Bárbara Baltarejo, in Público
Prestar apoio emocional é o objectivo da linha SOS Estudante, composta por estudantes de Coimbra, mas a funcionar para todo o país. Quem faz parte do projecto garante é uma experiência positiva.
“Dei o meu tempo, mas recebi muito de outras formas.” É assim que Juliana Jesus recorda a sua passagem pela SOS Estudante, uma linha telefónica criada por alunos universitários de Coimbra que, há 26 anos, dá apoio emocional a quem precisa e trabalha na prevenção do suicídio. Neste momento, há 20 jovens a atender diariamente as chamadas que chegam de todo o país, mas a linha está à procura de novos voluntários.
A nova fase de recrutamento, aberta a todos os estudantes universitários de Coimbra — e isto inclui ensino público e privado, faculdades e politécnicos —, arrancou na segunda-feira e estende-se até dia 8 de Outubro.
O “recrutamento começa com entrevistas iniciais, depois passa por uma formação de 30 horas, devidamente certificada, e termina com novas entrevistas”, explica a vice-presidente do projecto Inês Nunes Coelho, em conversa com o P3.
Não há requisitos específicos para que se aceitem voluntários, além da vontade de ajudar. As áreas de formação dos voluntários também são diversas, apesar de haver uma clara concentração de estudantes de Psicologia. Do Direito à Medicina, Matemática ou Biologia, quase todos os cursos querem estar envolvidos.
O recrutamento inclui uma formação de 30 horas, para que todos tenham a mesma preparação e consigam antecipar o que vem por aí. “A pessoa que nos liga pode ter dificuldade em exprimir-se, mas, deste lado, temos de a compreender. Desenvolvemos muito a empatia, a capacidade de nos colocarmos no lugar do outro. No momento em que atendemos a chamada não somos nós, somos a linha”, destaca a vice-presidente. O apoio prestado é “livre de preconceitos, respeitando e aceitando as diferenças interpessoais sem influência do ponto de vista religioso, político ou ideológico”, lê-se no site oficial.
As 30 horas de formação estão divididas em dez sessões. Na primeira, os voluntários ficam a conhecer o projecto; seguem-se conhecimentos mais específicos relacionados com os temas que, ao longo dos 26 anos de funcionamento da linha, têm sido mais recorrentes.
No último ano lectivo, por exemplo, “o tema mais comum foi, sem dúvida, a ansiedade”. “Depois destacam-se a carência afectiva, os comportamentos autolesivos e as crises de identidade”, relata a responsável.
Terminada a formação, há uma nova ronda de entrevistas para avaliar “como é que estas pessoas conseguem interagir com o outro”. Para Juliana Jesus, que passou por todas estas etapas no primeiro ano de mestrado, em 2021, “mesmo que eu não tivesse entrado já tinha valido a pena a experiência” pela vertente formativa, conta ao P3.
"Ninguém está sozinho"
“Fiz a formação ainda sem saber se ia entrar. São 30 horas de investimento, sem garantias”, admite. Contudo, o custo-benefício foi “muito positivo”.
Apesar de ser estudante de Psicologia, a jovem de 23 anos afirma que, quando se juntou à linha, “não tinha ainda os conhecimentos necessários para este voluntariado". Por isso, vê a formação como uma mais-valia: “É completamente prática, necessária, muito directa e muito adequada àquilo que eu ia precisar depois no atendimento”.
A SOS Estudante proporciona “um espaço anónimo e confidencial para desabafar”, como se lê na apresentação do projecto, mas este apoio pode também ser marcante para quem está a ajudar. “Uma ou outra chamada marcou-me emocionalmente e precisei de falar sobre como me estava a sentir”, lembra Juliana. Por isso mesmo, todos os voluntários contam também com uma psicóloga disponível para desabafar. “Ninguém está sozinho, construímos uma rede de confiança para falarmos sobre o que se passa”, garante a vice-presidente.
Entre Fevereiro e Julho deste ano, a linha já recebeu 447 chamadas. Quem mais a procura é o sexo masculino e, apesar de o público-alvo inicial do projecto ser a comunidade estudantil, hoje a maioria das chamadas chega de pessoas entre os 36 e os 49 anos.
A SOS Estudante nasceu da constatação de que, à chegada à faculdade, “havia pessoas que precisavam de ajuda e não tinham com quem falar, estavam isoladas”. “Estamos à procura de voltar para os estudantes”, sublinha Inês Nunes Coelho, reconhecendo que, ainda que agora haja mais recursos, “continua a ser difícil arranjar psicólogos nas instituições académicas”. A linha pretende colmatar essa falha.
Cada voluntário dá 15 horas por mês ao projecto, entre atendimento de chamadas — que decorre entre as 20h e a 1h da manhã — e reuniões com outros voluntários. Este tempo subtrai-se às horas de estudo ou às saídas com os amigos, mas traz “ganhos pessoais”. Além das “aprendizagens”, “ficam amizades” entre o grupo de voluntários. “O custo benefício foi imenso. Dei do meu tempo, mas recebi muito de outras formas”, conclui Juliana.
[artigo disponível na íntegra apenas para assinantes]
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28.8.23
Mãos amigas que reconstroem casas e a vida de quem precisa
Mariana Rebelo Silva, in JN
A Associação Just a Change está a requalificar três casas de famílias carenciadas, em Tondela. João Paulo Figueiredo, de 51 anos, é um dos beneficiários. É com o brilho no olhar e um sorriso no rosto que olha para as obras que decorrem na casa onde vive com a mãe, de 80 anos. De forma tímida, confessa que sem o apoio da Associação Just a Change a remodelação na pequena casa, em Molelos, no concelho de Tondela, seria impossível. “Não tinha hipótese”, revela.
Inspiring Girls já mobilizou 5 mil raparigas em Portugal
Teresa Costa, in Dinheiro Vivo
Movimento internacional dedicado ao combate às desigualdades de género conta com mais de 400 voluntárias em território nacional
É junto das escolas que o movimento Inspiring Girls atua para incentivar as raparigas a lutarem por aquilo que ambicionam na vida, através da educação e do exemplo de outras mulheres que, em regime de voluntariado, partilham os seus percursos pessoais e profissionais.
Trata-se de uma organização não-governamental internacional que nasceu em 2013 no Reino Unido, e arrancou em Portugal no ano passado, depois de ter sido aprovada a candidatura apresentada por Joana Costa, docente na Escola Superior de Comunicação Social.
No primeiro ano letivo de atuação em território nacional, a ONG, constituída por uma equipa operacional de sete pessoas e cerca de 400 voluntárias, esteve em mais de 30 escolas, em diferentes pontos do país, tendo promovido acima de 60 sessões, que envolveram cerca de cinco mil estudantes.
O trabalho da organização é feito junto de alunos entre o 5.º e o 12.º ano, com atividades maioritariamente direcionadas para raparigas.
Na prática, as iniciativas incluem "a organização de speed networkings, dinâmicas de grupo onde várias alunas têm a oportunidade de conversar com 8 a 10 voluntárias que representam profissões bastante distintas, o que lhes permite ter acesso a uma grande diversidade de perfis profissionais", pormenoriza Joana Costa. Além disso, organizam eventos específicos, como workshops de igualdade de género, clubes financeiros, workshops de tecnologia, entre outros.
"Algumas das nossas atividades são também desenvolvidas com e para os nossos parceiros (empresas, universidades e associações). Por exemplo, dinamizamos sessões de igualdade de género e linguagem inclusiva, relacionadas com o contexto dos nossos parceiros, ou mesmo workshops setoriais dentro da área de atividade."
As voluntárias têm um papel central nas ações da ONG. São elas quem dinamiza as sessões nas escolas, dedicando uma hora do seu tempo para o evento. Neste momento, diz Joana Costa, são provenientes "das mais variadas profissões ou áreas de atividade".
Para futuro, o movimento, além de dar continuidade ao trabalho desenvolvido nas comunidades escolares, a ONG pretende avançar com a segunda edição do Clube Financeiro, organizado em conjunto com a BlackRock, e estão ainda a trabalhar num Clube da Auto-Estima, que será "um programa para desenvolver a autoestima das jovens raparigas através da exploração dos seus valores pessoais, desenvolvimento da autoconfiança e resiliência".
Outra área a desenvolver vai ser a da Academia da Diversidade, através da qual é dada formação "nas áreas de diversidade e inclusão, particularmente em igualdade de género", tanto em meio escolar como em contexto organizacional, "para organizações que queiram promover o conhecimento sobre estes temas nas suas realidades".
A fundadora e presidente executiva do Inspiring Girls em Portugal justifica a necessidade da existência do movimento com base até no trabalho de campo que tem sido feito: "É possível verificar que os estereótipos de género são ainda uma realidade bastante vincada e que ainda há um longo caminho a percorrer. Ainda assim, é também inequívoca a curiosidade e interesse dos jovens, raparigas e rapazes, para falar sobre o tema e compreender de que forma se pode combater as desigualdades ainda tão vincadas a este nível".
Movimento internacional dedicado ao combate às desigualdades de género conta com mais de 400 voluntárias em território nacional
É junto das escolas que o movimento Inspiring Girls atua para incentivar as raparigas a lutarem por aquilo que ambicionam na vida, através da educação e do exemplo de outras mulheres que, em regime de voluntariado, partilham os seus percursos pessoais e profissionais.
Trata-se de uma organização não-governamental internacional que nasceu em 2013 no Reino Unido, e arrancou em Portugal no ano passado, depois de ter sido aprovada a candidatura apresentada por Joana Costa, docente na Escola Superior de Comunicação Social.
No primeiro ano letivo de atuação em território nacional, a ONG, constituída por uma equipa operacional de sete pessoas e cerca de 400 voluntárias, esteve em mais de 30 escolas, em diferentes pontos do país, tendo promovido acima de 60 sessões, que envolveram cerca de cinco mil estudantes.
O trabalho da organização é feito junto de alunos entre o 5.º e o 12.º ano, com atividades maioritariamente direcionadas para raparigas.
Na prática, as iniciativas incluem "a organização de speed networkings, dinâmicas de grupo onde várias alunas têm a oportunidade de conversar com 8 a 10 voluntárias que representam profissões bastante distintas, o que lhes permite ter acesso a uma grande diversidade de perfis profissionais", pormenoriza Joana Costa. Além disso, organizam eventos específicos, como workshops de igualdade de género, clubes financeiros, workshops de tecnologia, entre outros.
"Algumas das nossas atividades são também desenvolvidas com e para os nossos parceiros (empresas, universidades e associações). Por exemplo, dinamizamos sessões de igualdade de género e linguagem inclusiva, relacionadas com o contexto dos nossos parceiros, ou mesmo workshops setoriais dentro da área de atividade."
As voluntárias têm um papel central nas ações da ONG. São elas quem dinamiza as sessões nas escolas, dedicando uma hora do seu tempo para o evento. Neste momento, diz Joana Costa, são provenientes "das mais variadas profissões ou áreas de atividade".
Para futuro, o movimento, além de dar continuidade ao trabalho desenvolvido nas comunidades escolares, a ONG pretende avançar com a segunda edição do Clube Financeiro, organizado em conjunto com a BlackRock, e estão ainda a trabalhar num Clube da Auto-Estima, que será "um programa para desenvolver a autoestima das jovens raparigas através da exploração dos seus valores pessoais, desenvolvimento da autoconfiança e resiliência".
Outra área a desenvolver vai ser a da Academia da Diversidade, através da qual é dada formação "nas áreas de diversidade e inclusão, particularmente em igualdade de género", tanto em meio escolar como em contexto organizacional, "para organizações que queiram promover o conhecimento sobre estes temas nas suas realidades".
A fundadora e presidente executiva do Inspiring Girls em Portugal justifica a necessidade da existência do movimento com base até no trabalho de campo que tem sido feito: "É possível verificar que os estereótipos de género são ainda uma realidade bastante vincada e que ainda há um longo caminho a percorrer. Ainda assim, é também inequívoca a curiosidade e interesse dos jovens, raparigas e rapazes, para falar sobre o tema e compreender de que forma se pode combater as desigualdades ainda tão vincadas a este nível".
3.8.23
Vai ficar como nova”. Voluntários da “Just a Change” reabilitam casas em Famalicão
Alexandra Lopes, in JN
Falta de isolamento, chuva dentro de casa e ausência de casa de banho eram alguns dos problemas da casa do casal de reformados.
Sem condições para fazer obras na habitação são os voluntários da associação "Just a Change" que estão a fazer a obra. Acompanhados por um mestre de obra, oitos estudantes universitários têm posto as mãos na massa para que sábado a casa esteja renovada. “Sou capaz de fazer uma festinha, isso sou”, atira Maria do Carmo, enquanto observa os voluntários.
