INE, em abril, a taxa de desemprego das mulheres (12,1%) excedeu a dos homens (12%), com ambas a recuarem 0,1 pontos percentuais face a março.

A taxa de desemprego dos jovens situou-se em 29,9% (uma descida face aos 31% do mês anterior) e a dos adultos nos 10,6% (menos 0,1 pontos percentuais face a março).

A estimativa provisória da população empregada, por sua vez, foi de 4.485,0 mil pessoas, "mantendo-se praticamente inalterada em relação ao mês anterior", segundo o INE.

Nestas estimativas foi considerada a população dos 15 aos 74 anos e os valores foram previamente ajustados de sazonalidade.

Refugiados: O que vem depois da semana mais mortal do ano?

in Jornal de Notícias

Há mais de um ano que o Mediterrâneo não sentia tantas mortes. Na semana passada, 700 pessoas morreram ao tentarem chegar à Europa por mar, diz a ONU.

Os últimos sete dias foram, de acordo com o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados, aqueles em que mais migrantes morreram em naufrágios, desde há mais de um ano.

Em comunicado, a UNICEF mostrou-se alarmada com o número de vítimas - 700 - algumas delas crianças. Antecipando um aumento significativo do número de menores não acompanhados que recorrem à travessia entre a Líbia e a Itália - onde chegam mil a cada mês -, o braço da ONU inicia em breve uma operação em colaboração com o Governo italiano para prestar apoio.

Hungria instala "barreiras permanentes"

O número crescente de migrantes a quererem chegar à Hungria levou o governo a anunciar, ontem, o reforço da vedação na fronteira com a Sérvia. Na origem do aumento do fluxo migratório em direção à Europa central. está a evacuação do campo de refugiados de Idomeni, na fronteira entre a Grécia e a Macedónia.

Quando, na semana passada, as autoridades gregas retiraram cerca de 8.400 pessoas do campo e as levaram para centros de acolhimento, algumas acabaram por seguir pela rota dos migrantes, apesar do encerramento de fronteiras imposto em meados de fevereiro, por vários estados dos Balcãs. De acordo com o governo, o número de entradas ilegais subiu de entre 70 e 90 para entre 100 e 150 por dia, desde a evacuação do campo de Idomeni, o que vai levar à instalação de "barreiras permanentes" em locais onde o arama farpado já "não é suficiente" para impedir os migrantes de entrar.

Afeganistão: Número de deslocados internos duplica para 1,2 milhões em três anos

O número de afegãos que fogem da guerra e ficam dentro das fronteiras do país mais do que duplicou de 500 mil para 1,2 milhões nos últimos três anos, segundo novo relatório da Amnistia Internacional (AI).

A investigação, intitulada "Os meus filhos vão morrer este inverno: As promessas falhadas do Afeganistão para os deslocados", dá conta de que, apesar das promessas sucessivas dos governos afegãos, a população deslocada internamente continua sem abrigo adequado, comida, água, cuidados de saúde, direito à educação e emprego, lançando uma nova luz sobre as vítimas esquecidas da guerra,

"Mesmo depois de abandonarem as suas casas em busca de segurança, o número crescente de afegãos estão a definhar em condições terríveis no seu próprio país, e a lutar pela sua sobrevivência sem nenhum fim à vista", disse a diretora da Amnistia Internacional do Sul da Ásia, Champa Patel.

Apesar de as autoridades afegãs prometerem a melhoria das condições dos campos de migrantes, a AI dá conta de que os despejos forçados - tanto do governo como de atores privados - são uma ameaça diária.

O Afeganistão é ainda um dos países com mais cidadãos refugiados, com cerca de 2,6 milhões a viverem além-fronteiras.


“Todos deviam envolver-se com as empresas no combate à escravatura”

Joana Gorjão Henriques, in Público on-line

Três perguntas a Fiona David, directora executiva do departamento de pesquisa global da Walk Free Foundation, que produziu o Índice Global da Escravatura.

O número de pessoas escravizadas em Portugal parece gigante. Como contextualizar os quase 13 mil?
Em termos absolutos, há 121 países que têm problemas maiores do que Portugal, que é dos países com menor prevalência de escravatura moderna. Claro que isto é um número grande e preocupante mas, mesmo assim, Portugal está numa categoria de vulnerabilidade ao risco baixa comparado com outros países.

O que significa ser escravo em Portugal?
Usamos os nossos indicadores. O primeiro é que a pessoa tem que ser explorada, o segundo é que tem que ser posta naquela situação por alguém e não consegue sair — por isso, um dos indicadores que procuramos é o uso de algum tipo de força, ameaça, confisco de documentos. Por vezes, as pessoas são mesmo tratadas como animais. Não sabemos os nomes, nem quem são — isto é uma estimativa. O que sabemos é que em Portugal há situações em que as mulheres foram forçadas a trabalhar na indústria do sexo e temos homens a serem explorados na agricultura. Isto inclui pessoas do Brasil, Europa Central e de África — Moçambique, Nigéria e Marrocos.

Que medidas Portugal poderia adoptar para combater a escravatura?
O que todos os países podiam fazer era envolverem-se mais com as empresas e investigar como podem ajudar tanto o Governo como a sociedade a atacar este problema. Seria fantástico se Portugal pudesse consciencializar as suas empresas a investigar este tema na cadeia de fornecedores e certificar-se de que seria criado um sistema que juntasse o sector privado, o Governo e a sociedade civil no combate à escravatura.

Consumo de cannabis e ecstasy aumenta entre os jovens europeus

Natália Faria, in Público on-line

Mais de 16,6 milhões de jovens europeus consumiram cannabis no último ano. O ecstasy também está a chegar a uma “uma nova geração de consumidores”. Numa altura em que as drogas ressurgem com níveis de potência inéditos, os opiáceos voltam a matar mais. Eis o Relatório Europeu Sobre Drogas e Toxicodependência.

Um por cento dos europeus adultos consome cannabis diariamente ou quase diariamente. Quer se trate de marijuana ou de haxixe, os níveis de potência daquela substância “são os mais elevados de sempre”, o que agudiza o risco de problemas de saúde agudos ou crónicos entre os consumidores. Aliás, a maioria das pessoas que iniciam um tratamento da toxicodependência, fá-lo devido ao consumo daquela droga. Que, em 2014, representou 78% das apreensões efectuadas na Europa.

Os números presentes no Relatório Europeu Sobre Drogas – 2016, que é apresentado esta terça-feira, fazem soar o alarme: 16,6 milhões de jovens europeus entre os 15 e os 34 anos de idade, ou seja, 13,3% desta faixa etária, terão consumido cannabis nos últimos 12 meses. Na faixa dos adultos (15-64 anos de idade), sobem para os 22,1 milhões os que consumiram aquela droga no último ano.

Os dados disponíveis apontam para um aumento no consumo desta substância na generalidade dos 28 países da União Europeia (EU) e os riscos associados ao consumo surgem potenciados pelo facto de os níveis de potência da resina de cannabis (haxixe) e da cannabis herbácea (marijuana) serem “os mais elevados de sempre”.

