9.5.17

A pobreza das nações

Celso Filipe, in Negócios on-line

A vitória de Macron nas presidenciais francesas é muito mais do que uma injecção de calma para quem receia os extremismos. É sobretudo um desassossego para os actuais sistemas de representação política.

A vitória de Emanuel Macron nas presidenciais francesas é muito mais do que uma injecção de calma para quem receia os extremismos. É sobretudo um desassossego para os actuais sistemas de representação política e os seus protagonistas. Macron, um liberal europeísta, derrotou na primeira volta os candidatos apoiados pelas máquinas partidárias e travou a batalha final com Marine Le Pen. Muitos foram forçados a "engolir um sapo" – expressão popularizada por Álvaro Cunhal em 1986 quando recomendou o voto em Mário Soares para derrotar Freitas do Amaral – votando em Macron para evitar a vitória da extrema-direita, personificada na líder da Frente Nacional.

O novo presidente francês é uma versão 2.0 da terceira via, corrente de pensamento popularizada no final da década de 90 por Tony Blair. A terceira via do antigo primeiro-ministro inglês e também de Clinton surgiu num ambiente de crescimento económico, em que a ideologia passou a ser vista como uma ferramenta despicienda. Esta terceira via 2.0, procura ser uma resposta aos extremismos populistas que emergiram em resultado do fiasco das estratégias da terceira via original, consubstanciadas num empobrecimento progressivo da classe média europeia e no medo que entretanto se instalou no Ocidente, fruto de políticas externas inconsequentes que desestruturam o Médio Oriente.

A chegada de Macron ao Eliseu transmite tranquilidade, mas é apenas mais um episódio da prolongada "era do vazio" que o Ocidente vive, tal como foi definida por Giles Lipovetsky, uma sociedade marcada pelo desinvestimento público e a menorização do papel das grandes instituições políticas, morais e sociais.

A visão egocêntrica de boa parte do eleitorado e o crescente empobrecimento das nações é pasto suficientemente seco para atear ainda mais o fogo dos nacionalismos, o qual se alimenta de promessas proteccionistas e mais segurança. A resposta de Macron e seus pares a esta realidade, por enquanto, pode ir evitando males menores, mas é manifestamente insuficiente para dar conforto no futuro. Sem uma trajectória de reentrada numa era de crescimento económico e consequente devolução de rendimentos, a Europa estará cada vez mais à mercê de forças como a Frente Nacional.

Neste sentido, a vitória de Macron é apenas um paliativo para uma doença que carece de um tratamento mais sofisticado. Um facto que ficará patente nas legislativas francesas de Junho. Le Pen poderá ter perdido as presidenciais, mas a Frente Nacional irá emergir nesse acto eleitoral em todo o seu esplendor, sublinhando a urgência de mudanças que vão muito além de uma terceira via 2.0.

“Houve muita resistência. Ainda há”

Ana Cristina Pereira, in Público on-line

Portugal não tem uma tradição de organização de grupos vulneráveis, mas há exemplos, como a CASO – Consumidores Associados Sobrevivem Organizados.

Uma Vida como a Arte não é a primeira associação formada por pessoas em situação social vulnerável para reclamar cidadania, influenciar políticas públicas. Há pelo menos 30 anos que o discurso entrou no território nacional. E, volvido este tempo, algo germinou. “Acho que estamos a concluir um primeiro capítulo que é o ser capazes de ceder a possibilidade de as pessoas se pronunciarem”, diz Sérgio Aires, presidente da Rede Europeia Antipobreza – EAPN.

O exemplo mais evidente é o da CASO – Consumidores Associados Sobrevivem Organizados. Gerard Theo Van Dam, percursor das associações de utilizadores de drogas, esteve no Porto em 2007 e inspirou a formação do grupo informal, que acabou por se constituir como associação em 2010. A Agência Piaget para o Desenvolvimento (APDES) foi o motor e ainda fornece apoio logístico, administrativo e jurídico.