A associação nasceu em Lisboa há cerca de uma década e promove a reabilitação de casas combatendo assim a pobreza habitacional. Recorrem a voluntários não só para dar uma casa digna às pessoas, mas também para promover impacto social diz Eduardo Lopes, coordenador de operações da zona Norte da “Just a Change”. Segundo o mesmo responsável o impacto que estes projetos têm nas famílias são verificados através de inquéritos realizados antes e depois da obra, um ano depois e cinco após a intervenção.
Ana, estudante de engenharia e gestão industrial de 23 anos, está a experienciar pela primeira vez o projeto e está a “adorar”. “Ao mesmo tempo que fazemos a diferença também vamos estando com a dona Maria que todos os dias acompanha a obra”, revela. “Venho aqui todos os dias e vou chorar quando forem embora”, diz Maria do Carmo, contando que nos dias de chuva cozinhava com o guarda-chuva aberto.
Também o lisboeta Miguel Gaspar, de 21 anos, decidiu este ano envolver-se no projeto de voluntariado. “Ficamos a perceber como as casas são importantes para as famílias”, diz, acrescentando que ao mesmo tempo começou a perceber como é que se fazem as obras.
A Câmara de Famalicão financiou a obra que contou também com materiais doados por empresas do concelho. “O trabalho desta associação é mais um instrumento para apoiar a habitação digna”, notou Mário Passos em visita à obra.
A “Just a Change” vai reabilitar outras duas habitações em Famalicão, mas já passou por 28 concelhos do país.
Maria do Carmo Marques, de 73 anos, não consegue esconder o sorriso quando olha para as obras que decorrem na casa onde vive com o marido em Sezures, Famalicão. “Vai ficar como nova” diz, enquanto olha para os jovens voluntários que puseram mãos ao trabalho para reabilitar a pequena habitação.
Falta de isolamento, chuva dentro de casa e ausência de casa de banho eram alguns dos problemas da casa do casal de reformados.
Sem condições para fazer obras na habitação são os voluntários da associação "Just a Change" que estão a fazer a obra. Acompanhados por um mestre de obra, oitos estudantes universitários têm posto as mãos na massa para que sábado a casa esteja renovada. “Sou capaz de fazer uma festinha, isso sou”, atira Maria do Carmo, enquanto observa os voluntários.
A associação nasceu em Lisboa há cerca de uma década e promove a reabilitação de casas combatendo assim a pobreza habitacional. Recorrem a voluntários não só para dar uma casa digna às pessoas, mas também para promover impacto social diz Eduardo Lopes, coordenador de operações da zona Norte da “Just a Change”. Segundo o mesmo responsável o impacto que estes projetos têm nas famílias são verificados através de inquéritos realizados antes e depois da obra, um ano depois e cinco após a intervenção.
Ana, estudante de engenharia e gestão industrial de 23 anos, está a experienciar pela primeira vez o projeto e está a “adorar”. “Ao mesmo tempo que fazemos a diferença também vamos estando com a dona Maria que todos os dias acompanha a obra”, revela. “Venho aqui todos os dias e vou chorar quando forem embora”, diz Maria do Carmo, contando que nos dias de chuva cozinhava com o guarda-chuva aberto.
Também o lisboeta Miguel Gaspar, de 21 anos, decidiu este ano envolver-se no projeto de voluntariado. “Ficamos a perceber como as casas são importantes para as famílias”, diz, acrescentando que ao mesmo tempo começou a perceber como é que se fazem as obras.
A Câmara de Famalicão financiou a obra que contou também com materiais doados por empresas do concelho. “O trabalho desta associação é mais um instrumento para apoiar a habitação digna”, notou Mário Passos em visita à obra.
A “Just a Change” vai reabilitar outras duas habitações em Famalicão, mas já passou por 28 concelhos do país.
24.7.23
Bater à porta do isolamento e da solidão: como voluntários com mais de 55 anos fazem “quase um trabalho entre pares” com os mais velhos
Sofia Correia Baptista Jornalista e Sara Tarita Ilustradora, in Expresso
Voluntária há vários anos em diferentes projetos, no caminho de Margarida Lopes surgiu, no final de 2020, um que a cativou particularmente. Na altura estava desempregada e o Porta 55+ procurava voluntários com mais de 55 anos. Desde então, nunca mais deixou esta iniciativa que atua em três freguesias do concelho de Vila do Conde na resposta à solidão e isolamento social dos mais velhos. “Voltei a sentir-me útil.”
Trata-se de um “dois em um”, explica Joaquim Pereira Cardoso, gestor do projeto dinamizado pelo Centro Social e Paroquial de Mindelo. “Os beneficiários não são apenas os utentes finais – com mais de 65 anos –, mas também estes beneficiários intermédios, que são os voluntários, na medida em que, ao fazer um trabalho de acompanhamento e companhia, em termos de atividades com os mais velhos, também se estão a preparar para a sua fase de envelhecimento”, justifica ao Expresso.
Para Margarida, é “quase um trabalho entre pares”. “Talvez isso nos permita um melhor reconhecimento das necessidades dos outros, um pouquinho mais velhos que nós. À partida, já temos a sensibilidade para nos pormos na pele dos outros, porque entendemos bem as coisas. E também nos projetamos: daqui a dez anos estamos, provavelmente, numa situação idêntica”, aponta a voluntária, de 61 anos.
O projeto surgiu devido à existência de “necessidades” da população mais velha que “não estavam a ser satisfeitas”, indica Joaquim Pereira Cardoso. São pessoas que não precisam de ser institucionalizadas, estão num contexto de algum isolamento ou solidão e “querem muito viver na sua própria casa”. O objetivo é proporcionar-lhes bem-estar e “torná-las mais ativas, mais saudáveis e mais felizes”.
E porque todas as pessoas são diferentes, faz-se “um fato à medida de cada um” – o que quer dizer que o trabalho desenvolvido, apelidado de “atelier de alfaiate”, é adaptado a cada beneficiário, explica o vice-presidente do Centro Social e Paroquial de Mindelo. Margarida faz atividades tão diferentes com os quatro utentes que acompanha como ir às compras, cuidar de flores, conversar ou jogar scrabble.
DAR E RECEBER
Antes disso, a equipa técnica – composta por uma psicóloga, uma assistente social e duas educadoras sociais – faz uma avaliação de cada situação, de forma a propor as atividades que mais se adequem. O intuito é “ser uma mais-valia”, resume a voluntária. “Queremos sempre aportar valor à nossa atividade.”
Após ficar desempregada, Margarida optou por reformar-se e esta experiência foi fundamental: diariamente, sente que “valeu a pena”. “Deu sentido aos meus dias. Estou a dar algo de mim e estou também a receber, que é o reconhecimento de saber que estou a ser útil”, retrata. O que contribui para “uma certa autoestima”: “Sinto-me contente comigo.” E também tem “aprendido imenso”, por exemplo sobre plantas, com uma senhora de 80 anos que visita – uma troca de vivências que a comove quando partilha.
Depois de receberem formação, os voluntários passam a ser designados como embaixadores do projeto. A capacitação abrange “várias áreas do desenvolvimento pessoal e social e um conjunto de competências transversais para que possam desempenhar melhor o seu papel”, diz Joaquim Pereira Cardoso. Entre as matérias abordadas, Margarida destaca a programação neurolinguística, assim como questões relacionadas com a saúde e o envelhecimento, a perda cognitiva ou a nutrição.
Habitualmente, as visitas são semanais e o número de pessoas que cada voluntário acompanha depende da respetiva disponibilidade. Neste momento, são 28 embaixadores para 75 utentes – mas o projeto já chegou a mais de 100 beneficiários. O apoio do programa Portugal Inovação Social terminou no final de junho e, agora, procuram-se outras formas de financiamento. “Não nos passou pela cabeça que o projeto podia claudicar”, afirma Joaquim Pereira Cardoso. A câmara municipal deverá assegurar um apoio durante este ano e o Porta 55+ apela também ao contributo de empresas.
Trata-se de um “dois em um”, explica Joaquim Pereira Cardoso, gestor do projeto dinamizado pelo Centro Social e Paroquial de Mindelo. “Os beneficiários não são apenas os utentes finais – com mais de 65 anos –, mas também estes beneficiários intermédios, que são os voluntários, na medida em que, ao fazer um trabalho de acompanhamento e companhia, em termos de atividades com os mais velhos, também se estão a preparar para a sua fase de envelhecimento”, justifica ao Expresso.
Para Margarida, é “quase um trabalho entre pares”. “Talvez isso nos permita um melhor reconhecimento das necessidades dos outros, um pouquinho mais velhos que nós. À partida, já temos a sensibilidade para nos pormos na pele dos outros, porque entendemos bem as coisas. E também nos projetamos: daqui a dez anos estamos, provavelmente, numa situação idêntica”, aponta a voluntária, de 61 anos.
O projeto surgiu devido à existência de “necessidades” da população mais velha que “não estavam a ser satisfeitas”, indica Joaquim Pereira Cardoso. São pessoas que não precisam de ser institucionalizadas, estão num contexto de algum isolamento ou solidão e “querem muito viver na sua própria casa”. O objetivo é proporcionar-lhes bem-estar e “torná-las mais ativas, mais saudáveis e mais felizes”.
E porque todas as pessoas são diferentes, faz-se “um fato à medida de cada um” – o que quer dizer que o trabalho desenvolvido, apelidado de “atelier de alfaiate”, é adaptado a cada beneficiário, explica o vice-presidente do Centro Social e Paroquial de Mindelo. Margarida faz atividades tão diferentes com os quatro utentes que acompanha como ir às compras, cuidar de flores, conversar ou jogar scrabble.
DAR E RECEBER
Antes disso, a equipa técnica – composta por uma psicóloga, uma assistente social e duas educadoras sociais – faz uma avaliação de cada situação, de forma a propor as atividades que mais se adequem. O intuito é “ser uma mais-valia”, resume a voluntária. “Queremos sempre aportar valor à nossa atividade.”
Após ficar desempregada, Margarida optou por reformar-se e esta experiência foi fundamental: diariamente, sente que “valeu a pena”. “Deu sentido aos meus dias. Estou a dar algo de mim e estou também a receber, que é o reconhecimento de saber que estou a ser útil”, retrata. O que contribui para “uma certa autoestima”: “Sinto-me contente comigo.” E também tem “aprendido imenso”, por exemplo sobre plantas, com uma senhora de 80 anos que visita – uma troca de vivências que a comove quando partilha.
Depois de receberem formação, os voluntários passam a ser designados como embaixadores do projeto. A capacitação abrange “várias áreas do desenvolvimento pessoal e social e um conjunto de competências transversais para que possam desempenhar melhor o seu papel”, diz Joaquim Pereira Cardoso. Entre as matérias abordadas, Margarida destaca a programação neurolinguística, assim como questões relacionadas com a saúde e o envelhecimento, a perda cognitiva ou a nutrição.
Habitualmente, as visitas são semanais e o número de pessoas que cada voluntário acompanha depende da respetiva disponibilidade. Neste momento, são 28 embaixadores para 75 utentes – mas o projeto já chegou a mais de 100 beneficiários. O apoio do programa Portugal Inovação Social terminou no final de junho e, agora, procuram-se outras formas de financiamento. “Não nos passou pela cabeça que o projeto podia claudicar”, afirma Joaquim Pereira Cardoso. A câmara municipal deverá assegurar um apoio durante este ano e o Porta 55+ apela também ao contributo de empresas.
20.7.23
Banco Alimentar de Beja procura voluntários
in Rádio Pax
O Banco Alimentar Contra a Fome, em Beja, está a procurar voluntários que façam a separação de papel.
Nesta altura do ano as escolas entregam ao Banco Alimentar várias toneladas de livros escolares sem reutilização que serão encaminhados para reciclagem, ao abrigo da campanha que permite trocar papel por alimentos.
A preparação de uma quantidade tão grande de papel para transporte exige a ajuda dos voluntários.
José Tadeu Freitas, Presidente do Banco Alimentar em Beja, apela aos jovens em férias escolares que disponibilizem um pouco do seu tempo para ajudar na separação de papel.
O Banco Alimentar Contra a Fome, em Beja, está a procurar voluntários que façam a separação de papel.
Nesta altura do ano as escolas entregam ao Banco Alimentar várias toneladas de livros escolares sem reutilização que serão encaminhados para reciclagem, ao abrigo da campanha que permite trocar papel por alimentos.
A preparação de uma quantidade tão grande de papel para transporte exige a ajuda dos voluntários.
José Tadeu Freitas, Presidente do Banco Alimentar em Beja, apela aos jovens em férias escolares que disponibilizem um pouco do seu tempo para ajudar na separação de papel.