Este aumento vê-se à porta dos centros de tratamento. O número de utentes que iniciaram tratamento pela primeira vez devido a problemas relacionados com cannabis aumentou de 45.000 em 2006 para os 69.000 de 2014. O que faz com que a maioria das pessoas que iniciaram pela primeira vez um tratamento da toxicodependência tenha sido empurrada pelo consumo desta droga.

Quanto aos efeitos adversos associados ao consumo crónico de cannabis, o relatório cita o estudo mais recente da Organização Mundial de Saúde, segundo o qual os consumidores regulares e de longo prazo apresentam o dobro do risco de apresentarem sintomas e doenças psicóticas, bem como um risco mais elevado de desenvolverem problemas respiratórios. Os adolescentes que consomem esta substância de modo regular vêem aumentado o risco de esquizofrenia.

E, numa altura em que a produção de cannabis se transformou “numa grande fonte de receitas para o crime organizado”, o OEDT aponta a importância de discutir “os custos e os benefícios das diversas políticas de combate ao consumo de cannabis”, numa alusão indirecta às experiências que estão em curso, por exemplo, no Uruguai (mas também nalguns estados norte-americanos) de criação de circuitos legais para o comércio da cannabis, desde a produção à distribuição e que incluem a criação de dispensários onde os consumidores podem adquirir a substância.
Ecstasy é “nuvem negra”

O aumento das mortes por overdose nalguns países e o contínuo aparecimento de novas substâncias, impulsionado pelos mercados de droga na Internet, destacam-se também na lista de preocupações deste relatório do Observatório Europeu da Droga e da Toxicodependência (OEDT), cujos autores reivindicam uma mudança na agenda política europeia de luta contra a droga. “Para abranger um conjunto mais amplo e complexo de questões”, sugerem.

A par do aumento do consumo de cannabis, o MDMA (frequentemente vendida em comprimidos de ecstasy, mas também disponível sob a forma de cristais e pó)) reaparece como uma droga de eleição dos jovens europeus. E não são só os consumidores habituais. O relatório aponta uma “nova geração de jovens consumidores”, especificando que 2,1 milhões de jovens adultos, entre os 15 e os 34 anos, afirmaram ter consumido MDMA/ecstasy no último ano, o que equivale a 1,7% dos europeus naquele grupo etário.

Esta tendência contrasta com o declínio registado entre 2000 e 2005, sendo que o recrudescimento do seu consumo assume algumas nuances: o ecstasy “deixou de ser uma droga limitada só a meios restritos ou subculturais e consumido em discotecas”, associado quase sempre à música electrónica, estando agora a ser consumido “por um leque mais vasto de jovens em ambientes de diversão nocturna comuns, como em bares e festas privadas”.

Estas conclusões não assentam apenas nos consumos reportados. A quantidade de resíduos de MDMA nas águas residuais de várias cidades era maior em 2015 do que em 2011, o que se relaciona não só com um aumento do consumo mas também com uma maior pureza da MDMA. O aumento das mortes associadas a esta droga leva mesmo o OEDT a falar numa “nuvem negra que se avizinha no horizonte”.

Apesar das mudanças, a cocaína continua a ser o estimulante ilícito mais consumido na Europa. Cerca de 2,4 milhões de jovens, entre os 15 e os 34 anos, terão consumido cocaína no último ano. A cocaína foi também referida como a droga principal por 60.000 utentes que iniciaram um tratamento especializado em 2014 e por 27.000 utentes que iniciaram um tratamento pela primeira vez.
Jovens são "cobaias" de novas substâncias

Numa altura em que “o potencial de expansão do fornecimento de drogas online parece considerável”, os autores do relatório apontam o facto de, em 2015, terem sido detectadas 98 novas substâncias psicoactivas (foram 101 em 2014). “Os jovens consumidores podem estar a ser involuntariamente usados como cobaias de substâncias cujos potenciais riscos para a saúde são praticamente desconhecidas”, alerta o relatório.

Por outro lado, a produção de novas substâncias parece estar a direccionar-se para consumidores de droga “mais crónicos e problemáticos”, o que se vê pelo número de novos opiáceos sintéticos detectados, muitos dos quais são “extremamente potentes” e tendem a ser vendidos como heroína a consumidores pouco informados, constituindo assim um elevado risco de overdose. Por exemplo, no ano passado, 32 mortes na Europa foram associadas ao opiáceo sintético acetilfentanil. E, em 2014, 18 países europeus (mais oito do que em 2013) comunicaram que mais de 10% dos consumidores de opiáceos que iniciaram tratamento especializado apresentavam problemas relacionados com outros opiáceos que não a heroína.

Juntos, a heroína e os outros opiáceos terão sido responsáveis por 6800 mortes por overdose, em 2014, no conjunto dos países da União Europeia. Irlanda, Lituânia, Suécia e Reino Unido foram alguns dos países a reportar um “preocupante aumento destas mortes”. E, apesar de as razões subjacentes a estes aumentos de overdoses fatais não serem claras, os autores do relatório insistem que estas mortes se ficaram a dever a uma maior disponibilidade de heroína e ao aumento do seu nível de pureza, mas também à mudança dos padrões de consumo, que passaram a incluir o uso de opiáceos sintéticos e medicamentos. Aliás, em países como a Irlanda, França, Finlândia e Reino Unido, os opiáceos sintéticos (como a metadona e a bruprenorfina, usados no tratamento de substituição) surgem já como a principal droga utilizada pelos consumidores que iniciaram tratamento e estão associados a uma percentagem significativa de mortes relacionadas com a droga.

A par do aumento registado em 2014 da oferta de heroína e cocaína, as autoridades mostram-se assim preocupadas com o crescente desvio de medicamentos substitutos de opiáceos. Em vez de serem, como esperado, utlizados no tratamento da toxicodependência, quantidades crescentes daqueles medicamentos, sujeitos a receita médica, são consumidos para fins não medicinais e postos à venda nos mercados de drogas ilícitas. É por isso urgente minimizar o desvio de tais medicamentos para o mercado negro, sem hipotecar “um bom acesso do paciente aos medicamentos de substituição”, alerta o relatório.

Quanto às soluções, o relatório aponta a formação de pessoal clínico e pacientes, o recurso às caixas electrónicas de medicamentos, testes de toxicidade, contagem de comprimidos e monitorização não anunciada a pacientes. “Em termos de sistema, a regulação pode ocorrer através dos registos das transacções farmacêuticas e da adopção de medidas disciplinares para combater a prescrição indevida de receitas”, sugerem ainda os responsáveis do observatório.

No tocante à prevenção da ocorrência de mortes por overdose, o OEDT aponta os seis países que dispõem de salas de consumo assistido e os oito países que implementaram programas de oferta de naloxona em kits destinados ao consumo domiciliário. Trata-se de um medicamento antagonista dos opiáceos e capaz de reverter uma overdose provocada por aquela substância. Uma avaliação recente na Escócia permitiu concluir que a substância contribuiu para uma redução de 36% da proporção de mortes relacionadas com opiáceos no período de um mês após libertação do regime prisional.