“Tenho sentido uma evolução nestes dez anos, mas não significativa”, avalia o presidente da CASO, Sérgio Rodrigues. “Nenhum de nós tem formação académica, tivemos de ler a literatura, de aprender a falar ‘politiquês’, ‘tecniquês’. Conhecemos o terreno, sabemos quais as dificuldades, quais as necessidades, mas ainda não há abertura para nos incluir nas reuniões interministeriais.” Talvez seja uma questão de tempo. “O João Goulão [director-geral do Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências] já disse que ia tentar”.

Nesta matéria, ninguém terá uma acção tão ampla em Portugal como a EAPN, que nasceu da ideia de que as pessoas em situação de pobreza deviam falar na primeira pessoa sobre os seus problemas, encontrar soluções, influenciar as políticas públicas. Tem 18 conselhos locais de cidadãos, um por cada distrito continental.

“Em 2001, quando começámos com isto, queríamos que houvesse uma associação, mas as pessoas não estavam preparadas. Se calhar já estão”, comenta a directora nacional, Sandra Araújo. Há dois anos, houve uma revisão de estatutos. Alguns constituíram-se como membros da rede, podem votar na assembleia-geral, fazer parte dos órgãos distritais. E já estiveram no parlamento a fazer a defesa de uma Estratégia Nacional para a Erradicação da Pobreza.

Sérgio Aires discorre sobre as barreiras à participação. “Quando começámos [em 1989] a falar em promover a participação dos pobres, acusavam-nos de querer instrumentalizá-los”, afiança. “Houve muita resistência. Ainda há.” Não é só o crer que as instâncias de poder são outras. É o não crer que “as pessoas são capazes de analisar a sua situação de forma crítica, de ter uma opinião sobre o que deve ser feito”.

Na opinião de José Queiroz, coordenador nacional da APDES, o conflito é inevitável. De um lado, os profissionais, detentores de um poder assente no conhecimento técnico. Do outro, os “outros”, os que têm um saber que vem da experiencia. O técnico tem de ultrapassar a sua arrogância. E o “outro” tem de ultrapassar a sua desconfiança. A dificuldade, diz, está também “em conseguir trazer essa voz para a comunicação social, para os congressos científicos, para os encontros com outros profissionais, com dignidade”. Mas não basta ouvir, adverte Sérgio Aires. É preciso ter em conta.

"À mesa por África": um projeto de voluntário que parte do 'prato'

in Porto Canal

A 'Associação Leigos para o Desenvolvimento' esta promover refeições solidárias, em parceria com restaurantes do Porto. A ideia é angariar dinheiro para as missões de voluntariado.

"Não é voluntário quem quer"

Sónia Santos Silva, in TSF

A afirmação é de Manuel Campos, presidente da Liga dos Amigos do Hospital de Santo António, no Porto, que está a comemorar 40 anos.

"Ajudar, Estar, Apoiar". É este o lema da Liga dos Amigos do Hospital de Santo António. Em ano de aniversário redondo, a liga que nasceu em 1977, tem quase 270 voluntários que todos os dias prestam apoio aos doentes e seus familiares nesta unidade hospitalar.

Servir um café, emprestar um jornal, dar um sorriso, prestar uma informação e dar apoio moral são pequenos grandes gestos dos voluntários que se distribuem pelo hospital, vestidos com bata branca, onde ostentam "V" ao peito.

2017 é o ano em que a Liga comemora o seu 40º aniversário. Para o presidente, Manuel Campos, o voluntariado faz cada vez mais sentido, num regime de complementaridade com o hospital, assumindo um papel ativo na rotina da instituição.
Manuel Campos, presidente da Liga dos Amigos do Hospital de Santo António, entrevistado por Sónia Santos Silva

Manuel Campos lembra que os voluntários são sujeitos a um processo de formação, em que aprendem a lidar com os doentes e as doenças. Uma preparação que se complementa com o caráter do voluntário. Nas palavras de Manuel Campos "Não é voluntário quem quer. É muito importante ter sempre um sorriso e disponibilidade para ouvir".

França desmantela campo de refugiados em Porte de la Chapelle

in RR

Mais de 300 polícias participam na operação.

As autoridades francesas têm em curso, nesta terça-feira de manhã, uma operação para desmantelar um campo de refugiados no nordeste de Paris, na área de Porte de la Chapelle.