19.7.23
Igreja/Portugal: «É preciso flexibilidade para deixar os jovens fazer, errar e avançar» – Cáritas Jovem de Leiria (c/vídeo)
in Agência ECCLESIA
D. José Traquina diz que Igreja não pode ter «medo de trabalhar com os jovens»
Leiria, 18 jul 2023 (Ecclesia) – João Barreiro, do projeto «Explica-me» da Cáritas Jovem de Leiria, diz que é importante dar espaço aos jovens para a falha, sendo este um caminho construtor de compromisso com a realidade.
“Há muita tendência para que os adultos pensem, com facilidade, que algo que os jovens propõem não vai funcionar. O caminho não pode ser esse: há que experimentar. Às vezes é preciso dizer que não e balizar, mas é necessária flexibilidade para a falha, deixar fazer, ver o que corre bem e mal e avançar”, pede o jovem de Leiria, ligado à instituição de ação social da Igreja católica.
No podcast «O Amor que Transforma», da Cáritas portuguesa e da Agência ECCLESIA, João Barreiro indica que foi a possibilidade de experimentar e entender, desde cedo pelo seu percurso no Corpo Nacional de Escutas que o ser Igreja implicava um compromisso social, que o ligou à Cáritas, envolvendo jovens na ação social.
O projeto «Explica-me» junta voluntários e famílias identificadas pela Cáritas, cujos filhos têm insuficiência escolar ou deficit de acompanhamento e junto dos jovens obtêm explicações.
“A tónica que sublinhamos é não ser um centro de explicações, mas que haja uma relação entre o jovem e o explicador. Só criando relação e espírito de comunidade se consegue avançar”, precisa.
Hoje, João Barreiro dá conta que os seus amigos e as relações mais fortes que tem foram construídas nos projetos da Cáritas de Leiria e fala na importância de importância de ouvir os jovens.
“Chegou uma pessoa para fazer voluntariado na Cáritas mas a única coisa que eu tinha para ela fazer era dobrar roupa. Isso não é algo chamativo, não vai criar compromisso. Por isso é importante ouvi-los para com a sua vontade e capacidades ajudar a resolver e ajudar quem precisa”, recorda.
D. José Traquina, presidente da Comissão Episcopal Pastoral Social e Mobilidade Humana, diz que a Igreja não pode ter “medo de trabalhar com os jovens” e gostaria que a realidade juvenil da Cáritas de Leiria fosse estendida a outras geografias.
“Não fica bem aos adultos na Igreja que tenham medo da participação dos jovens. Espero que esta experiência de Leiria seja motivadora para a Cáritas em Portugal: que seja uma possibilidade em aberto que possam ter um núcleo juvenil onde o jovem tenha autonomia e protagonismo. Porque se eu o chamar para ele fazer o que eu quero, não serve”, traduz.
O bispo de Santarém indica ser necessário um “grande apelo à consciência” para que se passe “da capacidade de ver, de analisar a realidade humana” para uma missão pessoal: “Perguntarmo-nos que missão temos perante isto?”
“A fé cristã deve traduzir-se em missão e vocação. Desejo que os jovens sejam generosos na sua capacidade de ler a vida à luz da mensagem cristã, perceber o tanto que há para fazer e qual o seu lugar”, convida.
O responsável entende ser necessário “cuidar da identidade da Cáritas como organização” propondo uma “espiritualidade da ação” ao invés do que chama “assistencialismo cuja ação se esgota em si mesmo e desaparece”, reconhecendo ainda que o trabalho é valorizado com a experiência dos mais velhos e a inovação dos mais novos.
No podcast «O Amor que transforma» D. José Traquina e João Barreiro recordam o processo de crescimento na fé e a forma como descobriram o seu compromisso na Igreja.
LS
Leiria, 18 jul 2023 (Ecclesia) – João Barreiro, do projeto «Explica-me» da Cáritas Jovem de Leiria, diz que é importante dar espaço aos jovens para a falha, sendo este um caminho construtor de compromisso com a realidade.
“Há muita tendência para que os adultos pensem, com facilidade, que algo que os jovens propõem não vai funcionar. O caminho não pode ser esse: há que experimentar. Às vezes é preciso dizer que não e balizar, mas é necessária flexibilidade para a falha, deixar fazer, ver o que corre bem e mal e avançar”, pede o jovem de Leiria, ligado à instituição de ação social da Igreja católica.
No podcast «O Amor que Transforma», da Cáritas portuguesa e da Agência ECCLESIA, João Barreiro indica que foi a possibilidade de experimentar e entender, desde cedo pelo seu percurso no Corpo Nacional de Escutas que o ser Igreja implicava um compromisso social, que o ligou à Cáritas, envolvendo jovens na ação social.
O projeto «Explica-me» junta voluntários e famílias identificadas pela Cáritas, cujos filhos têm insuficiência escolar ou deficit de acompanhamento e junto dos jovens obtêm explicações.
“A tónica que sublinhamos é não ser um centro de explicações, mas que haja uma relação entre o jovem e o explicador. Só criando relação e espírito de comunidade se consegue avançar”, precisa.
Hoje, João Barreiro dá conta que os seus amigos e as relações mais fortes que tem foram construídas nos projetos da Cáritas de Leiria e fala na importância de importância de ouvir os jovens.
“Chegou uma pessoa para fazer voluntariado na Cáritas mas a única coisa que eu tinha para ela fazer era dobrar roupa. Isso não é algo chamativo, não vai criar compromisso. Por isso é importante ouvi-los para com a sua vontade e capacidades ajudar a resolver e ajudar quem precisa”, recorda.
D. José Traquina, presidente da Comissão Episcopal Pastoral Social e Mobilidade Humana, diz que a Igreja não pode ter “medo de trabalhar com os jovens” e gostaria que a realidade juvenil da Cáritas de Leiria fosse estendida a outras geografias.
“Não fica bem aos adultos na Igreja que tenham medo da participação dos jovens. Espero que esta experiência de Leiria seja motivadora para a Cáritas em Portugal: que seja uma possibilidade em aberto que possam ter um núcleo juvenil onde o jovem tenha autonomia e protagonismo. Porque se eu o chamar para ele fazer o que eu quero, não serve”, traduz.
O bispo de Santarém indica ser necessário um “grande apelo à consciência” para que se passe “da capacidade de ver, de analisar a realidade humana” para uma missão pessoal: “Perguntarmo-nos que missão temos perante isto?”
“A fé cristã deve traduzir-se em missão e vocação. Desejo que os jovens sejam generosos na sua capacidade de ler a vida à luz da mensagem cristã, perceber o tanto que há para fazer e qual o seu lugar”, convida.
O responsável entende ser necessário “cuidar da identidade da Cáritas como organização” propondo uma “espiritualidade da ação” ao invés do que chama “assistencialismo cuja ação se esgota em si mesmo e desaparece”, reconhecendo ainda que o trabalho é valorizado com a experiência dos mais velhos e a inovação dos mais novos.
No podcast «O Amor que transforma» D. José Traquina e João Barreiro recordam o processo de crescimento na fé e a forma como descobriram o seu compromisso na Igreja.
LS
17.7.23
Sete milhões para apoiar comunidades desfavorecidas em Vila do Conde
Ana Trocado Marques, in JN
“Este olhar e esta aposta da câmara, inserida num contexto intermunicipal contando com a Póvoa de Varzim e com Matosinhos, encontrou aqui um instrumento que permite acudir, neste sentido social, a essas comunidades, envolvendo toda a comunidade – escolas, IPSS, associações, empresas, forças de segurança, agentes da saúde, etc. É este sentido integrador que fará um instrumento capaz de trazer a coesão territorial”, explicou o presidente da Câmara de Vila do Conde, Vítor Costa.
O concelho, admite, ainda tem problemas de coesão territorial e esta é “uma mudança de paradigma”.
“É uma prova que o plano já está em movimento. São projetos que de outra forma não conseguiriam ser apoiados, com esta abordagem tão inovadora. São intervenções imateriais, mas também físicas, de infraestrutura, e, portanto, é desta conjugação dos dois tipos de intervenção que é possível sermos bem sucedidos”, frisou o secretário de Estado do Planeamento, Eduardo Pinheiro, que, hoje, assistiu em Vila do Conde à apresentação do PACD VC.
Quanto ao tempo que resta para cumprir o plano e todo o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) – até final de 2025 -, Eduardo Pinheiro diz que é meter mãos à obra, “sem tempo para hesitações”.
As 12 ações estão distribuídas por três eixos distintos: Educação e Saúde Mental, Envelhecimento Ativo e Saudável e Participação, Inclusão e Cidadania.
Na Educação, há um olhar especial para a promoção do sucesso educativo, programas de promoção da saúde mental dos jovens, promoção de comportamentos saudáveis, combate à discriminação e a afirmação da escola como espaço de cidadania ativa.
Na área da 3.ª idade, pretende-se apoiar idosos isolados, oferecer um plano de atividades gratuitas, estimular práticas comunitárias inclusivas em iniciativas culturais e artísticas (em colaboração com agentes locais), reforçar o Banco de Voluntariado e criar um programa municipal de apoio aos cuidadores informais.
Finalmente, no terceiro vetor, há um programa de iniciação ao meio náutico e fluvial, a aquisição de equipamentos para pessoas com deficiência e dois projetos para envolver a comunidade migrante e os desempregados de longa duração, requalificando, com todos, uma escola básica centenária, dando formação em novas áreas de turismo inclusivo e acessível, requalificando parques infantis e espaços verdes e inaugurando, já em 2024, o Orçamento Participativo Verde.
5.7.23
Mais oportunidades, períodos mais curtos: será esta a receita para promover o voluntariado jovem?
Ana Catarina Gil, in Público online
A última edição das PSuperior Talks, que aconteceu esta terça-feira, focou-se no desafio de trazer os mais jovens para o voluntariado.
Em Portugal, são os jovens que mais se dedicam ao voluntariado – só a faixa etária dos 15 aos 24 anos representa 11,3% dos voluntários portugueses – contudo, o grosso da população permanece distante das novas formas de envolvimento cívico. O que se pode fazer para mudar este paradigma? O tema esteve em debate esta terça-feira em Évora, fruto de uma parceria do PSuperior com a Fundação Eugénio de Almeida. As soluções podem passar pela criação de mais bancos de voluntariado que se traduzam em mais oportunidades e actividades temporárias que acompanhem os períodos lectivos.
Participaram neste debate Henrique Sim-Sim, coordenador da área social e de desenvolvimento da Fundação Eugénio de Almeida, Carla Ventura, vice-presidente da CASES (Cooperativa António Sérgio para a Economia Social), Cátia Martins, professora da Universidade do Algarve e Carmen Garcia, enfermeira, autora de "A Mãe Imperfeita" e colunista do PÚBLICO. A moderação ficou a cargo de Mariana Adam, editora do PÚBLICO.
Eis os factos: em toda a Europa, 19,3% da população afirma dedicar-se ao voluntariado. Contudo, e segundo o Inquérito ao Trabalho Voluntário de 2018, em Portugal, esse valor é de apenas 7,8%. Ainda que uma grande parte sejam jovens, é importante olhar para estes dados e pensar como se pode atrair mais pessoas para as acções de voluntariado.
Cátia Martins, investigadora na área do voluntariado e professora da Faculdade de Ciências Humanas e Sociais da Universidade do Algarve, diz que, depois da primeira experiência positiva, a "sementinha" do voluntariado "fica lá", contudo salienta o papel importante da academia para “consciencializar e dar oportunidades” para o voluntariado.
Este tipo de actividades pode ser promovido enquanto uma forma de desenvolver competências necessárias para a entrada no mercado de trabalho e isso deve ser servir como meio de convencer os jovens a participar. Contudo, para isso, pode ser preciso abrir o leque a diferentes actividades e enquadrá-las de acordo com o perfil de interesses dos jovens, ajustando de acordo com o tempo livre que têm, defende a professora.
Cátia Martins sugere pensar num voluntariado em “períodos mais curtos”, como um semestre e salienta que as experiências pontuais devem ser “valorizadas”.
O tempo foi um dos factores também apontados por Carmen Garcia, enfermeira e autora do blog Mãe Imperfeita. Especialmente quando se “trabalha por turnos”, conciliar a vida profissional com uma actividade de voluntariado pode revelar-se uma tarefa espinhosa: “Há profissões que têm muito a dar ao voluntariado, mas a logística não ajuda”, sentencia.
E as oportunidades?
Também Henrique Sim-Sim, coordenador da Área Social e Desenvolvimento da fundação Eugénio de Almeida, sugere que se aumente o número de iniciativas de voluntariado pontual, que pode ser uma forma de aumentar a participação dos jovens. Além disso, e olhando para o outro lado, é preciso fortalecer a capacidade de acolhimento de voluntário por parte das instituições.
“As organizações dentro da economia social são muitas, dinâmicas e persistentes nos territórios de baixa densidade”, diagnostica, contudo os “técnicos [que trabalham nessas instituições] são pessoas e, por isso, limitados na sua acção”, precisando de ser “capacitados” para acolher voluntários.