As overdoses afectam mais frequentemente os consumidores de opiáceos mais velhos (entre os 35 e os 50 anos). Mas, em países como a Suécia, regista-se igualmente um aumento de mortes por overdose nos consumidores com menos de 25 anos.

Em Portugal estima-se que existam 12.800 pessoas escravizadas

Joana Gorjão Henriques, in Público on-line

Aumento significativo deve-se a mudança de método usado no Índice Global da Escravatura. No mundo há 45,8 milhões de pessoas em situação de escravatura.

Os números são chocantes, sobretudo se comparados com os dois relatórios anteriores do Índice Global da Escravatura (IGE): em Portugal estima-se que existam 12.800 pessoas escravizadas, mais do que em 2014, quando eram 1400.

O facto de Portugal ter subido 35 posições no ranking dos 167 países com maior índice de escravatura — passou de 157.º para 122.º — não corresponde necessariamente a uma subida de casos, mas mais a uma afinação do método utilizado para chegar às estimativas. O IGE concluiu que os relatórios anteriores subestimaram os dados relativos a Portugal, que é agora o nono país da Europa em proporção da população em situação de escravatura (0,123%).

A escravatura moderna afecta 45,8 milhões de pessoas em todo o mundo, segundo as novas estimativas. É um aumento de 28% em relação ao anterior relatório. Para a pesquisa foram feitas mais de 42 mil entrevistas em 53 línguas, realizadas em 25 países que representam 44% da população mundial.

As estimativas das taxas de prevalência — ou seja, a percentagem da população em situação de escravatura — foram baseadas nos dados destes inquéritos e os resultados foram extrapolados para os países com perfis de risco idênticos com base em 24 variáveis — Portugal, com uma taxa de prevalência de 0,123%, foi considerado idêntico ao Reino Unido, que tem uma estimativa de 11.700 pessoas escravizadas e uma prevalência de 0,018%. Nenhum dos 167 países abrangidos pelo índice está isento de escravatura, notam os autores do estudo.

“Temos melhores formas de medir e isso mostra que a situação é mais grave do que pensámos originalmente”, diz ao PÚBLICO Fiona David, directora executiva do departamento de pesquisa global da Walk Free Foundation, que produziu o IGE divulgado nesta terça-feira. “Este modelo dá-nos resultados mais precisos: em alguns países as estimativas baixaram, noutros aumentaram. A fotografia está a ficar muito mais nítida.”

Boas notícias em relação a Portugal: aparece em 6.º lugar no ranking dos países cujos governos estão a tomar mais medidas contra a escravatura, a seguir à Holanda, Estados Unidos, Reino Unido, Suécia e Austrália. Para este item foram usadas respostas a 98 indicadores de boas práticas que tivessem em conta factores como leis, apoio a vítimas ou aplicação de determinados standards no trabalho. Fiona David esteve em Portugal e aplaude a existência de um organismo de combate a este fenómeno, o Observatório do Tráfico de Seres Humanos, por exemplo. O trabalho do governo e da sociedade civil contra a escravatura, o facto de existirem abrigos para vítimas, um plano nacional que faz com que as organizações no terreno trabalhem em conjunto ou o treino para instituições que estão à frente no terreno foram factores que fizeram com que o índice atribuísse o 6.º lugar a Portugal.

A escravatura moderna foi encontrada em várias indústrias: na pesca na Tailândia, no algodão no Uzbequistão e Turquestão e na construção no Qatar. Foi ainda identificada em trabalhadores domésticos de diplomatas, em zonas controladas pelo autoproclamado Estado Islâmico e em zonas afectadas por desastres naturais, como o Nepal ou a República Democrática do Congo. “Afecta todos nós, da comida aos bens que consumimos”

O termo escravatura moderna é usado de diferentes maneiras em diferentes países, e é alvo de intensos debates. Para o IGE, escravatura moderna implica o controlo ou posse de uma pessoa, retirando-lhe a sua liberdade individual, com intenção de a explorar. As pessoas são escravizadas através de redes de tráfico humano, trabalho forçado, servidão por dívidas, casamento forçado ou exploração sexual. Em relação a Portugal, Fiona David diz que “as pessoas podem ter sido recrutadas por ofertas de trabalho falsas, são muitas vezes imigrantes, foram-lhes tirados os seus documentos ou são usados outros meios para não os deixar ir”, explica.
Guerra e migrações

Na Europa estimam-se em 1.243.400 as pessoas escravizadas, ou seja, 2,7% do total. A Macedónia tem a taxa de prevalência mais alta sobre o conjunto da população (0,639%) e o Luxemburgo, Irlanda, Noruega, Dinamarca, Suíça, Espanha, Reino Unido, França, Áustria e Alemanha o valor mais baixo (0,018%). “Apesar de ter a menor percentagem regional de escravatura moderna, a Europa continua a ser um destino, e de forma menor uma fonte, para a exploração de homens, mulheres e crianças em trabalhos forçados e exploração sexual”, lê-se no IGE.

Num relatório deste ano da Organização Internacional do Trabalho feito com imigrantes que viajaram na bacia do Mediterrâneo, 7,2% dos 2400 inquiridos tiveram experiências de tráfico de seres humanos, cita o IGE. Esta é uma das razões que leva o relatório a sublinhar que, em 2016, as vagas migratórias aumentaram imenso a vulnerabilidade à escravatura moderna. A vulnerabilidade pode ser aumentada por vários factores, como ausência de protecção, segurança física ou acesso a necessidades básicas como comida, água ou protecção médica.

De acordo com o índice, o único no mundo sobre a escravatura moderna, a Índia continua a ser o país com o maior número de pessoas escravizadas (18,3 milhões estimados), sendo a Coreia do Norte o que tem a maior prevalência (4,37% da população) e a menor resposta governamental — existe informação que aponta para que cidadãos norte-coreanos sejam sancionados pelo governo com trabalhos forçados.

A escravatura moderna foi encontrada em várias indústrias: na pesca na Tailândia, no algodão no Uzbequistão e Turquestão e na construção no Qatar. Foi ainda identificada em trabalhadores domésticos de diplomatas, em zonas controladas pelo autoproclamado Estado Islâmico e em zonas afectadas por desastres naturais, como o Nepal ou a República Democrática do Congo. “Afecta todos nós, da comida aos bens que consumimos”, lê-se.

Os dados mostram que 124 dos países analisados criminalizam o tráfico de seres humanos e 96 têm planos nacionais para tal.

“Os países que têm as maiores taxas de prevalência de escravatura são aqueles onde as sanções são menores e onde as pessoas estão mais vulneráveis por causa da pobreza, por exemplo”, diz ao PÚBLICO Andrew Forrest, fundador da Walk Free. “Estão mais propensas a envolverem-se em trabalho forçado e em redes de tráfico humano. Aí, os governos têm que tomar medidas que garantam que as pessoas são punidas.” Para o australiano, é urgente “a consciencialização global do fenómeno e da população de cada país”. “É preciso que as pessoas parem de negar que a escravatura existe.”