Cerca de mil migrantes vivem neste campo, na sua maioria africanos e afegãos.

Na operação estão envolvidos perto de 350 polícias, que forçam a saída das pessoas.

Em Novembro, foi levada a cabo uma operação semelhante na chamada “Selva” de Calais, no Norte de França. O encerramento desse campo levou a que duplicasse o número de migrantes e refugiados na área de Porte de la Chapelle.
O fim da “Selva” de Calais

No passado fim-de-semana, terão morrido no Mediterrâneo mais de 200 migrantes, entre eles um bebé. Os corpos deram à costa numa praia da Líbia.

Desde quinta-feira, foram resgatadas na mesma costa cerca de 7.500 pessoas, segundo a guarda costeira italiana e líbia. Dois grupos de sobreviventes disseram às organizações humanitárias que centenas de pessoas se afogaram quando os seus barcos de borracha se começaram a esvaziar antes da chegada das equipas de socorro.

Só no sábado, mais de 60 pessoas terão morrido e, no domingo, foram recuperados três corpos na Sicília. O barco que as transportava deixou a Líbia com cerca de 120 pessoas a bordo.

A destruição de uma estrela. Banksy pinta mural contra o Brexit

in RR

Artista de intervenção pintou um mural gigante na fachada de um edifício na cidade portuária de Dover. A destruição da estrela representa o desmantelamento dos ideais de união, solidariedade e harmonia da União Europeia.
Foto: Gerry Penny/EPA

A opinião de Banksy sobre a saída do Reino Unido da União Europeia foi conhecida esta segunda-feira. O misterioso artista de intervenção pintou um mural anti-Brexit, que mostra um operário a partir uma das estrelas da UE.

A destruição à martelada de uma das 12 estrelas da bandeira europeia está localizada na fachada de um edifício em Dover, no Reino Unido, um dos principais portos de exportação britânica para a Europa e para o resto do mundo.

A obra representa o desmantelamento da união, solidariedade e harmonia entre os países europeus, ou seja, tudo o que cada estrela significa.

As obras de arte urbana com a assinatura de Banksy começaram a aparecer nas ruas de Bristol, mas rapidamente se espalharam a Londres e ao resto do mundo.

O artista anónimo é conhecido pelas suas criações artísticas que criticam a sociedade, como por exemplo o gato pintado numa casa destruída pelos militares israelitas na Faixa de Gaza ou um mural nas ruas de Boston com a frase "segue os teus sonhos" com um carimbo de "cancelado" em cima.

As obras de Banksy espalhadas pelo mundo estão avaliadas em, pelo menos, 1,6 milhões de euros.

“É agora que temos de mudar”. A voz das crianças chega ao Parlamento

Rosário Silva, in RR

Substituir o "bullying" pela amizade, apelar à paz e ao uso da tecnologia para preservar o planeta são algumas das mensagens que vão chegar aos deputados.

O que querem para Portugal e para o mundo é o que 140 crianças e jovens vão dizer, na quarta-feira, aos deputados no Parlamento, no decorrer de uma Assembleia Nacional de Crianças (ANC).

Do desenvolvimento pessoal à relação com os outros e com a comunidade, passando pela relação com o planeta, os temas marcam o culminar de um processo participativo que está a decorrer desde 22 Abril e no qual todas as escolas e outras entidades que trabalham com crianças e jovens foram convidadas a participar.

“Já recebemos o contributo de mais de 20 escolas e associações que trabalham com crianças e jovens e, no dia 10, vamos ter 140 crianças e jovens reunidos na Assembleia para dizerem aos nossos deputados o que querem para o país e para o mundo”, explica à Renascença a escritora Sara Rodi, co-responsável da ANC.

A iniciativa acontece no âmbito do Fórum Terra, um projecto dedicado ao tema “Portugal a Cuidar da Casa Comum”, que decorre até 22 de Maio, com actividades em diversos pontos do país.

“Esta é uma oportunidade de ouro para que as crianças e jovens possam mostrar que têm ideias e opiniões muito concretas sobre o futuro do país e do planeta e é uma grande felicidade que a Assembleia da República lhes dedique uma manhã, para que a sua voz seja ouvida”, acrescenta Sara Rodi.