Além disso, e conforme ditam as melhores práticas internacionais, as próprias organizações precisam de ser apoiadas financeiramente “para poderem continuar a desenvolver a sua prática de voluntariado”.
Para isso, é importante reforçar o “papel das estruturas”, defende Carla Ventura, vice-presidente da CASES. “Há muitas pessoas que querem fazer voluntariado, mas não sabem onde”, afirma. Por isso, apostar na criação e formação de bancos locais de voluntariado, assim como na aproximação entre organizações e comunidades é fundamental, e exige uma maior acção por parte de entidades enquadradoras como as autarquias.
Ainda olhando para o lado das instituições, Carmen Garcia salienta a importância de haver uma maior abertura e complementaridade das instituições em relação aos voluntários.
“Tenho tido muita dificuldade em fazer com que as nossas instituições percebam as vantagens do voluntariado”, avalia, com base no que vê nos lares onde trabalha. “Há um princípio básico no voluntariado que é o principio da complementaridade: não é suposto que os voluntários vão substituir ou fazer o trabalho que deveria ser feito pelos funcionários. O que acontece muitas vezes nos nossos lares é que estamos sempre no limite dos recursos humanos e se vai um voluntário precisamos antes que ele vá dar os jantares aos acamados”, afirma.
Apesar de tudo, não deixa de ter uma visão positiva: “Podemos ficar esperançosos porque há muitos miúdos que querem fazer voluntariado.” Basta criar oportunidades.
Texto editado por Inês Chaíça
A última edição das PSuperior Talks, que aconteceu esta terça-feira, focou-se no desafio de trazer os mais jovens para o voluntariado.
Em Portugal, são os jovens que mais se dedicam ao voluntariado – só a faixa etária dos 15 aos 24 anos representa 11,3% dos voluntários portugueses – contudo, o grosso da população permanece distante das novas formas de envolvimento cívico. O que se pode fazer para mudar este paradigma? O tema esteve em debate esta terça-feira em Évora, fruto de uma parceria do PSuperior com a Fundação Eugénio de Almeida. As soluções podem passar pela criação de mais bancos de voluntariado que se traduzam em mais oportunidades e actividades temporárias que acompanhem os períodos lectivos.
Participaram neste debate Henrique Sim-Sim, coordenador da área social e de desenvolvimento da Fundação Eugénio de Almeida, Carla Ventura, vice-presidente da CASES (Cooperativa António Sérgio para a Economia Social), Cátia Martins, professora da Universidade do Algarve e Carmen Garcia, enfermeira, autora de "A Mãe Imperfeita" e colunista do PÚBLICO. A moderação ficou a cargo de Mariana Adam, editora do PÚBLICO.
Eis os factos: em toda a Europa, 19,3% da população afirma dedicar-se ao voluntariado. Contudo, e segundo o Inquérito ao Trabalho Voluntário de 2018, em Portugal, esse valor é de apenas 7,8%. Ainda que uma grande parte sejam jovens, é importante olhar para estes dados e pensar como se pode atrair mais pessoas para as acções de voluntariado.
Cátia Martins, investigadora na área do voluntariado e professora da Faculdade de Ciências Humanas e Sociais da Universidade do Algarve, diz que, depois da primeira experiência positiva, a "sementinha" do voluntariado "fica lá", contudo salienta o papel importante da academia para “consciencializar e dar oportunidades” para o voluntariado.
Este tipo de actividades pode ser promovido enquanto uma forma de desenvolver competências necessárias para a entrada no mercado de trabalho e isso deve ser servir como meio de convencer os jovens a participar. Contudo, para isso, pode ser preciso abrir o leque a diferentes actividades e enquadrá-las de acordo com o perfil de interesses dos jovens, ajustando de acordo com o tempo livre que têm, defende a professora.
Cátia Martins sugere pensar num voluntariado em “períodos mais curtos”, como um semestre e salienta que as experiências pontuais devem ser “valorizadas”.
O tempo foi um dos factores também apontados por Carmen Garcia, enfermeira e autora do blog Mãe Imperfeita. Especialmente quando se “trabalha por turnos”, conciliar a vida profissional com uma actividade de voluntariado pode revelar-se uma tarefa espinhosa: “Há profissões que têm muito a dar ao voluntariado, mas a logística não ajuda”, sentencia.
E as oportunidades?
Também Henrique Sim-Sim, coordenador da Área Social e Desenvolvimento da fundação Eugénio de Almeida, sugere que se aumente o número de iniciativas de voluntariado pontual, que pode ser uma forma de aumentar a participação dos jovens. Além disso, e olhando para o outro lado, é preciso fortalecer a capacidade de acolhimento de voluntário por parte das instituições.
“As organizações dentro da economia social são muitas, dinâmicas e persistentes nos territórios de baixa densidade”, diagnostica, contudo os “técnicos [que trabalham nessas instituições] são pessoas e, por isso, limitados na sua acção”, precisando de ser “capacitados” para acolher voluntários.
Além disso, e conforme ditam as melhores práticas internacionais, as próprias organizações precisam de ser apoiadas financeiramente “para poderem continuar a desenvolver a sua prática de voluntariado”.
Para isso, é importante reforçar o “papel das estruturas”, defende Carla Ventura, vice-presidente da CASES. “Há muitas pessoas que querem fazer voluntariado, mas não sabem onde”, afirma. Por isso, apostar na criação e formação de bancos locais de voluntariado, assim como na aproximação entre organizações e comunidades é fundamental, e exige uma maior acção por parte de entidades enquadradoras como as autarquias.
Ainda olhando para o lado das instituições, Carmen Garcia salienta a importância de haver uma maior abertura e complementaridade das instituições em relação aos voluntários.
“Tenho tido muita dificuldade em fazer com que as nossas instituições percebam as vantagens do voluntariado”, avalia, com base no que vê nos lares onde trabalha. “Há um princípio básico no voluntariado que é o principio da complementaridade: não é suposto que os voluntários vão substituir ou fazer o trabalho que deveria ser feito pelos funcionários. O que acontece muitas vezes nos nossos lares é que estamos sempre no limite dos recursos humanos e se vai um voluntário precisamos antes que ele vá dar os jantares aos acamados”, afirma.
Apesar de tudo, não deixa de ter uma visão positiva: “Podemos ficar esperançosos porque há muitos miúdos que querem fazer voluntariado.” Basta criar oportunidades.
Texto editado por Inês Chaíça
23.6.23
Fidelidade é parceira da Aldeia da Inovação Social 2023
in ECO
A Fidelidade é parceira oficial da Aldeia de Inovação Social 2023. O evento, que ocorre na Aldeia da Luz, em Mourão, conta com a participação de João Mestre, responsável pela Sustentabilidade do Grupo Fidelidade.
A Aldeia de Inovação Social, promovida pela Portugal Inovação Social, é uma iniciativa que tem como objetivo desenvolver e impulsionar o mercado de investimento social, apoiando projetos de empreendedorismo e inovação social em Portugal.
Esta é a segunda edição deste evento, que integra as atividades no âmbito do consórcio europeu “ESF+ Network of Competence Centres for Social Innovation”, no seguimento da iniciativa lançada pela Comissão Europeia para apoiar a criação de Centros Nacionais de Competências para a Inovação Social em cada um dos Estados-Membros da União Europeia.
Nesta quarta-feira, a participação de João Mestre, responsável pela Sustentabilidade do Grupo Fidelidade, será dedicada à estratégia “Preparar o futuro para um mundo mais sustentável”, com foco em soluções criativas e no compromisso com a responsabilidade ambiental e social.
19.6.23
Cáritas Coimbra procura voluntários para interagir com cidadãos mais velhos
in Penacova Actual
A Cáritas Diocesana de Coimbra pretende desafiar 83 voluntários para participar no piloto do Projeto Pharaon com o objetivo de interagir com mais de 210 adultos mais velhos, em formato presencial ou remoto.
Reconhecendo o crescente processo de envelhecimento da população, a Cáritas de Coimbra procura melhorar a qualidade de vida, independência e saúde geral dos adultos mais velhos. Com o intuito de contribuir para este objetivo, está a ser implementado o projeto Pharaon, que visa promover o envelhecimento ativo e saudável através da integração de serviços, dispositivos e ferramentas digitais em plataformas abertas. O projeto é baseado numa abordagem centrada no utilizador, procurando garantir a máxima usabilidade e aceitação por parte das pessoas mais velhas.
Existem duas formas possíveis de voluntariado – presencial e remota:
Na vertente presencial os voluntários são desafiados a dinamizar atividades com objetivo de promover aprendizagens nos adultos mais velhos como a criação de novas memórias, estimulação cognitiva ou o combate à solidão e isolamento. O voluntário poderá propor a temática para a atividade e, em seguida, executa-a num dos centros da Cáritas de Coimbra (a combinar). Podem ser realizadas entre 1 a 5 sessões, por voluntário, entre julho de 2023 a março de 2024.
Na versão remota, o voluntário deverá apoiar os adultos mais velhos na dinamização de uma rede social segura, criada no âmbito do projeto Pharaon. O objetivo será criar páginas com assuntos de interesse para o público-alvo e periodicamente poderá fazer publicações, colocar “gostos” enviar mensagens e impulsionar a comunidade de adultos mais velhos a utilizarem a rede social. Pretende-se que os voluntários estejam disponíveis entre 1 a 4 horas por mês, também entre julho de 2023 e março de 2024.
A Cáritas de Coimbra lança o convite a todos os interessados em participar nesta iniciativa, estando disponível para esclarecer todas as dúvidas que possam surgir. As inscrições podem ser realizadas AQUI
Mais informações sobre o projeto podem ser consultadas em https://www.pharaon.eu/ (inglês) ou https://caritascoimbra.pt/project/pharaon/ (português). Este projeto recebeu financiamento do programa de investigação e inovação Horizonte 2020 da União Europeia – Projeto Pharaon ‘Pilots for Healthy and Active Ageing’, sob o contrato de subvenção nº 857188.
A Cáritas Diocesana de Coimbra pretende desafiar 83 voluntários para participar no piloto do Projeto Pharaon com o objetivo de interagir com mais de 210 adultos mais velhos, em formato presencial ou remoto.
Reconhecendo o crescente processo de envelhecimento da população, a Cáritas de Coimbra procura melhorar a qualidade de vida, independência e saúde geral dos adultos mais velhos. Com o intuito de contribuir para este objetivo, está a ser implementado o projeto Pharaon, que visa promover o envelhecimento ativo e saudável através da integração de serviços, dispositivos e ferramentas digitais em plataformas abertas. O projeto é baseado numa abordagem centrada no utilizador, procurando garantir a máxima usabilidade e aceitação por parte das pessoas mais velhas.
Existem duas formas possíveis de voluntariado – presencial e remota:
Na vertente presencial os voluntários são desafiados a dinamizar atividades com objetivo de promover aprendizagens nos adultos mais velhos como a criação de novas memórias, estimulação cognitiva ou o combate à solidão e isolamento. O voluntário poderá propor a temática para a atividade e, em seguida, executa-a num dos centros da Cáritas de Coimbra (a combinar). Podem ser realizadas entre 1 a 5 sessões, por voluntário, entre julho de 2023 a março de 2024.
Na versão remota, o voluntário deverá apoiar os adultos mais velhos na dinamização de uma rede social segura, criada no âmbito do projeto Pharaon. O objetivo será criar páginas com assuntos de interesse para o público-alvo e periodicamente poderá fazer publicações, colocar “gostos” enviar mensagens e impulsionar a comunidade de adultos mais velhos a utilizarem a rede social. Pretende-se que os voluntários estejam disponíveis entre 1 a 4 horas por mês, também entre julho de 2023 e março de 2024.
A Cáritas de Coimbra lança o convite a todos os interessados em participar nesta iniciativa, estando disponível para esclarecer todas as dúvidas que possam surgir. As inscrições podem ser realizadas AQUI
Mais informações sobre o projeto podem ser consultadas em https://www.pharaon.eu/ (inglês) ou https://caritascoimbra.pt/project/pharaon/ (português). Este projeto recebeu financiamento do programa de investigação e inovação Horizonte 2020 da União Europeia – Projeto Pharaon ‘Pilots for Healthy and Active Ageing’, sob o contrato de subvenção nº 857188.
Município de Gondomar apoia bombeiros com 2 milhões de euros para renovação de frota
in Gondomar.pt
A autarquia aprovou em reunião de Câmara Municipal a criação de um programa extraordinário de apoio à renovação das viaturas operacionais dos Corpos de Bombeiros do concelho. A proposta, aprovada por unanimidade, prevê um financiamento de 2 milhões de euros para os próximos dois anos.
As candidaturas validadas e aprovadas pelos serviços municipais podem ser subsidiadas até ao valor máximo de 400 mil euros. É elegível para este apoio a aquisição de viaturas de combate a incêndios, viaturas de desencarceramento, embarcações de socorro e ambulâncias de emergência.