Notícia corrije 2,7% da população europeia para 2,7% do total e actualiza mais países europeus com taxas de prevalência menores além do Luxemburgo.

Outras tendências no tráfico e consumo de drogas

Natália Faria, in Público on-line

Do tráfico por via electrónica às novas drogas sintéticas, muito continua mudar na oferta de drogas na Europa e no mundo.

Tráfico vale 24,3 mil milhões de euros

O mercado retalhista de drogas ilícitas na União Europeia valia 24,3 mil milhões de euros em 2013, de acordo com uma estimativa conservadora do Observatório Europeu da Droga e da Toxicodependência. Os produtos de cannabis, com um valor retalhista estimado de 9,3 mil milhões de euros, eram responsáveis por 38% do mercado total, constituindo assim a maior quota do mercado europeu de drogas ilícitas. Seguiam-se a heroína, com um valor estimado de 6,8 mil milhões de euros, e a cocaína, com um valor estimado de 5,7 mil milhões. A América do Sul, a Ásia Ocidental e o Norte de África são origem de grande parte das drogas ilícitas que entram na Europa, sendo as novas substâncias psicoactivas oriundas da China e da Índia. Mas a Europa também é uma região produtora de cannabis e drogas sintéticas: “a primeira é sobretudo produzida para consumo local, enquanto algumas drogas sintéticas se destinam à exportação”.

Na última década, uma percentagem cada vez mais significativa do tráfico faz-se por via electrónica, seja na Internet “de superfície”, com a venda de químicos precursores não controlados, de novas substâncias psicoactivas ou de medicamentos falsificados ou contrafeitos. Mas o comércio ilegal de drogas opera também na Internet “oculta” (deep web), através de mercados privados ou encriptados, como o Alphabay ou o extinto Silk Road. Com características muito semelhantes ao eBay ou à Amazon, mas dedicados à venda de serviços e bens ilícitos, estes mercados privados protegem a privacidade dos utilizadores com recurso a tecnologias cada vez mais avançadas. E tendem a crescer nos próximos anos.
Apreensões: cannabis no topo da lista

A cannabis é a droga com maior número de apreensões, correspondendo a mais de três quartos das apreensões efectuadas na Europa (78%). A cocaína ocupa o segundo lugar (9%), seguida pelas anfetaminas (5%), pela heroína (4%) e pela MDMA (2%). Ainda quanto à cannabis, e entre marijuana e haxixe, em 2014 foram notificadas 682.000 apreensões na União Europeia. Nesse mesmo ano, Portugal somou 4.027 apreensões de haxixe e marijuana, para um total de 32.985 quilos daquela substância apreendidos.

A Espanha, porém, continua a ser um importante ponto de entrada na Europa da cannabis produzida em Marrocos, tendo sido por isso responsável por dois terços da quantidade total apreendida na Europa em 2014. Aliás, a Espanha foi, juntamente com o Reino Unido, responsável por cerca de 60% das apreensões realizadas na União Europeia. Os dados relativos às apreensões apontam também para um crescimento continuado do mercado de novas drogas. Em 2014, foram efectuadas quase 50.000 apreensões de novas substâncias em toda a Europa, com um peso aproximado de quatro toneladas. E os canabinoides sintéticos foram responsáveis pela maioria das apreensões (quase 30.000, o equivalente a 1,3 toneladas)
Oferta de heroína volta a crescer

O Afeganistão continua a ser o maior produtor ilegal de ópio a nível mundial e o maior fornecedor da heroína encontrada na Europa. Contudo, a descoberta de dois laboratórios de conversão de morfina em heroína em Espanha e na República Checa levou os autores do relatório a apontar a possibilidade de a heroína estar também a ser fabricada actualmente na Europa. Os dados relativos ao número de apreensões de heroína apontam para um declínio de cerca de 50.000 apreensões em 2009 para apenas 32.000 em 2014. A quantidade de heroína apreendida também revelou um declínio, tendo passado de 10 toneladas em 2002 para cinco toneladas em 2012. Porém, em 2014, a quantidade de heroína apreendida voltou a subir para as 8,9 toneladas, com vários países a registar apreensões recorde de heroína em 2013 e 2014. Existe assim “um potencial para uma maior oferta desta droga”, lê-se no relatório, consubstanciado também no facto de a pureza daquela substância ter aumentado em 2014.
Detectadas 98 novas substâncias em 2015

Em 2015, o Observatório Europeu da Droga e da Toxicodependência detectou 98 novas substâncias psicoactivas. Elevou-se assim para 560 o número de novas substâncias monitorizadas por aquele organismo, das quais 380 (70%) foram detectadas nos últimos cinco anos. Entre os psicoactivos (catinonas sintéticas, fenetilaminas, opiáceos, benzodiazepinas…), destacam-se os 160 novos canabinoides sintéticos detectados desde 2008, incluindo os 24 novos canabinoides comunicados em 2015. Os canabinoides sintéticos são vendidos como substitutos “legais” da cannabis e podem ser publicitados como uma “mistura exótica de incenso” e “não destinado a consumo humano”, numa tentativa de contornar as leis de defesa do consumidor e dos medicamentos. As autoridades europeias reiteram, por isso, a preocupação com a rapidez com que os produtores conseguem colocar novos canabinoides no mercado, logo que os produtos existentes são sujeitos a medidas de fiscalização.
MDMA com 6,1 milhões de comprimidos apreendidos

Os comprimidos de ecstasy voltaram a ser o principal produto de MDMA presente no mercado europeu. Após um período em que os relatórios sugeriam que a maioria dos comprimidos vendidos como ecstasy não continha MDMA (ou apenas a continham em doses reduzidas), os dados mais recentes sugerem que essa situação mudou e apontam um aumento de oferta, tanto de comprimidos de MDMA de dosagem elevada, como sob a forma de pó ou cristais. Sem surpresas, os autores do relatório apontam o recrudescimento da sua produção, tradicionalmente concentrada em redor dos Países Baixos. Os dados disponíveis estimam que poderão ter sido apreendidos 6,1 milhões de comprimidos de MDMA na Europa em 2014.


Rede Europeia Anti-Probreza congratula-se com medidas do Programa Nacional de Reformas

in SicNotícias

A Rede Europeia Anti-Pobreza congratulou-se com a atenção dada às questões da pobreza e das desigualdades sociais no Programa Nacional de Reformas 2016, elogiando o compromisso de reforçar as prestações sociais para as situações de pobreza extrema.

Numa análise ao Programa Nacional de Reformas (PN/Reformas) enviado à Comissão Europeia no final de abril, a Rede Europeia Anti-Pobreza considera que o documento demonstra "uma atenção mais específica às questões sociais, nomeadamente à pobreza e exclusão social e à dimensão das desigualdades sociais que se agravou consideravelmente nestes últimos anos", na sequência da crise e das medidas de austeridade.