O encontro serve também para ultimar a Carta Aberta de Crianças e Jovens a entregar, posteriormente, a todos os líderes políticos, institucionais e religiosos do nosso país.

“Penso que é tempo de ouvir os futuros cidadãos do nosso país e eles sabem tão bem o que querem e o que é preciso fazer para lá chegar”, refere a escritora que se desdobrou, nas últimas semanas, em encontros com as escolas e associações partilhando o entusiasmo dos participantes.

O que querem os mais novos?

Sara Rodi levanta a ponta do véu e revela que “são muitos os contributos” que vão ecoar na casa da Democracia. Há apelos variados e concretizáveis, assim haja vontade colectiva.

Por exemplo, as crianças consideram que “é possível substituir o bullying pela amizade, para que a escola seja um lugar de paz e confiança em que todas as crianças gostem de estar.”

Numa outra vertente, “acreditamos que é possível fazer da escola uma grande família e conviver com todas as pessoas, não olhando às diferenças que nos separam mas sim àquilo que nos une”, refere-nos.

Por outro lado, há um apelo insistente à paz, com as crianças e jovens a exigirem, segundo a responsável pela organização da ANC, “crescer num mundo que seja uma grande comunidade de paz, em que todos possam circular livremente sem ter de se refugiar e em que a tecnologia e a ciência sejam usadas para preservar e melhorar o planeta.”

“É agora que temos de mudar” vai dizer a Beatriz, sete anos, da Escola Básica nº 2 de Reguengos de Monsaraz, “para que um dia possamos olhar para o planeta com orgulho.”

A Assembleia Nacional de Crianças e Jovens é promovida pela Associação Fazedores de Mudança, Movimento Por Uma Escola Diferente, Cooperativa Horas de Sonho, com o apoio de João Sem Medo - Comunidade de Empreendedores Evolucionários, e contou com o apoio do Conselho Nacional de Juventude, CNE, IPDJ/Plano Nacional de Ética no Desporto e Programa Escolhas. A Assembleia será emitida em directo pela Rádio Miúdos.

Reportagem: Presidente da República prestou "tributo aos voluntários" em ações pelas ruas do Porto

in Diário de Notícias

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa~, passou a noite no Porto a ajudar duas instituições de apoio a sem-abrigo na sua missão de auxílio aos mais desfavorecidos, missão que rotulou de "tributo aos voluntários".

Acompanhado da secretária de Estado da Segurança Social, Cláudia Joaquim, Marcelo viajou na unidade móvel dos Médicos do Mundo até à Boavista, para, de forma privada, falar com alguns dos sem-abrigo que uma vez por semana recebem apoio médico daquela organização.

"Há aqui problemas de saúde mental, de casa e de refeição", sintetizou Marcelo Rebelo de Sousa de um grupo de pessoas "também com problemas de empregabilidade", salientando o papel do Governo na estratégia de integração dos sem-abrigo.

Para o chefe de Estado, a questão dos sem-abrigo "é um problema que se pode resolver", disse após ter assistido na unidade móvel aos cuidados de enfermagem prestados a um sem-abrigo ferido na cara.

Cláudia Joaquim lembrou as "principais medidas da nova estratégia do Governo debatidas recentemente na Assembleia da República", sobre uma realidade que "é muito transversal e em que todos os ministérios têm de estar envolvidos".

"Claro que este é um tributo aos voluntários", disse depois Marcelo Rebelo de Sousa, defendendo uma "coordenação que vá mais longe, que seja mais eficaz" e argumentando que "têm de ser as pessoas na rua a dar o seu contributo para o voluntariado".

E continuou: "não é preciso rejuvenescer o voluntariado, tanto aqui como em Lisboa, várias instituições têm no seu núcleo duro jovens, são eles a componente dominante de várias instituições".