Os apoios podem ser pedidos, através de formulário próprio, junto do Departamento de Proteção Civil, Segurança e Fiscalização, sendo que a mesma Associação Humanitária pode efetuar várias candidaturas durante o período de um ano a contar da aprovação das propostas, até atingir o valor máximo de financiamento.
O concelho dispõe de cinco Corpos de Bombeiros, que asseguram a resposta no território, sendo elas as Associações Humanitários de Bombeiros Voluntários da Areosa – Rio Tinto, Gondomar, Melres, São Pedro da Cova e Valbom.
A autarquia aprovou em reunião de Câmara Municipal a criação de um programa extraordinário de apoio à renovação das viaturas operacionais dos Corpos de Bombeiros do concelho. A proposta, aprovada por unanimidade, prevê um financiamento de 2 milhões de euros para os próximos dois anos.
As candidaturas validadas e aprovadas pelos serviços municipais podem ser subsidiadas até ao valor máximo de 400 mil euros. É elegível para este apoio a aquisição de viaturas de combate a incêndios, viaturas de desencarceramento, embarcações de socorro e ambulâncias de emergência.
Os apoios podem ser pedidos, através de formulário próprio, junto do Departamento de Proteção Civil, Segurança e Fiscalização, sendo que a mesma Associação Humanitária pode efetuar várias candidaturas durante o período de um ano a contar da aprovação das propostas, até atingir o valor máximo de financiamento.
O concelho dispõe de cinco Corpos de Bombeiros, que asseguram a resposta no território, sendo elas as Associações Humanitários de Bombeiros Voluntários da Areosa – Rio Tinto, Gondomar, Melres, São Pedro da Cova e Valbom.
Feira de Voluntariado em Matosinhos é montra do que de “mais bondoso e bonito” se faz em Portugal
in Expresso
Partilhar, inspirar, envolver. À semelhança do lema olímpico “Mais rápido, mais alto, mais forte”, que motiva atletas dos quatro cantos do mundo, estes três verbos são o norte de uma Feira de Voluntariado que decorre, este fim de semana, em Matosinhos.
A iniciativa, que decorrerá na Quinta de Monserrate - Clube, visa promover o contacto entre organizações de ação social e humanitária, com trabalho desenvolvido em Portugal e no estrangeiro, e um público curioso e motivado para ajudar.
Num espaço verde circundante a oito campos de padel, pelo menos 117 organizações não governamentais terão um espaço físico para divulgar o seu trabalho, passar mensagem aos visitantes e captar apoios.
Ao estilo de vitamina de motivação, um conjunto de personalidades ligadas a ONG ou simplesmente dedicadas a causas vai partilhar experiências, em duas tardes de conferências, a partir das 15h.
15 TESTEMUNHOS, 15 EXEMPLOS
Da lista de 15 palestrantes fazem parte o treinador André Villas-Boas (que canalizou a sua paixão por carros e ralis para fundar a Race for Good), Pedro Geraldes (organizador da TEDxPorto), Jorge Rosado (da Palhaços d’Opital, que realiza ações de diversão para idosos em ambiente hospitalar) ou Constança Vasconcelos Dias (da Just a Change, que reconstrói casas para pessoas necessitadas).
No domingo de manhã, a partir das 11h, o ativista alemão Andreas Noe (mediaticamente conhecido como Trash Traveler) orientará uma ação de recolha de plásticos, beatas e outros resíduos, que seguirá pelas ruas de Matosinhos, na direção da praia.
No programa das conferências, haverá também testemunhos na primeira pessoa de personalidades que são, em si mesmas, demonstrações de superação.
São disso exemplos Catarina Oliveira, uma nutricionista paraplégica que se tornou ativista pela igualdade de acesso a pessoas com cadeiras de rodas; ou o cigano romeno Cristian Georgescu, que assume o seu passado de toxicodependência e é hoje presidente da organização Saber Compreender, que apoia pessoas em situação sem-abrigo.
Esta Feira do Voluntariado é uma iniciativa da organização Prémios Coração e o Mundo. Fundada pelo médico Gustavo Carona, experiente em missões humanitárias internacionais, tem por objetivo, nas palavras do próprio, “fundir a credibilidade da melhor ajuda social e humanitária, com a criatividade que fará a bondade chegar ao grande público e contagiar todo e cada cidadão a fazer um bocadinho mais por um Mundo com mais Coração”.
16.6.23
Queres ser voluntário mas não sabes onde? Esta feira pode ajudar-te
Ana Isabel Pinheiro, in Público
Workshops de pintura, jogos de tabuleiro, torneios de padel e sunsets são algumas das actividades da primeira feira de voluntariado da associação Prémios Coração e o Mundo, criada pelo médico intensivista Gustavo Carona, em Novembro de 2022.
A feira acontece este fim-de-semana, 17 e 18 de Junho, na Quinta de Monserrate, em Matosinhos, e a entrada é livre. As portas estão abertas das 14h às 20h. “Lembrei-me de premiar com criatividade as pessoas que fazem as coisas mais bonitas, moldar a sociedade, e levar a que outros tantos fossem atrás”, explica ao P3 Gustavo Carona.
No total, são 117 as organizações de cariz social e humanitário que se juntam à festa com um único objectivo: sensibilizar para o voluntariado que se faz em Portugal e além-fronteiras e, quem sabe, conseguir que mais pessoas se juntem às causas. Banco Alimentar contra a Fome, Liga Portuguesa contra o Cancro, Animais de Rua, rede ex aequeo e Médicos sem Fronteiras são algumas das que vão marcar presença.
“Isto é uma espécie de feira do livro, mas mais pequena onde acontecem várias coisas ao mesmo tempo. Vamos ter uma zona de palestras, outra de workshops e depois num espaço de sete mil metros quadrados temos as tais 117 organizações”, descreve o médico.
Quem quiser assistir às palestras também o pode fazer e não precisa de se inscrever. Ao todo, são 16 conferências sobre igualdade, discriminação, apoio social, alterações climáticas e missões humanitárias como as de Gustavo que passou pelo Congo, Síria e Afeganistão.
Assistir a estas conversas é também uma forma conhecer projectos como o Just a Change, que se dedica à reconstrução de casas de pessoas com dificuldades económicas, ou os trabalhos de Andreas Noe, mais conhecido nas redes sociais como The Trash Traveler, que transforma lixo em arte "e mostra-o com criatividade ao grande público para que as pessoas se sensibilizem para esta problemática", defende Gustavo.
A par disto, e pensando especialmente nos visitantes mais velhos, a iniciativa Pedalar Sem Idade quer promover exercício físico e o combate ao isolamento através de passeios de bicicleta gratuitos pela cidade do Porto.
Ainda sobre desporto, o treinador de futebol André Villas-Boas é uma das figuras que vai aparecer pela feira no domingo para falar sobre a Race for Good, organização que fundou em 2018 que angaria fundos para apoiar causas humanitárias através da prática desportiva.
12.6.23
Plataforma ODSlocal já tem mais de 100 municípios e 1000 boas práticas registadas
Pedro Sousa Carvalho, in Expresso
O Ativa'mente é um programa de promoção da saúde mental da Câmara Municipal de Matosinhos e é o projeto número 1000 registado nesta plataforma que ajuda os municípios a cumprir os objetivos de desenvolvimento sustentável (ODS) das Nações Unidas. Com a entrada de 19 câmaras açorianas, já são mais de 100 os municípios que fazem parte da plataforma ODSlocal
A Plataforma Municipal dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODSlocal) foi lançada em 2020 e tem como objetivo ajudar os municípios portugueses a atingir e a publicitar os objetivos de desenvolvimento sustentável (ODS) definidos a nível local. A Agenda 2030 é um plano de ação global adotado pelas Nações Unidas em setembro de 2015 e estabeleceu 17 ODS, desdobrados num total de 169 metas, com a finalidade de erradicar a pobreza, proteger o planeta e garantir prosperidade para todos.
Os municípios que participam nesta iniciativa são desafiados a registar na plataforma todas as boas práticas que sejam adotadas pelas autarquias e todos os projetos desenvolvidos por outros promotores locais que tenham um contributo positivos para os ODS. No final do ano passado, a ODSlocal já tinha registada na plataforma 699 iniciativas desenvolvidas por outros promotores locais (projetos) e 790 iniciativas implementadas pelos próprios municípios (boas práticas) com contributos para os ODS.
A plataforma veio agora anunciar que o número de boas práticas atingiu a marca das 1000: “A Plataforma ODSlocal celebra o mapeamento da Boa Prática municipal nº 1000 no portal! A Boa prática Ativa'mente foi partilhada pelo município de Matosinhos, e é um programa que evidencia o seu trabalho em torno da saúde mental, despertando consciências para esta importante temática. Tem uma contribuição direta para o ODS 3 ‘Saúde de qualidade’, sobretudo através do estabelecimento de ‘parcerias para o desenvolvimento sustentável’ (ODS 17)”.
A Câmara Municipal de Matosinhos diz que tem vindo a investir na Saúde Mental e concebeu este programa Ativa’mente com os seguintes objetivos: “aumentar a literacia e reduzir o estigma associado à saúde/doença mental, bem como promover a adoção de estilos de vida saudáveis”.
Exemplos de boas práticas
Entre as boas práticas mais recentes registadas neste portal encontra-se também a “Guimarães 2030: Ecossistema de governança”, uma iniciativa que procura juntar o setor público, o setor privado, a academia e os cidadãos e funciona como um modelo participativo com vista “à conceção, desenho e proposta de soluções que visam a transformação do território”.
A Câmara Municipal do Seixal registou o Plano Educativo Municipal (PEM) que oferece à comunidade educativa um conjunto diversificado de programas de apoio e de projetos educativos. A autarquia explica que o PEM “permite aos professores e alunos realizarem um conjunto de projetos em áreas tão diversificadas como o património, a leitura, o ambiente, a saúde, a cidadania, o desporto e os tempos livres”. Cada projeto mapeado no site do ODSlocal permite ver quais dos 17 ODS estão cobertos por cada iniciativa divulgada pelas câmaras. Neste plano do Seixal, os ODS cobertos pela iniciativa são os ODS 4 (educação de qualidade), 5 (igualdade de género), 10 (redução de desigualdades), 17 (parcerias) e 2 (erradicação da fome).
O município de Loulé também registou recentemente o Banco Local de Voluntariado que funciona como um ponto de “encontro entre as pessoas que expressam a sua vontade em serem voluntários e as organizações que promovem ações de voluntariado e reúnem condições para integrar voluntários e coordenar o exercício da sua atividade”. Este banco, além deste matching, “assegura os encargos com a apólice do seguro obrigatório para os voluntários ativos; promove ações de capacitação para gestores de voluntariado e voluntários; e presta apoio às entidades promotoras na elaboração de programas de voluntariado e no desenvolvimento de ações de voluntariado”.
19 município dos Açores juntam-se à ODSlocal
Nos primeiros três anos de existência, a ODSlocal contava com 88 municípios signatários mas este ano a plataforma ultrapassou a fasquia dos 100 graças a um protocolo assinado com a Associação de Municípios da Região Autónoma dos Açores e que levou à adesão de 19 municípios da região: Angra do Heroísmo, Calheta, Corvo, Horta, Lagoa, Lajes das Flores, Lajes do Pico, Madalena, Nordeste, Ponta Delgada, Povoação, Praia da Vitória, Ribeira Grande, Santa Cruz da Graciosa, Santa Cruz das Flores, São Roque do Pico, Velas, Vila do Porto e Vila Franca do Campo.
Estas adesões, juntamente com a de Vila Real de Santo António, que se juntou à plataforma em maio, elevou para 103 o total de municípios registados na ODSlocal, um terço do total das autarquias existentes em Portugal. A ODSlocal explica que os municípios aderentes à plataforma “têm acesso a uma variedade de recursos e funcionalidades avançadas, que possibilitam a gestão, o planeamento e a partilha de boas práticas municipais em relação aos ODS” e garante que “a transferência de conhecimento e de experiências é fundamental para acelerar o progresso em direção a um futuro sustentável em cada município”.
Esta plataforma só aceita o registo no site de “boas práticas” ODS que cumpram os seguintes critérios: têm de ser atuais (que se encontrem em curso e com atividade no último ano); regulares (que tenham uma duração prevista de pelo menos três anos); consequentes (que tenham um impacto concreto mensurável e que estejam alinhadas com as metas dos ODS) e, finalmente, as boas práticas têm de ser sistémicas (ou seja, contribuir positivamente para metas de pelo menos três ODS diferentes).