"Salienta-se um compromisso muito importante: reforço das prestações sociais direcionadas para situações de pobreza extrema, famílias com crianças, idosos e trabalhadores de baixos rendimentos", refere uma nota da Rede Europeia Anti-Pobreza divulgada quarta-feira à tarde.

Como positivo, esta organização não-governamental (ONG) destaca a criação e atribuição de um apoio pecuniário, de caráter extraordinário, atribuído durante um período de seis meses a desempregados inscritos nos centros de emprego que tenham cessado o período de concessão do subsídio social de desemprego inicial ou subsequente há um ano.

Entre os destaques positivos, surge ainda a atualização progressiva do salário mínimo que, em janeiro de 2016, passou para 530 euros por mês.

É ainda elogiada a criação de um sistema de indicadores de alerta de precariedade social (abandono escolar, problemas de saúde, etc) que permitam controlar o impacto das políticas e das medidas.

Como lacunas do Programa Nacional de Reformas, a Rede Europeia Anti-Pobreza queixa-se da ausência de referência à situação dos sem-abrigo em Portugal, sobretudo no que respeita ao reforço da estratégia nacional para a integração deste grupo populacional.

A ONG recomenda a Portugal a criação de uma Estratégia Nacional para a Erradicação da Pobreza, e a implementação efetiva da recomendação que aponta para o investimento de pelo menos 20% do Fundo Social Europeu no combate à pobreza e sua monitorização.

É ainda sugerida a criação de orientações específicas para a remuneração mínima mensal garantida, caminhando para o seu "progressivo aumento e consequente aproximação de níveis capazes de garantir uma vida digna".

Lusa

Observatório Europeu alerta para aumento do consumo de ecstasy

in SicNotícias

O Observatório Europeu da Droga e da Toxicodependência alerta para um preocupante aumento nos consumos de ecstasy. O relatório deste ano revela que as drogas sintéticas são agora procuradas também por uma nova geração de jovens. A Internet tem sido um forte auxiliar nas vendas.

Rede Europeia Anti-Pobreza congratula reforço das prestações sociais

in Esquerda.net

Numa análise ao Programa Nacional de Reformas 2016, a REAPN salienta “um compromisso muito importante: reforço das prestações sociais direcionadas para situações de pobreza extrema, famílias com crianças, idosos e trabalhadores de baixos rendimentos”.

No comunicado divulgado esta quarta-feira, a Rede Europeia Anti-Pobreza refere que o Programa Nacional de Reformas 2016 demonstra “uma atenção mais específica às questões sociais, nomeadamente à pobreza e exclusão social e à dimensão das desigualdades sociais que se agravou consideravelmente nestes últimos anos”, na sequência da política de austeridade imposta pelo governo PSD/CDS-PP.

“Salienta-se um compromisso muito importante: reforço das prestações sociais direcionadas para situações de pobreza extrema, famílias com crianças, idosos e trabalhadores de baixos rendimentos”, aponta a nota da Rede Europeia Anti-Pobreza.

A organização não-governamental (ONG) ressalta a criação e atribuição de um apoio pecuniário, de caráter extraordinário, durante um período de seis meses a desempregados inscritos nos centros de emprego que tenham cessado o período de concessão do subsídio social de desemprego inicial ou subsequente há um ano.

A atualização progressiva do salário mínimo que, em janeiro de 2016, passou para 530 euros por mês, também é destacada pela REAPN.

A ONG elogia ainda a criação de um sistema de indicadores de alerta de precariedade social, que permita controlar o impacto das políticas e das medidas.

A Rede Europeia Anti-Pobreza alerta, contudo, para a ausência de referência à situação dos sem-abrigo em Portugal e recomenda a criação de uma Estratégia Nacional para a Erradicação da Pobreza, e a implementação efetiva da recomendação que aponta para o investimento de pelo menos 20% do Fundo Social Europeu no combate à pobreza e sua monitorização.

No comunicado é ainda sugerida a criação de orientações específicas para a remuneração mínima mensal garantida, caminhando para o seu “progressivo aumento e consequente aproximação de níveis capazes de garantir uma vida digna”.

30.5.16

Isabel Jonet: “Distribuir alimentos não é dar restos de comida”

Catarina Marques Rodrigues, in o Observador

São 25 anos de Banco Alimentar, quase todos com Isabel Jonet à frente. Em entrevista ao Observador, fala sobre as polémicas, confessa-se fã de redes sociais e garante que o BA continua a inovar.

A polémica do Facebook e dos desempregados já lá vai. Hoje, Isabel é tão fã das redes sociais que o slogan do Banco Alimentar Contra a Fome mudou de “Alimente esta ideia” para “Partilhar sabe bem”. A instituição celebra 25 anos e Isabel Jonet já conta 23 à frente da instituição. “Eu sou voluntária. Não sou mais nem menos que os outros”, sublinha.

A também presidente da Federação Europeia dos Bancos Alimentares defende a rede com unhas e dentes. Confessa que hoje fazer voluntariado é apetecível para o currículo, fala sobre as novas famílias pobres e explica porque é que os mais velhos têm mais dificuldade em pedir ajuda. Na véspera da 49ª campanha, a realizar este sábado e domingo, Isabel Jonet sublinha: “Distribuir alimentos não é dar restos de comida”.

São 25 anos de Banco Alimentar. Qual é o perfil da pessoa que hoje pede ajuda ao Banco Alimentar Contra a Fome?
Em Portugal podemos apontar dois tipos de pobreza: a pobreza estrutural e a pobreza conjuntural. A pobreza estrutural está mais ligada à idade: os mais idosos que têm baixíssimas pensões de reforma, os deficientes sem recursos ou os sem-abrigo. Sempre houve em Portugal famílias pobres, mas nos últimos anos surgiu um novo perfil de beneficiários do Banco Alimentar. São pessoas que nunca pensaram que fossem ficar numa situação de pobreza. E estão nessa situação por dois grandes motivos: primeiro, pelo desemprego; segundo, pelo sobre-endividamento. Ou por um divórcio, por exemplo. E essas pessoas pedem apoio às instituições de solidariedade social.

E depois como é que recebem o apoio do Banco Alimentar?
Bom, os bancos alimentares não entregam nada diretamente às pessoas carenciadas. Isso não seria bom. Se nós nos limitássemos a entregar comida, não estávamos a ajudar à autonomização das famílias. Hoje há 21 bancos alimentares em todo o território nacional e cada um celebra protocolos de parceria com instituições da sua zona de residência. Os bancos alimentares entregam os produtos às instituições e são as instituições que os entregam às famílias. Quando procuram ajuda diretamente ao Banco Alimentar nós não damos, mas encaminhamos para a instituição da sua zona de residência. E as instituições, quando levam o pão, levam esperança, levam afeto, levam educação, levam conhecimento. E a certeza de que estas pessoas pobres não estão sozinhas. Estes alimentos servem para lhes ajudar a mudar a vida.