Mais tarde, noutra zona da cidade reuniu-se à Serviços de Apoio Organizações de Maria (SAOM), também ela ativa no apoio aos mais necessitados da cidade, "fornecendo-lhes refeições e roupa" e com eles viajou nas últimas visitas da noite

Antes, teve uma longa conversa com Jorge, de 47 anos, a dormir na rua, de quem quis saber o seu estado de saúde, aconselhando-o quanto à medicação que estava a usar, procurando auxiliar a voluntária dos Médicos do Mundo a mudar a vontade do sem-abrigo de continuar a viver na rua.

Seguiu depois para a Rua Santa Catarina, onde mais um conjunto de conversas terminou com o Presidente da República a dar as três pancadas da praxe na cartola de uma estudante universitária e "selfie" com os voluntários da SAOM, aproveitando as luzes de uma das ruas mais conhecidas do Porto.

Marcelo desafia portugueses a dedicarem-se ao voluntariado

in RR

"Temos de aumentar o número de voluntários no nosso país. Isso é um apelo que é um apelo cívico. É uma questão de responsabilidade social", disse o Presidente de visita ao Porto.
Presidente serviu refeições na Casa da Rua, no Porto. Foto: Estela Silva/Lusa

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, apelou esta segunda-feira ao aumento do voluntariado no país, afirmando que é prioritário que sejam cada vez mais jovens.

Marcelo Rebelo de Sousa, que presidia, no Porto, à sessão de homenagem ao voluntariado da Liga dos Amigos do Hospital de Santo António, lamentou que as últimas estatísticas sobre a área apontem para que "pouco mais de 20% dos portugueses realizou trabalho voluntário", considerando, contudo, que o número é melhor do que há uns tempos embora ainda insuficiente.

"É muito pouco. Mas apesar de tudo é muito mais do que já foi. Recordo-me de tempos quando não havia um incentivo das pessoas e das famílias, das empresas e dos escritórios, em que a média era cinco, seis, sete por cento. Mas temos de convir que 20% é muito baixo ainda", disse o Presidente da República.

"Temos de aumentar o número de voluntários no nosso país. Isso é um apelo que é um apelo cívico. É uma questão de responsabilidade social", frisou.

O chefe de Estado apontou como "prioridade na comunidade" a formação de voluntários, enfatizando a questão da faixa etária: "É uma prioridade renovar etariamente os voluntários. Temos de ter voluntários mais jovens no voluntariado nomeadamente no campo hospitalar. No quadro hospitalar é preciso fazer um esforço de maior apelo à juventude".

Antes, o Presidente da República elogiou o trabalho dos voluntários e voluntárias de uma organização que hoje comemora 40 anos e junta mais de duas centenas de pessoas, apontando que a missão de um voluntário "é de uma abnegação total".

"[O voluntário] tem de manter uma fé, uma esperança, uma capacidade de dar futuro", disse no primeiro momento de um programa no Porto que inclui uma visita à "Casa da Rua da Santa Casa da Misericórdia do Porto e o acompanhamento de equipas de rua dos Médicos do Mundo e SAOM - Serviços de Assistência Organizações de Maria.

Marcelo Rebelo de Sousa - com um discurso que arrancou palmas e gargalhadas numa cerimónia na qual antes discursaram o presidente da Liga dos Amigos do Hospital de Santo António, Manuel Campos, e o presidente do conselho de administração do Centro Hospitalar do Porto, Paulo Barbosa - disse que "outra das características desta terra é a qualidade, a excelência das gentes", destacando sempre os voluntários.

"Não estou a minimizar o papel dos médicos, da enfermagem, pessoal auxiliar, muito menos dos administrativos, mas sem vocês não seria possível. Sem vocês poder-se-ia falar de uma instituição com alma?", interrogou, terminando com a explicação de que a sua presença nestas acções serve para "agradecer".

"A minha presença - não podendo significar ter mais disponibilidade para estar convosco nos próximos três anos, dez meses e um dia - é para sublinhar e agradecer o vosso exemplo", terminou.

5.5.17

Rede Anti-Pobreza quer combate à exclusão como prioridade nas candidaturas autárquicasl

in Diário de Notícias
A Rede Europeia Anti-Pobreza, que promove hoje em Vila Nova de Gaia a conferência "Poder local e o combate à pobreza", espera que a luta contra a exclusão social seja uma das prioridades das candidaturas às próximas autárquicas.