O Ativa'mente é um programa de promoção da saúde mental da Câmara Municipal de Matosinhos e é o projeto número 1000 registado nesta plataforma que ajuda os municípios a cumprir os objetivos de desenvolvimento sustentável (ODS) das Nações Unidas. Com a entrada de 19 câmaras açorianas, já são mais de 100 os municípios que fazem parte da plataforma ODSlocal
A Plataforma Municipal dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODSlocal) foi lançada em 2020 e tem como objetivo ajudar os municípios portugueses a atingir e a publicitar os objetivos de desenvolvimento sustentável (ODS) definidos a nível local. A Agenda 2030 é um plano de ação global adotado pelas Nações Unidas em setembro de 2015 e estabeleceu 17 ODS, desdobrados num total de 169 metas, com a finalidade de erradicar a pobreza, proteger o planeta e garantir prosperidade para todos.
Os municípios que participam nesta iniciativa são desafiados a registar na plataforma todas as boas práticas que sejam adotadas pelas autarquias e todos os projetos desenvolvidos por outros promotores locais que tenham um contributo positivos para os ODS. No final do ano passado, a ODSlocal já tinha registada na plataforma 699 iniciativas desenvolvidas por outros promotores locais (projetos) e 790 iniciativas implementadas pelos próprios municípios (boas práticas) com contributos para os ODS.
A plataforma veio agora anunciar que o número de boas práticas atingiu a marca das 1000: “A Plataforma ODSlocal celebra o mapeamento da Boa Prática municipal nº 1000 no portal! A Boa prática Ativa'mente foi partilhada pelo município de Matosinhos, e é um programa que evidencia o seu trabalho em torno da saúde mental, despertando consciências para esta importante temática. Tem uma contribuição direta para o ODS 3 ‘Saúde de qualidade’, sobretudo através do estabelecimento de ‘parcerias para o desenvolvimento sustentável’ (ODS 17)”.
A Câmara Municipal de Matosinhos diz que tem vindo a investir na Saúde Mental e concebeu este programa Ativa’mente com os seguintes objetivos: “aumentar a literacia e reduzir o estigma associado à saúde/doença mental, bem como promover a adoção de estilos de vida saudáveis”.
Exemplos de boas práticas
Entre as boas práticas mais recentes registadas neste portal encontra-se também a “Guimarães 2030: Ecossistema de governança”, uma iniciativa que procura juntar o setor público, o setor privado, a academia e os cidadãos e funciona como um modelo participativo com vista “à conceção, desenho e proposta de soluções que visam a transformação do território”.
A Câmara Municipal do Seixal registou o Plano Educativo Municipal (PEM) que oferece à comunidade educativa um conjunto diversificado de programas de apoio e de projetos educativos. A autarquia explica que o PEM “permite aos professores e alunos realizarem um conjunto de projetos em áreas tão diversificadas como o património, a leitura, o ambiente, a saúde, a cidadania, o desporto e os tempos livres”. Cada projeto mapeado no site do ODSlocal permite ver quais dos 17 ODS estão cobertos por cada iniciativa divulgada pelas câmaras. Neste plano do Seixal, os ODS cobertos pela iniciativa são os ODS 4 (educação de qualidade), 5 (igualdade de género), 10 (redução de desigualdades), 17 (parcerias) e 2 (erradicação da fome).
O município de Loulé também registou recentemente o Banco Local de Voluntariado que funciona como um ponto de “encontro entre as pessoas que expressam a sua vontade em serem voluntários e as organizações que promovem ações de voluntariado e reúnem condições para integrar voluntários e coordenar o exercício da sua atividade”. Este banco, além deste matching, “assegura os encargos com a apólice do seguro obrigatório para os voluntários ativos; promove ações de capacitação para gestores de voluntariado e voluntários; e presta apoio às entidades promotoras na elaboração de programas de voluntariado e no desenvolvimento de ações de voluntariado”.
19 município dos Açores juntam-se à ODSlocal
Nos primeiros três anos de existência, a ODSlocal contava com 88 municípios signatários mas este ano a plataforma ultrapassou a fasquia dos 100 graças a um protocolo assinado com a Associação de Municípios da Região Autónoma dos Açores e que levou à adesão de 19 municípios da região: Angra do Heroísmo, Calheta, Corvo, Horta, Lagoa, Lajes das Flores, Lajes do Pico, Madalena, Nordeste, Ponta Delgada, Povoação, Praia da Vitória, Ribeira Grande, Santa Cruz da Graciosa, Santa Cruz das Flores, São Roque do Pico, Velas, Vila do Porto e Vila Franca do Campo.
Estas adesões, juntamente com a de Vila Real de Santo António, que se juntou à plataforma em maio, elevou para 103 o total de municípios registados na ODSlocal, um terço do total das autarquias existentes em Portugal. A ODSlocal explica que os municípios aderentes à plataforma “têm acesso a uma variedade de recursos e funcionalidades avançadas, que possibilitam a gestão, o planeamento e a partilha de boas práticas municipais em relação aos ODS” e garante que “a transferência de conhecimento e de experiências é fundamental para acelerar o progresso em direção a um futuro sustentável em cada município”.
Esta plataforma só aceita o registo no site de “boas práticas” ODS que cumpram os seguintes critérios: têm de ser atuais (que se encontrem em curso e com atividade no último ano); regulares (que tenham uma duração prevista de pelo menos três anos); consequentes (que tenham um impacto concreto mensurável e que estejam alinhadas com as metas dos ODS) e, finalmente, as boas práticas têm de ser sistémicas (ou seja, contribuir positivamente para metas de pelo menos três ODS diferentes).
Eu não dou uma esmola a um pobre
Gustavo Carona, opinião, in Público
Mas como é que se pode ajudar estas pessoas que têm o mesmo direito a ser felizes do que nós?
Há uns dias, enquanto passava à porta do supermercado, perto de minha casa, registei um momento, com muita atenção. Uma senhora pedia esmolas sentada no chão e uma rapariga, eu diria à volta dos 30 anos, de uma forma muito querida, aproximou-se para falar com a senhora.
A minha curiosidade e a minha costela jornalística, de quem gosta de registar alguns momentos com atenção, fizeram-me parar e observar o momento, a escassos metros, mas sem que se apercebessem que eu estava a ver e ouvir como um espião, durante uns segundos.
rapariga disse com muito carinho: “Precisa de alguma coisa para comer? Quer que eu traga uma sandes ou outra coisa?” Eu vi e senti genuína bondade. Via-se mesmo que era uma boa pessoa, com uma empatia muito honesta e muita vontade de ajudar quem mais precisa do nosso sentido de humanidade. Mas eu estive mesmo para ir atrás dela, e dizer-lhe “não é assim que se faz!”. Não o fiz, mas atrevo-me a escrever estas palavras, sempre disponível a estar errado e aprender com outras opiniões, nomeadamente de quem tem anos e décadas de trabalho de luta contra a pobreza, que não é o meu caso.
Primeiro esta senhora que estava a pedir pertence a uma “máfia” que os coloca estrategicamente em determinados locais, muitas vezes com crianças, com um “teatro” bem estudado. Mesmo que não seja dinheiro e seja “só” comida, estamos a alimentar a mendigagem de rua, a alimentar esta “máfia” que está por detrás, e nada estamos a fazer para tirar da pobreza esta senhora.
Mas como é que se pode ajudar estas pessoas que têm o mesmo direito a ser felizes do que nós?
Há uns dias, enquanto passava à porta do supermercado, perto de minha casa, registei um momento, com muita atenção. Uma senhora pedia esmolas sentada no chão e uma rapariga, eu diria à volta dos 30 anos, de uma forma muito querida, aproximou-se para falar com a senhora.
A minha curiosidade e a minha costela jornalística, de quem gosta de registar alguns momentos com atenção, fizeram-me parar e observar o momento, a escassos metros, mas sem que se apercebessem que eu estava a ver e ouvir como um espião, durante uns segundos.
rapariga disse com muito carinho: “Precisa de alguma coisa para comer? Quer que eu traga uma sandes ou outra coisa?” Eu vi e senti genuína bondade. Via-se mesmo que era uma boa pessoa, com uma empatia muito honesta e muita vontade de ajudar quem mais precisa do nosso sentido de humanidade. Mas eu estive mesmo para ir atrás dela, e dizer-lhe “não é assim que se faz!”. Não o fiz, mas atrevo-me a escrever estas palavras, sempre disponível a estar errado e aprender com outras opiniões, nomeadamente de quem tem anos e décadas de trabalho de luta contra a pobreza, que não é o meu caso.
Primeiro esta senhora que estava a pedir pertence a uma “máfia” que os coloca estrategicamente em determinados locais, muitas vezes com crianças, com um “teatro” bem estudado. Mesmo que não seja dinheiro e seja “só” comida, estamos a alimentar a mendigagem de rua, a alimentar esta “máfia” que está por detrás, e nada estamos a fazer para tirar da pobreza esta senhora.
[Artigo exclusivo para assinantes]
9.6.23
Jornada Mundial: dos 24 aos 75 anos, a juventude dos voluntários não tem idade
Margarida Coutinho, in Expresso
Entre os voluntários que se cruzam pela sede da Jornada Mundial da Juventude, em Lisboa, a grande maioria não chega aos 30 anos. Contudo, também há quem já ultrapasse os 70. “Sempre gostei de trabalhar com gente nova, é um desafio muito aliciante”, partilhou Ana Martinho, voluntária de 75 anos
Os voluntários são os alicerces das Jornadas Mundiais da Juventude (JMJ), qualquer que seja o país onde decorrem. São eles que ficam responsáveis por vários departamentos essenciais desde a logística - que garante o alojamento ou a alimentação dos milhares de peregrinos inscritos - à comunicação ou aos vários eventos que acompanham a semana das jornadas. Até aqui, já há mais de 20 mil inscritos como voluntários - são necessários pelo menos mais 10 mil para atingir o número ideal apresentado pela organização -, a maior parte deles só chegará na semana antes das jornadas. Até lá, as tarefas ficam concentradas nas pequenas centenas de voluntários, a maioria portugueses, que habitam a sede da JMJ, no Beato. Sendo um evento de “jovens para jovens”, a maior parte dos participantes não têm mais de 30 anos. Contudo, no antigo edifício militar também se encontram pessoas que trocaram a tranquilidade da reforma pela correria da organização de um dos maiores eventos recebidos em Portugal. “Sempre gostei de trabalhar com gente nova, agora vejo-me nesta situação onde todos são mais novos. É um incentivo, é um desafio muito aliciante”, partilhou com o Expresso Ana Martinho, de 75 anos, voluntária na área Caminho 23.
A ex-assessora diplomática de Belém utiliza o seu conhecimento profissional de relações internacionais para ajudar no departamento responsável pelo “percurso dos peregrinos até à jornada”. “Estou a tratar das relações internacionais, das necessidades das viagens, das autorizações”. Além disso, Ana Martinho e a sua equipa mantêm contacto permanente com as “conferências episcopais de todo o mundo” e organizam eventos com as embaixadas em Lisboa. “Há poucos dias, por exemplo, organizámos um evento para as embaixadas em Lisboa que dava a conhecer o programa geral da jornada”. Contudo, a voluntária fez questão de frisar que não tem uma “função definida” e pretende “ajudar onde for preciso”. “O meu compromisso na vida é que tudo o que for preciso fazer, eu faço. Se for preciso arrastar mesas ou cadeiras, eu faço”, garante.
Esta é a primeira jornada de Ana Martinho no papel de voluntária, antes disso apenas tinha “visto de perto” a jornada do Panamá quando ainda trabalhava como assessora diplomática, ao lado de Marcelo Rebelo de Sousa. O convite foi lançado pela própria organização da JMJ, no ano passado e, desde aí, está como voluntária a “full-time”. “Vivo no Estoril e estou a vir aqui todos os dias”. Este esforço é feito em troca de uma “experiência muito positiva” e de um “desígnio espiritual”. “É uma ocasião única, uma aventura bonita com um objetivo muito transcendente e que espero que faça bem ao mundo”, resumiu.
Quem também está pela primeira vez como voluntário na JMJ é Francisco Seabra, de 24 anos. Recebeu o convite para a direção da área Pastoral e Eventos em Setembro do ano passado, altura em que tinha também recebido uma proposta de trabalho de uma consultora. “Percebi que [participar na JMJ] era aquilo que eu queria, que era um desafio que não podia dizer que não”, partilhou o mestre em engenharia eletrotécnica e computadores. Agora, é “braço-direito” na área responsável pelos “eventos, espiritualidade, parte artística, música, festival da Juventude, uma data de coisas”, enumerou. Depois de quase nove meses de trabalho, o jovem não se arrependeu da escolha que tomou. “Sem dúvida que está a superar muito as minhas expectativas em termos de desenvolvimento pessoal. Tem sido uma experiência que me está a encher as medidas”. A nível de experiência profissional, Francisco Seabra realça ainda a “responsabilidade” em si delegada que “dificilmente” teria noutro “primeiro emprego”. Isto ao mesmo tempo que vive um “ambiente brutal” na concretização de um evento de “jovens para jovens”.