"Ao darem o alimento, as instituições ensinam as pessoas a ganhar competências. As mulheres, por exemplo, podem ensinar a cuidar da casa"

É um bocadinho como o provérbio? Não dar (só) o peixe mas ensinar a pescar?
O peixe dá forças para que estas famílias possam aprender a pegar na cana. Quem as ensina a pegar na cana são as instituições. Ao entregar alimentos às instituições, o Banco Alimentar faz com que as instituições tenham mais capacidade de ajudar porque têm mais comida, logo, poupam recursos. E podem apoiar pessoas que necessitam de comida, pessoas às quais não podiam chegar porque não tinham capacidade. Este trabalho do Banco Alimentar com as instituições é uma das maiores redes de parceria e de solidariedade que há em Portugal. É uma rede de confiança. Nós angariamos alimentos e as instituições distribuem-nos às famílias que conhecem muito bem. Conhecem cada uma de perto, conhecem as suas necessidades. Quando uma mãe vai com os filhos pedir ajuda, a instituição sabe se ela vacinou o filho, se ela põe o filho na creche ou na escola. Ao dar-lhe o alimento, podem ensiná-la a ganhar competências para fazer outras coisas.

Por exemplo?
As mulheres podem ensinar a cuidar da própria casa. Quando distribuem alimentos a idosos, ajudam a cuidar da higiene pessoal do idoso. E o mais importante é que esse idoso não está sozinho. Uma das razões para os aumentos de pedidos de ajuda é porque as instituições confiam muito nos bancos alimentares.

21 Bancos Alimentares

Há 21 bancos alimentares espalhados pelo país.
Distribuem 120 toneladas de comida por dia a 2600 instituições.
Essas instituições apoiam 430 mil pessoas.

As pessoas hoje ajudam mais ou menos?
Há mais pessoas a ajudar. E ajudam com tudo o que podem. Nos 3 últimos anos as pessoas não podiam ajudar tanto, mas não queriam deixar de ajudar. Uma campanha do Banco Alimentar envolve um milhão de sacos. Pelos 21 bancos alimentares, é à volta de 2600 toneladas de comida. Foi o que conseguimos na última campanha. As campanhas são muito importantes porque nós recolhemos produtos básicos como o leite, o arroz, o óleo, o azeite, os enlatados, cereais de pequeno-almoço, açúcar, etc. Mas também são a maior ação de voluntariado organizado que há em Portugal. São 42 mil pessoas que vestem a mesma camisola, que sabem que estão ali para que outros comam.

A Isabel é voluntária desde 1993. Ter voluntariado no currículo é hoje uma das principais razões para se querer ser voluntário?
É muito interessante perguntar isso. Acho que o voluntariado mudou muito. O voluntariado tem muito a ver com a educação. Os filhos de voluntários fazem voluntariado. Mas hoje em dia o voluntariado jovem é completamente diferente. Tem mais a ver com participação. “Não sou só voluntário porque sou bonzinho, ou porque sou católico”. Hoje muitos jovens fazem voluntariado porque isso enriquece os currículos. E porque as empresas valorizam. Muitas universidades têm cadeiras de voluntariado. Hoje em dia é muito comum os alunos acabarem a universidade e fazerem um ano sabático de voluntariado. Ou irem para países de África. É costume em Portugal, como é em outros países. Até a filha do Obama foi fazer um ano de intervalo de voluntariado.


E o voluntariado por descarga de consciência?
Isso não existe com os mais jovens. Os mais jovens não têm essa noção de limpar pecadilhos.

Existe nos mais velhos?
Sim. Mas eu não vejo isso assim. Diria que é mais devolver à sociedade alguma coisa que a sociedade lhes deu. Nós temos muitos voluntários que foram quadros superiores de empresas. Tiveram uma vida profissional muito plena, muito preenchida e muito ativa e, de repente, vêm-se na reforma. Alguns até muito novos. E aí pensam: ‘porque é que eu hei de ir já para a reforma e não hei de ir dar o meu tempo e saber ao serviço de quem precisa?’

isabel jonet, banco alimentar,
Isabel Jonet tem 56 anos e cinco filhos. A mais velha tem 32 anos e o mais novo tem 15. É presidente do Banco Alimentar Contra a Fome há 23 anos. (HUGO AMARAL/OBSERVADOR)

Acha que as redes sociais podem ajudar à cidadania?
Claro que sim. As redes sociais são todo o tipo de redes em que pessoas se juntam. O Banco Alimentar é uma rede social. Mas eu acredito muito nas redes sociais da internet. Acredito tanto que esta campanha tem aliás como mote: “Partilhar sabe bem”. Ao fim destes anos todos decidimos mudar a assinatura “Alimente esta ideia”, que era a marca do Banco Alimentar, para “Partilhar sabe bem”.

E essa decisão teve a ver com a importância dada às redes sociais?
Teve, sim. Hoje em dia toda a gente partilha alguma coisa, todos os dias. Partilha uma fotografia, partilha uma história, partilha um filme, muitas famílias têm os filhos fora e falam no Skype. Ou fazem um like. Partindo desta ideia de que partilhar é simples, o nosso desafio para as pessoas é: se partilhar é tão fácil e se nós todos partilhamos, então partilhemos com quem mais precisa e por quem mais precisa. Partilhemos então, contribuindo para a campanha do Banco Alimentar.

A Isabel tem Facebook?
Tenho, claro. Senão como é que via as páginas de Facebook do Banco Alimentar?

E Instagram? E Twitter?
Twitter não. Mas tenho Instagram e gosto muito.

O que é que gosta de pôr?
Gosto de pôr coisas que me surpreendam. Uma paisagem, uma cobra que passe na estrada… Coisas que me surpreendam. Não gosto de me pôr a mim.

Tem mais alguma rede social?
Tenho Whatsapp. Sou um bocadinho viciada, confesso. Tenho três filhos (dos cinco) que moram no estrangeiro. Dois em Londres e uma na Áustria. Se não tivesse WhatsApp como é que falava com eles?

Acha que foi mal interpretada quando em 2014 disse que “o pior inimigo dos desempregados são as redes sociais”?
Eu acho que há sempre pessoas que gostam de fazer as suas próprias interpretações. Eu mantenho rigorosamente tudo aquilo que disse. Muitas vezes, quando estamos agarrados a realidades que não são verdadeiras, até perdemos algumas hipóteses que existem no mundo real. Na internet consegue-se muitas boas coisas, mas não podemos esgotar-nos naquilo que é uma realidade virtual quando vivemos num mundo que é real.

Sabe que criaram uma página de Facebook em 2012 para a apoiarem, que se chama “Isabel Jonet, 20 anos a alimentar Portugal”?
Foi? Não, não sabia.