"A pobreza e a exclusão são metas importantes em qualquer modelo de governação. Precisamos de uma sociedade diferente que não marginalize uma quantidade enorme de pessoas que não tem acesso ao trabalho, uma quantidade enorme de crianças que estão abaixo do limiar da pobreza. Temos de ser inventivos e criativos", disse à agência Lusa a diretora executiva da rede, Sandra Araújo.

Em jeito de antecipação a uma conferência que ao longo do dia junta, no auditório do Parque Biológico de Gaia, distrito do Porto, responsáveis de vários níveis de governação, nomeadamente municipais, bem como especialistas, Sandra Araújo apontou como "missão" da rede "lutar para que a pobreza não seja vista como um problema dos pobres", mas sim como "um problema que põe em causa a sustentabilidade e a saúde das sociedades".

O evento tem início com as intervenções do presidente da Câmara de Vila Nova de Gaia, Eduardo Vítor Rodrigues, e do presidente da Rede Europeia Anti-Pobreza (EAPN) Portugal, Agostinho Jardim Moreira, seguindo-se a conferência com o nome "Qual o papel que as autarquias assumem ou podem assumir no combate à pobreza" com a participação do docente do Instituto Universitário de Lisboa, José Manuel Henriques.

Já o painel "O objetivo do combate à pobreza na agenda da governação local" junta o secretário de Estado para as Autarquias Locais, Carlos Miguel, bem como responsáveis da Direção-Geral do Território, da Associação Nacional de Municípios Portugueses, da Associação Nacional de Freguesias e da Comissão da Coordenação e Desenvolvimento da Região Norte.

"A causa da pobreza move-nos no seu coletivo. Tentamos sensibilizar toda a sociedade para as questões da pobreza e da exclusão no sentido de lutarmos nas causas e não tanto nas consequências. Para lutarmos e superarmos as causas da pobreza e da exclusão - que não são só sociais, há causas económicas e políticas - temos de trabalhar o nível político para conseguirmos algumas alterações nas agendas de governação", descreveu a diretora executiva.

Sandra Araújo apontou que a EAPN Portugal fez "uma campanha muito forte sobre o facto de Portugal precisar de uma estratégia nacional de combate à pobreza", considerando que este combate é "governamental, interministerial, e partidário inclusivamente", mas "sem nunca descurar a dimensão local".

"Terá de haver no desenho dessa estratégia um envolvimento muito forte do nível territorial (?). Este ano, como temos também daqui a uns meses eleições autárquicas, temos feito algum trabalho de influência política. Achamos pertinente organizar este evento para criar um espaço de reflexão a todos aqueles que serão os candidatos aos municípios portugueses para perceber que tipo de prioridade vai ser dada ao combate à pobreza ao nível local", referiu.

Para a tarde está reservado o painel "Modelos de governação: o desafio da participação dos cidadãos" com representantes de municípios identificados, explicou Sandra Araújo, pelas medidas e projetos que têm levado a cabo neste campo.

Que leitura é que fazem da realidade da pobreza e da exclusão social? Que leitura é que fazem daquele que é o papel dos municípios no combate à pobreza e à exclusão social? - são outras das perguntas que a organização antecipa que poderão gerar debate no evento, somando-se questões sobre as metas do Fundo Social Europeu.

"Existe uma meta para que 20% do Fundo Social Europeu seja investido no combate à pobreza, também vamos ver se alguns dos interlocutores nos consegue dizer se este compromisso vai ser cumprido", revelou Sandra Araújo, destacando ainda a preocupação em "construir uma democracia que não seja só representativa, mas que seja também participativa".

Observatório Nacional de Luta contra a pobreza vai ser criado ainda este ano

in Porto Canal

A Rede Europeia Anti-Pobreza vai criar um observatório nacional de luta, como forma de colmatar as falhas do Estado. O anúncio foi feito pelo presidente Jardim Moreira que fala num instrumento fundamental para delinear as politicas de combate à pobreza. Um papel, diz, do qual o Estado se demitiu.