Nem só de estreantes é feita a equipa de voluntários da JMJ. Há mais de uma dezena de jovens que já passaram por jornadas em países como Polónia, Panamá ou Brasil. Beatriz Soares, de 29 anos, é uma delas. Depois de ser voluntária na semana da jornada do Rio de Janeiro, em 2013, a jovem brasileira é agora voluntária de longa-duração em Lisboa, onde está a viver desde o final de 2021. “A diferença principal é que agora pude acompanhar o projeto desde o início e ver as coisas crescerem”, explica a jovem membro da Comunidade Católica Shalom. Destacada para a área da Comunicação - um dos departamentos mais numerosos -, Beatriz Soares está responsável por “angariar voluntários” de todo o mundo e alocá-los a uma área consoante o seu “perfil”. “Hoje conheço o nome e o país de todos os que chegaram”. Pela primeira vez em Portugal, outro dos sonhos da voluntária “desde criança” era visitar Fátima. Graças às ações de comunicação da JMJ, este já foi concretizado “quatro ou cinco vezes”. “Sempre que tenho oportunidade [de ir ao Santuário de Fátima], voluntario-me para ir. É um lugar fantástico”.
A menos de dois meses das jornadas, o ritmo nas instalações do Beato começa a aumentar. “Às vezes vemos alguém a correr no corredor porque é preciso correr”, revela Beatriz Soares. Os restantes voluntários concordam com este aumento de “intensidade”. “Estamos a entrar na fase de maior stress, mas também na fase mais gira em que começamos a ver as ideias serem materializadas”, disse Francisco Seabra. Exemplo disso são os “ensaios de coro e da orquestra” que já estão a decorrer ou a chegada dos primeiros membros do Ensemble23, o “elenco oficial dos eventos” formado por “jovens artistas” voluntários de várias partes do mundo. “Normalmente este grupo é feito por pessoas do país ou companhias de teatro contratadas. Nós quisemos dar oportunidade a jovens de todo o mundo, que estudam teatro ou música, de ganharem uma experiência profissional na sua área atuando para milhares de pessoas”, explicou o voluntário da área Pastoral e Eventos. Para já, chegou apenas uma das artistas que veio da Rússia e demorou “cinco dias só para poder chegar cá”. No dia 12 de junho, juntam-se os restantes elementos para “seis semanas” de “ensaios intensivos”.
“SABEMOS QUE TODAS AS DECISÕES SÃO MUITO PONDERADAS”
Numas jornadas rodeadas de polémicas – desde os valores milionários associados às infraestruturas como o altar-palco aos abusos sexuais de menores na Igreja Católica divulgados pelo relatório da Comissão Independente – os voluntários voltam a defender que nada afeta o “estado de espírito” na Rua do Grilo. “Estamos por dentro das decisões, sabemos realmente como as coisas estão a andar, que todas as decisões são muito ponderadas e que são feitas da melhor forma possível. Às vezes há erros, como em tudo. Mas o nosso objetivo é também sensibilizar as pessoas para a dimensão deste evento, para o bem que faz a Portugal e às pessoas, crentes e não crentes”, defende Francisco Seabra.
Apesar de reconhecer que estas polémicas geram perguntas de “amigos” e “familiares” que estão “por fora” do evento, Francisco prefere focar-se no futuro e no resultado da semana de 1 a 6 de agosto. “Há noites em que dormimos pior porque as pessoas não percebem. Mas estamos a falar do maior evento que Portugal já acolheu, um dos maiores eventos do mundo. No final, vamos perceber que foi das melhores coisas que aconteceu em Portugal e as coisas menos boas vão ser uma gotinha de água num oceano”. Também Ana Martinho acredita que o “mais importante” e o que irá prevalecer será a “mensagem de paz” que a JMJ traz numa “altura tão conturbada como a que vivemos”.
Entre os voluntários que se cruzam pela sede da Jornada Mundial da Juventude, em Lisboa, a grande maioria não chega aos 30 anos. Contudo, também há quem já ultrapasse os 70. “Sempre gostei de trabalhar com gente nova, é um desafio muito aliciante”, partilhou Ana Martinho, voluntária de 75 anos
Os voluntários são os alicerces das Jornadas Mundiais da Juventude (JMJ), qualquer que seja o país onde decorrem. São eles que ficam responsáveis por vários departamentos essenciais desde a logística - que garante o alojamento ou a alimentação dos milhares de peregrinos inscritos - à comunicação ou aos vários eventos que acompanham a semana das jornadas. Até aqui, já há mais de 20 mil inscritos como voluntários - são necessários pelo menos mais 10 mil para atingir o número ideal apresentado pela organização -, a maior parte deles só chegará na semana antes das jornadas. Até lá, as tarefas ficam concentradas nas pequenas centenas de voluntários, a maioria portugueses, que habitam a sede da JMJ, no Beato. Sendo um evento de “jovens para jovens”, a maior parte dos participantes não têm mais de 30 anos. Contudo, no antigo edifício militar também se encontram pessoas que trocaram a tranquilidade da reforma pela correria da organização de um dos maiores eventos recebidos em Portugal. “Sempre gostei de trabalhar com gente nova, agora vejo-me nesta situação onde todos são mais novos. É um incentivo, é um desafio muito aliciante”, partilhou com o Expresso Ana Martinho, de 75 anos, voluntária na área Caminho 23.
A ex-assessora diplomática de Belém utiliza o seu conhecimento profissional de relações internacionais para ajudar no departamento responsável pelo “percurso dos peregrinos até à jornada”. “Estou a tratar das relações internacionais, das necessidades das viagens, das autorizações”. Além disso, Ana Martinho e a sua equipa mantêm contacto permanente com as “conferências episcopais de todo o mundo” e organizam eventos com as embaixadas em Lisboa. “Há poucos dias, por exemplo, organizámos um evento para as embaixadas em Lisboa que dava a conhecer o programa geral da jornada”. Contudo, a voluntária fez questão de frisar que não tem uma “função definida” e pretende “ajudar onde for preciso”. “O meu compromisso na vida é que tudo o que for preciso fazer, eu faço. Se for preciso arrastar mesas ou cadeiras, eu faço”, garante.
Esta é a primeira jornada de Ana Martinho no papel de voluntária, antes disso apenas tinha “visto de perto” a jornada do Panamá quando ainda trabalhava como assessora diplomática, ao lado de Marcelo Rebelo de Sousa. O convite foi lançado pela própria organização da JMJ, no ano passado e, desde aí, está como voluntária a “full-time”. “Vivo no Estoril e estou a vir aqui todos os dias”. Este esforço é feito em troca de uma “experiência muito positiva” e de um “desígnio espiritual”. “É uma ocasião única, uma aventura bonita com um objetivo muito transcendente e que espero que faça bem ao mundo”, resumiu.
Quem também está pela primeira vez como voluntário na JMJ é Francisco Seabra, de 24 anos. Recebeu o convite para a direção da área Pastoral e Eventos em Setembro do ano passado, altura em que tinha também recebido uma proposta de trabalho de uma consultora. “Percebi que [participar na JMJ] era aquilo que eu queria, que era um desafio que não podia dizer que não”, partilhou o mestre em engenharia eletrotécnica e computadores. Agora, é “braço-direito” na área responsável pelos “eventos, espiritualidade, parte artística, música, festival da Juventude, uma data de coisas”, enumerou. Depois de quase nove meses de trabalho, o jovem não se arrependeu da escolha que tomou. “Sem dúvida que está a superar muito as minhas expectativas em termos de desenvolvimento pessoal. Tem sido uma experiência que me está a encher as medidas”. A nível de experiência profissional, Francisco Seabra realça ainda a “responsabilidade” em si delegada que “dificilmente” teria noutro “primeiro emprego”. Isto ao mesmo tempo que vive um “ambiente brutal” na concretização de um evento de “jovens para jovens”.
Nem só de estreantes é feita a equipa de voluntários da JMJ. Há mais de uma dezena de jovens que já passaram por jornadas em países como Polónia, Panamá ou Brasil. Beatriz Soares, de 29 anos, é uma delas. Depois de ser voluntária na semana da jornada do Rio de Janeiro, em 2013, a jovem brasileira é agora voluntária de longa-duração em Lisboa, onde está a viver desde o final de 2021. “A diferença principal é que agora pude acompanhar o projeto desde o início e ver as coisas crescerem”, explica a jovem membro da Comunidade Católica Shalom. Destacada para a área da Comunicação - um dos departamentos mais numerosos -, Beatriz Soares está responsável por “angariar voluntários” de todo o mundo e alocá-los a uma área consoante o seu “perfil”. “Hoje conheço o nome e o país de todos os que chegaram”. Pela primeira vez em Portugal, outro dos sonhos da voluntária “desde criança” era visitar Fátima. Graças às ações de comunicação da JMJ, este já foi concretizado “quatro ou cinco vezes”. “Sempre que tenho oportunidade [de ir ao Santuário de Fátima], voluntario-me para ir. É um lugar fantástico”.
A menos de dois meses das jornadas, o ritmo nas instalações do Beato começa a aumentar. “Às vezes vemos alguém a correr no corredor porque é preciso correr”, revela Beatriz Soares. Os restantes voluntários concordam com este aumento de “intensidade”. “Estamos a entrar na fase de maior stress, mas também na fase mais gira em que começamos a ver as ideias serem materializadas”, disse Francisco Seabra. Exemplo disso são os “ensaios de coro e da orquestra” que já estão a decorrer ou a chegada dos primeiros membros do Ensemble23, o “elenco oficial dos eventos” formado por “jovens artistas” voluntários de várias partes do mundo. “Normalmente este grupo é feito por pessoas do país ou companhias de teatro contratadas. Nós quisemos dar oportunidade a jovens de todo o mundo, que estudam teatro ou música, de ganharem uma experiência profissional na sua área atuando para milhares de pessoas”, explicou o voluntário da área Pastoral e Eventos. Para já, chegou apenas uma das artistas que veio da Rússia e demorou “cinco dias só para poder chegar cá”. No dia 12 de junho, juntam-se os restantes elementos para “seis semanas” de “ensaios intensivos”.
“SABEMOS QUE TODAS AS DECISÕES SÃO MUITO PONDERADAS”
Numas jornadas rodeadas de polémicas – desde os valores milionários associados às infraestruturas como o altar-palco aos abusos sexuais de menores na Igreja Católica divulgados pelo relatório da Comissão Independente – os voluntários voltam a defender que nada afeta o “estado de espírito” na Rua do Grilo. “Estamos por dentro das decisões, sabemos realmente como as coisas estão a andar, que todas as decisões são muito ponderadas e que são feitas da melhor forma possível. Às vezes há erros, como em tudo. Mas o nosso objetivo é também sensibilizar as pessoas para a dimensão deste evento, para o bem que faz a Portugal e às pessoas, crentes e não crentes”, defende Francisco Seabra.
Apesar de reconhecer que estas polémicas geram perguntas de “amigos” e “familiares” que estão “por fora” do evento, Francisco prefere focar-se no futuro e no resultado da semana de 1 a 6 de agosto. “Há noites em que dormimos pior porque as pessoas não percebem. Mas estamos a falar do maior evento que Portugal já acolheu, um dos maiores eventos do mundo. No final, vamos perceber que foi das melhores coisas que aconteceu em Portugal e as coisas menos boas vão ser uma gotinha de água num oceano”. Também Ana Martinho acredita que o “mais importante” e o que irá prevalecer será a “mensagem de paz” que a JMJ traz numa “altura tão conturbada como a que vivemos”.
25.5.23
SASUP aprovam Plano de Responsabilidade Social para os próximos anos
Catarina Bessa Leite / REIT, in Universidade do Porto
Documento reúne mais de 20 medidas de cariz social e ambiental a aplicar, até 2026, pelos Serviços de Ação Social da Universidade do Porto.
Os Serviços de Ação Social da Universidade do Porto (SASUP) validaram recentemente o seu Plano de Responsabilidade Social para os anos 2023-2026. Alinhado com o Plano Estratégico da U.Porto 2030, o objetivo deste plano é promover ações de cariz social e ambiental dentro da comunidade U.Porto.
No total, o novo Plano de Responsabilidade Social dos Serviços de Ação Social da U.Porto preconiza um total de 22 propostas de ações a desenvolver nos próximos três anos, em duas dimensões distintas: a responsabilidade social e a responsabilidade ambiental.
A responsabilidade social tem como foco os estudantes, os seus colaboradores e a comunidade académica em geral. Tendo em vista o bem estar da comunidade U.Porto, o Plano de Responsabilidade Social dos SASUP enquadra medidas como uma política de igualdade e não discriminação, o equilíbrio entre a vida pessoal, profissional e familiar dos colaboradores e a melhoraria na acessibilidade para pessoas com capacidade diferenciada.