Foi na altura da polémica dos “bifes”. Quando a Isabel disse: “Temos de reaprender a viver mais pobres” e que: “Se não temos dinheiro para comer bifes todos os dias, não podemos comer bifes todos os dias”. Surgiu uma petição pública para que se demitisse e depois surgiu esta página de apoio.
Sim… Sabe, eu acho que as polémicas não servem para nada. Quando se pensa no trabalho que o Banco Alimentar faz há 25 anos e que envolve milhares de pessoas em todo o país, pessoas completamente anónimas, que dão o seu tempo, o seu esforço… Eu fico muito agradecida por ter havido um conjunto de pessoas que decidiram unir-se. Não é para defender a Isabel Jonet, não. Decidiram unir-se para reagir contra uma idiotice de meia dúzia de pessoas, que, se calhar, interpretaram-me mal. Ou quiseram interpretar mal. Eu não entro nada nessas polémicas quando nós aqui alimentamos pessoas que não têm o que comer. Essas coisas não têm interesse.

"Acredito tanto nas redes sociais que esta campanha tem como mote: 'Partilhar sabe bem'. Ao fim destes anos todos, decidimos mudar a assinatura 'Alimente esta ideia' para 'Partilhar sabe bem'".

Qual é o grande valor do Banco Alimentar?
Nós aqui recuperamos todos os dias alimentos que tinham como destino provável o lixo, quando estavam em bom estado. A nossa missão é lutar contra o desperdício alimentar. Os bancos alimentares nasceram nos EUA, quando um homem foi à janela e viu uma mulher que estava a mexer no caixote do lixo porque tinha 8 filhos e não tinha o que lhes dar de comer. Esse homem pensou na injustiça que era haver uma mulher que tinha de ir ao lixo para alimentar os filhos. Então telefonou a um amigo que era produtor de batatas e perguntou se ele não tinha umas batatas a mais. Nesse dia à tarde, tinha um camião TIR de batatas em frente à casa dele. Aí percebeu que havia excedentes de produção na agricultura e, por outro lado, havia carências em famílias pobres. Foi buscar onde sobra para entregar onde falta. Depois esta ideia foi importada para França e chega a Portugal em 1991, como o 5º país europeu a receber a ideia.


1 milhão

É o número de sacos conseguidos em média numa campanha do Banco Alimentar Contra a Fome.
Na última campanha, os 21 bancos alimentares conseguiram 2600 toneladas de comida.

O sistema do Banco Alimentar é o melhor sistema a funcionar? No meio de tantos sistemas de solidariedade que têm surgido?
Acho que é um sistema que funciona porque tem um modelo de gestão. Os bancos alimentares são geridos como empresas. São transparentes, têm as contas auditadas, têm higiene e segurança. Muita organização. Todos os corpos sociais dos 21 bancos alimentares são voluntários. Eu sou voluntária. Mas é uma opção de vida. Eu não sou mais nem menos que os outros. Sou igual. Estou é cá há mais anos (risos). Acho que é um sistema que funciona porque nunca se desfocou da sua missão: lutar contra o desperdício de alimentos para entregar a instituições que os entregam às pessoas. Se os bancos alimentares tivessem começado a angariar roupa ou o que seja, tinham-se desfocado da sua missão. Se tivessem entregado os alimentos diretamente às pessoas pobres, tinham-se desfocado da sua missão. Mas temos sido muito inovadores na forma como recolhemos os alimentos.

Que inovações têm feito?
As campanhas representam 20% daquilo que é distribuído pelos bancos alimentares. Os outros 80% são doações diárias da indústria agrícola, cadeias de distribuição, mercados e abastecedores ou particulares que entregam produtos todos os dias. Mas posso falar de dois projetos. Um é a campanha “Papel por alimentos” em que pedimos às instituições para nos darem jornais, revistas, livros de estudo antigos. Temos uma parceria com um reciclador que, por cada tonelada de papel, nós dá à volta de 90 euros em comida. As instituições vinham buscar os produtos de carro vazio e agora trazem-nos o papel. Essas toneladas de papel significam milhares de quilos de alimentos. Outro é o projeto “Hortas nas prisões”. Nas prisões há espaço livre, os reclusos têm tempo livre, então nós propomos fazer hortas nas prisões que os reclusos tratam e cuidam. Depois os alimentos vêm para o Banco Alimentar. O facto de trabalharem na horta permite que eles cultivem alimentos mas também que, através do ritmo da natureza, aprendam a aceitar aquela pena que passou a ser não só punitiva mas também reparadora.

Mas em relação às campanhas: antes havia só a campanha dos sacos. Primeiro os sacos eram de plástico, agora já há dois anos são sacos de papel. E hoje temos três modalidades de campanha: os voluntários com os sacos, uma campanha com vales que é a Ajuda Vale e temos uma campanha na internet já há seis anos. E aqui é importante o apoio das empresas que acreditam.



"O facto de os reclusos trabalharem na horta permite que, através do ritmo da natureza, aprendam a aceitar aquela pena que passou a ser não só punitiva mas também reparadora"

Isabel Jonet, sobre o projeto "Hortas nas prisões"

É a tal responsabilidade social a funcionar?
Sim. As empresas dão-nos os seguros, os transportes, as plataformas informáticas, os empilhadores que usamos na campanha, o transporte dos empilhadores, a alimentação dos voluntários, a cedência do espaço nos armazéns, a publicidade… Tudo isso é oferecido. Para conseguir o dia-a-dia, são milhares de empresas que acreditam e suportam a atividade. Em 1994, logo no começo, nós publicámos um folheto para as empresas em que pedíamos “parceiros de negócio da luta contra a fome”. Ou seja, não estamos a pedir apenas um donativo. Pedimos parcerias de negócio. Pedimos às empresas que nos deem o que sabem fazer de melhor. Às seguradoras, seguros; às de publicidade, publicidade. Mas é uma parceria em que as empresas ganham por se associarem ao Banco Alimentar.

Mas ganham como?
Primeiro, porque têm benefícios fiscais. Depois, quando nos dão produtos excedentes, evitam custos de destruição. Mas ganham sobretudo porque o Banco Alimentar lhes dá a certeza de que a sua marca tem uma parceria de confiança.

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Isabel Jonet, fotografada na sede do Banco Alimentar Contra a Fome em Alcântara, Lisboa. (HUGO AMARAL/OBSERVADOR)

Acha que hoje, com a quantidade de instituições que existem, quase que há uma luta para cada uma ter o seu público? Tanto de doadores como de pessoas ajudadas.
Em Portugal, a maioria das instituições vive do apoio do Estado (através do Instituto de Solidariedade Social) mas muitas vezes com donativos. É muito legítimo que as instituições queiram fidelizar os seus doadores e que lutem para os manter. Para mim, na caridade ou na solidariedade não se compete. É-se complementar. Há espaço para todas. É preciso não esquecer que o impacto da crise económica não foi tão grande por causa da nossa rede de instituições, que serve como almofada para as famílias.

Por vezes não falta colaboração entre as instituições?
Por vezes até pode parecer que há uma sobreposição. Muitas instituições a fazerem o mesmo.

A Refood, por exemplo, está a sobrepor-se ao Banco Alimentar?
São diferentes. Não há sobreposição porque a Refood distribui comida confecionada em restaurantes e cantinas e o Banco Alimentar não distribui comida confecionada. Quando o Hunter Halder (fundador da Refood) começou o projeto, veio falar comigo para se apresentar. Sabe que eu como estou aqui há tantos anos, hoje em dia já sou uma referência. Veio perguntar-me o que eu achava do projeto e eu disse que achava ótimo. A Refood é um projeto fantástico. Disse-lhe só para acautelar a higiene e segurança dos alimentos. É preciso assegurar que a comida está em ótimas condições. Eu tenho muito essa preocupação aqui. Distribuir alimentos não é dar restos de comida. É o contrário: contribuir para que possam ter uma vida melhor. Ajudar a alimentar é ajudar a dar mais força para agarrar na cana.

"Só se pode lutar contra a pobreza através da educação e da formação, mas depois tem de haver sítios para as pessoas trabalharem"

Acha que os direitos e as causas sociais podem ser uma arma política?
Acho que não deviam, mas podem. Os direitos sociais devem ser garantidos por todos e para todos. São os direitos do ser humano.

Mas há partidos que invocam mais os direitos sociais?
Há, claro. Reivindicam para si aquilo que não tem que ver com ideologia. Acho que o Estado deve estar cá para garantir os direitos sociais e isso não tem a ver com política ou ideologia. Os direitos sociais deviam ser independentes do governo que ganha as eleições. Mas é giro porque uma das diferentes abordagens das pessoas consoante a idade é a interpretação dessa designação de direitos sociais. É por isso que os mais velhos não pedem tanta ajuda.

São menos reivindicativos?
Os mais velhos não consideram que tenham o mesmo direito a essa ajuda. Muitas vezes têm vergonha de pedir ajuda porque não a olham como um direito. Acham que não a merecem. Os maiores casos de pobreza envergonhada são de pessoas mais idosas.

Os portugueses têm dificuldade em pedir ajuda?
Já tiveram mais do que hoje em dia. Há muitos portugueses que ainda vivem muito mal. E têm de pedir ajuda. Em Portugal há um milhão de pessoas que vive com menos de 250 euros por mês e há dois milhões de pessoas que vivem com menos de 450 euros por mês. Um quinto da população portuguesa vive com menos de 450 euros por mês. Essas pessoas, nomeadamente os idosos e muitos com mais de 80 anos, quando têm baixas pensões de reforma, têm de escolher entre comer, pagar os remédios, pagar a renda da casa, pagar a água, pagar a luz. Quando têm 250 euros por mês, têm sempre de ser ajudadas. As instituições minoram sofrimentos e ajudam a dar uma vida mais digna. Só se pode lutar contra a pobreza através da educação e da formação, mas depois tem de haver sítios para as pessoas trabalharem. Se as pessoas não têm educação, então é que nunca mais têm empregos onde possam ganhar dinheiro para poderem ser autónomas.

Recibos verdes: menos de 1000 pessoas tiveram direito a subsídio de desemprego

in Esquerda.net

Subsídio de desemprego para trabalhadores independentes, introduzido como medida de propaganda por Pedro Mota Soares, continua a não abarcar a larga maioria de quem trabalha a recibos verdes.

A secretária de Estado da Segurança Social, Cláudia Joaquim, apresentou os dados de acesso ao subsídio de desemprego por trabalhadores independentes numa reunião da Concertação Social. Citada pelo Público, Joaquim assegurou que até abril a Segurança Social recebeu 4300 pedidos de subsídio de desemprego por parte de trabalhadores independentes, mas que apenas 923 o estão a receber.

O subsídio de desemprego para os trabalhadores a recibos verdes foi uma medida introduzida por Pedro Mota Soares em 2012, mas só começou a ter efeitos em 2013 e o seu acesso é muito restrito: apenas os trabalhadores independentes cujo rendimento era assegurado em 80% ou mais por uma só entidade (logo, no universo dos trabalhadores independentes, os falsos recibos verdes) e que, além disso, tivessem tido descontos para a Segurança Social ininterruptos ao longo dos 48 meses imediatamente anteriores ao despedimento. Como se não bastasse, os trabalhadores ainda têm de provar que estão numa situação de “desemprego involuntário”.

O afunilamento criado por este labirinto legal é evidente, as condições requeridas para o acesso ao subsídio de desemprego a um trabalhador independente são quase similares às condições para reconhecimento do contrato de trabalho. Dos poucos trabalhadores que conseguem cumprir as condições para pedir o subsídio de desemprego, 75% dos pedidos que foram recebidos até abril, informou Cláudia Joaquim, são rejeitados e 3% ainda estão a ser analisados.

Taxa de desemprego mantém-se nos 12%

Lígia Simões, in Económico

Estimativa provisória para o mês de Abril foi revelada hoje pelo INE.

A estimativa provisória da taxa de desemprego para Abril de 2016 situou-se em 12%, tendo-se mantido inalterada face à estimativa definitiva obtida para Março de 2016, segundo a estimativa provisória divulgada hoje pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).

A estimativa provisória da população desempregada para Abril de 2016 foi de 609,8 mil pessoas, o que representa um decréscimo de 0,4% face ao valor definitivo obtido para Março de 2016 (menos 2,5 mil pessoas). Já a estimativa provisória da população empregada foi de 4,485 milhões de pessoas, mantendo-se praticamente inalterada em relação ao mês anterior, avança o INE.

Nestas estimativas foi considerada a população dos 15 aos 74 anos e os valores foram previamente ajustados de sazonalidade.

Solidariedade: Banco Alimentar recolheu perto de duas mil toneladas de alimentos

in Agência Ecclesia

Campanha realizada nos dias 27 e 28 de maio contou com mais de 40 mil voluntários

Lisboa, 29 mai 2016 (Ecclesia) – A campanha do Banco Alimentar Contra Fome realizada no fim-de-semana de 27 e 28 de maio recolheu 1.921 toneladas de alimentos, comprovando a “extraordinária adesão dos portugueses”, informa a organização em comunidade.

“Uma extraordinária adesão dos portugueses e uma renovada manifestação de generosidade e solidariedade para com as famílias com necessidades”, pode ler-se na página da internet da Federação dos Bancos Alimentares Contra Fome.

A campanha dos Bancos Alimentares Contra a Fome foi realizada em 2015 superfícies comerciais das zonas de Abrantes, Algarve, Aveiro, Beja, Braga, Castelo Branco, Coimbra, Cova da Beira, Évora, Leiria-Fátima, Lisboa, Madeira, Oeste, Portalegre, Porto, S. Miguel, Santarém, Setúbal, Terceira, Viana do Castelo, Viseu.

Mais de 40 mil voluntários ajudaram na realização desta campanha, que teve por lema “Partilhar sabe bem”, e “apelou à solidariedade, ao voluntariado e à união social, reforçando a importância do contributo e envolvimento de cada um, numa partilha com os que têm mais necessidades, retomando um dos valores do Banco Alimentar e estabelecendo uma analogia com a partilha nas redes socias”.

“Os Bancos Alimentares expressam a sua pública gratidão pela confiança sempre renovada de todos quantos contribuíram com alimentos, voluntariado e serviços”, refere o comunicado da Federação Portuguesa dos Bancos Alimentares Contra a Fome.