Já a responsabilidade ambiental abrange uma dimensão externa que procura salvaguardar a relação entre a comunidade local e o próprio meio ambiente. Algumas das ações do plano dos SASUP incluem a minimização do consumo de recursos, como energia, água e materiais, bem como a colaboração com associações ligadas à proteção ambiental.
O programa prevê ainda a implementação de várias outras ações como a implementação da “Pausa Ativa”, projetos de carácter cultural, ações de voluntariado e promoção de bolsas de apoio, workshops variados para os estudantes ou a promoção de programas de gestão de resíduos e desperdício.
Para mais informações, consultar o Plano de Responsabilidade Social dos SASUP 2023-2026.
Documento reúne mais de 20 medidas de cariz social e ambiental a aplicar, até 2026, pelos Serviços de Ação Social da Universidade do Porto.
Os Serviços de Ação Social da Universidade do Porto (SASUP) validaram recentemente o seu Plano de Responsabilidade Social para os anos 2023-2026. Alinhado com o Plano Estratégico da U.Porto 2030, o objetivo deste plano é promover ações de cariz social e ambiental dentro da comunidade U.Porto.
No total, o novo Plano de Responsabilidade Social dos Serviços de Ação Social da U.Porto preconiza um total de 22 propostas de ações a desenvolver nos próximos três anos, em duas dimensões distintas: a responsabilidade social e a responsabilidade ambiental.
A responsabilidade social tem como foco os estudantes, os seus colaboradores e a comunidade académica em geral. Tendo em vista o bem estar da comunidade U.Porto, o Plano de Responsabilidade Social dos SASUP enquadra medidas como uma política de igualdade e não discriminação, o equilíbrio entre a vida pessoal, profissional e familiar dos colaboradores e a melhoraria na acessibilidade para pessoas com capacidade diferenciada.
Já a responsabilidade ambiental abrange uma dimensão externa que procura salvaguardar a relação entre a comunidade local e o próprio meio ambiente. Algumas das ações do plano dos SASUP incluem a minimização do consumo de recursos, como energia, água e materiais, bem como a colaboração com associações ligadas à proteção ambiental.
O programa prevê ainda a implementação de várias outras ações como a implementação da “Pausa Ativa”, projetos de carácter cultural, ações de voluntariado e promoção de bolsas de apoio, workshops variados para os estudantes ou a promoção de programas de gestão de resíduos e desperdício.
Para mais informações, consultar o Plano de Responsabilidade Social dos SASUP 2023-2026.
18.5.23
Mais oportunidades, períodos mais curtos: será esta a receita para promover o voluntariado jovem?
Ana Catarina Gil, in Público
A última edição das PSuperior Talks, que aconteceu esta terça-feira, focou-se no desafio de trazer os mais jovens para o voluntariado.
Em Portugal, são os jovens que mais se dedicam ao voluntariado – só a faixa etária dos 15 aos 24 anos representa 11,3% dos voluntários portugueses – contudo, o grosso da população permanece distante das novas formas de envolvimento cívico. O que se pode fazer para mudar este paradigma? O tema esteve em debate esta terça-feira em Évora, fruto de uma parceria do PSuperior com a Fundação Eugénio de Almeida. As soluções podem passar pela criação de mais bancos de voluntariado que se traduzam em mais oportunidades e actividades temporárias que acompanhem os períodos lectivos.
Participaram neste debate Henrique Sim-Sim, coordenador da área social e de desenvolvimento da Fundação Eugénio de Almeida, Carla Ventura, vice-presidente da CASES (Cooperativa António Sérgio para a Economia Social), Cátia Martins, professora da Universidade do Algarve e Carmen Garcia, enfermeira, autora de "A Mãe Imperfeita" e colunista do PÚBLICO. A moderação ficou a cargo de Mariana Adam, editora do PÚBLICO.
Eis os factos: em toda a Europa, 19,3% da população afirma dedicar-se ao voluntariado. Contudo, e segundo o Inquérito ao Trabalho Voluntário de 2018, em Portugal, esse valor é de apenas 7,8%. Ainda que uma grande parte sejam jovens, é importante olhar para estes dados e pensar como se pode atrair mais pessoas para as acções de voluntariado.
Cátia Martins, investigadora na área do voluntariado e professora da Faculdade de Ciências Humanas e Sociais da Universidade do Algarve, diz que, depois da primeira experiência positiva, a "sementinha" do voluntariado "fica lá", contudo salienta o papel importante da academia para “consciencializar e dar oportunidades” para o voluntariado.
Este tipo de actividades pode ser promovido enquanto uma forma de desenvolver competências necessárias para a entrada no mercado de trabalho e isso deve ser servir como meio de convencer os jovens a participar. Contudo, para isso, pode ser preciso abrir o leque a diferentes actividades e enquadrá-las de acordo com o perfil de interesses dos jovens, ajustando de acordo com o tempo livre que têm, defende a professora.
Cátia Martins sugere pensar num voluntariado em “períodos mais curtos”, como um semestre e salienta que as experiências pontuais devem ser “valorizadas”.
O tempo foi um dos factores também apontados por Carmen Garcia, enfermeira e autora do blog Mãe Imperfeita. Especialmente quando se “trabalha por turnos”, conciliar a vida profissional com uma actividade de voluntariado pode revelar-se uma tarefa espinhosa: “Há profissões que têm muito a dar ao voluntariado, mas a logística não ajuda”, sentencia.
E as oportunidades?
Também Henrique Sim-Sim, coordenador da Área Social e Desenvolvimento da fundação Eugénio de Almeida, sugere que se aumente o número de iniciativas de voluntariado pontual, que pode ser uma forma de aumentar a participação dos jovens. Além disso, e olhando para o outro lado, é preciso fortalecer a capacidade de acolhimento de voluntário por parte das instituições.
“As organizações dentro da economia social são muitas, dinâmicas e persistentes nos territórios de baixa densidade”, diagnostica, contudo os “técnicos [que trabalham nessas instituições] são pessoas e, por isso, limitados na sua acção”, precisando de ser “capacitados” para acolher voluntários.
Além disso, e conforme ditam as melhores práticas internacionais, as próprias organizações precisam de ser apoiadas financeiramente “para poderem continuar a desenvolver a sua prática de voluntariado”.
Para isso, é importante reforçar o “papel das estruturas”, defende Carla Ventura, vice-presidente da CASES. “Há muitas pessoas que querem fazer voluntariado, mas não sabem onde”, afirma. Por isso, apostar na criação e formação de bancos locais de voluntariado, assim como na aproximação entre organizações e comunidades é fundamental, e exige uma maior acção por parte de entidades enquadradoras como as autarquias.
Ainda olhando para o lado das instituições, Carmen Garcia salienta a importância de haver uma maior abertura e complementaridade das instituições em relação aos voluntários.
“Tenho tido muita dificuldade em fazer com que as nossas instituições percebam as vantagens do voluntariado”, avalia, com base no que vê nos lares onde trabalha. “Há um princípio básico no voluntariado que é o principio da complementaridade: não é suposto que os voluntários vão substituir ou fazer o trabalho que deveria ser feito pelos funcionários. O que acontece muitas vezes nos nossos lares é que estamos sempre no limite dos recursos humanos e se vai um voluntário precisamos antes que ele vá dar os jantares aos acamados”, afirma.
Apesar de tudo, não deixa de ter uma visão positiva: “Podemos ficar esperançosos porque há muitos miúdos que querem fazer voluntariado.” Basta criar oportunidades.
Texto editado por Inês Chaíça
A última edição das PSuperior Talks, que aconteceu esta terça-feira, focou-se no desafio de trazer os mais jovens para o voluntariado.
Em Portugal, são os jovens que mais se dedicam ao voluntariado – só a faixa etária dos 15 aos 24 anos representa 11,3% dos voluntários portugueses – contudo, o grosso da população permanece distante das novas formas de envolvimento cívico. O que se pode fazer para mudar este paradigma? O tema esteve em debate esta terça-feira em Évora, fruto de uma parceria do PSuperior com a Fundação Eugénio de Almeida. As soluções podem passar pela criação de mais bancos de voluntariado que se traduzam em mais oportunidades e actividades temporárias que acompanhem os períodos lectivos.
Participaram neste debate Henrique Sim-Sim, coordenador da área social e de desenvolvimento da Fundação Eugénio de Almeida, Carla Ventura, vice-presidente da CASES (Cooperativa António Sérgio para a Economia Social), Cátia Martins, professora da Universidade do Algarve e Carmen Garcia, enfermeira, autora de "A Mãe Imperfeita" e colunista do PÚBLICO. A moderação ficou a cargo de Mariana Adam, editora do PÚBLICO.
Eis os factos: em toda a Europa, 19,3% da população afirma dedicar-se ao voluntariado. Contudo, e segundo o Inquérito ao Trabalho Voluntário de 2018, em Portugal, esse valor é de apenas 7,8%. Ainda que uma grande parte sejam jovens, é importante olhar para estes dados e pensar como se pode atrair mais pessoas para as acções de voluntariado.
Cátia Martins, investigadora na área do voluntariado e professora da Faculdade de Ciências Humanas e Sociais da Universidade do Algarve, diz que, depois da primeira experiência positiva, a "sementinha" do voluntariado "fica lá", contudo salienta o papel importante da academia para “consciencializar e dar oportunidades” para o voluntariado.
Este tipo de actividades pode ser promovido enquanto uma forma de desenvolver competências necessárias para a entrada no mercado de trabalho e isso deve ser servir como meio de convencer os jovens a participar. Contudo, para isso, pode ser preciso abrir o leque a diferentes actividades e enquadrá-las de acordo com o perfil de interesses dos jovens, ajustando de acordo com o tempo livre que têm, defende a professora.
Cátia Martins sugere pensar num voluntariado em “períodos mais curtos”, como um semestre e salienta que as experiências pontuais devem ser “valorizadas”.
O tempo foi um dos factores também apontados por Carmen Garcia, enfermeira e autora do blog Mãe Imperfeita. Especialmente quando se “trabalha por turnos”, conciliar a vida profissional com uma actividade de voluntariado pode revelar-se uma tarefa espinhosa: “Há profissões que têm muito a dar ao voluntariado, mas a logística não ajuda”, sentencia.
E as oportunidades?
Também Henrique Sim-Sim, coordenador da Área Social e Desenvolvimento da fundação Eugénio de Almeida, sugere que se aumente o número de iniciativas de voluntariado pontual, que pode ser uma forma de aumentar a participação dos jovens. Além disso, e olhando para o outro lado, é preciso fortalecer a capacidade de acolhimento de voluntário por parte das instituições.
“As organizações dentro da economia social são muitas, dinâmicas e persistentes nos territórios de baixa densidade”, diagnostica, contudo os “técnicos [que trabalham nessas instituições] são pessoas e, por isso, limitados na sua acção”, precisando de ser “capacitados” para acolher voluntários.
Além disso, e conforme ditam as melhores práticas internacionais, as próprias organizações precisam de ser apoiadas financeiramente “para poderem continuar a desenvolver a sua prática de voluntariado”.
Para isso, é importante reforçar o “papel das estruturas”, defende Carla Ventura, vice-presidente da CASES. “Há muitas pessoas que querem fazer voluntariado, mas não sabem onde”, afirma. Por isso, apostar na criação e formação de bancos locais de voluntariado, assim como na aproximação entre organizações e comunidades é fundamental, e exige uma maior acção por parte de entidades enquadradoras como as autarquias.
Ainda olhando para o lado das instituições, Carmen Garcia salienta a importância de haver uma maior abertura e complementaridade das instituições em relação aos voluntários.
“Tenho tido muita dificuldade em fazer com que as nossas instituições percebam as vantagens do voluntariado”, avalia, com base no que vê nos lares onde trabalha. “Há um princípio básico no voluntariado que é o principio da complementaridade: não é suposto que os voluntários vão substituir ou fazer o trabalho que deveria ser feito pelos funcionários. O que acontece muitas vezes nos nossos lares é que estamos sempre no limite dos recursos humanos e se vai um voluntário precisamos antes que ele vá dar os jantares aos acamados”, afirma.
Apesar de tudo, não deixa de ter uma visão positiva: “Podemos ficar esperançosos porque há muitos miúdos que querem fazer voluntariado.” Basta criar oportunidades.
Texto editado por Inês Chaíça
15.5.23
Voluntários iniciam formação para prevenir situações de risco face a abusos
Olímpia Mairos, in RR
iniciativa surge no âmbito do protocolo assinado no início de março entre a Fundação JMJ Lisboa 2023 e a APAV - Associação Portuguesa de Apoio à Vítima.
Os voluntários que trabalham na sede da Fundação Jornada Mundial da Juventude (JMJ) Lisboa 2023 vão participar, a partir desta segunda-feira, em ações de formação para prevenção de situações de risco e garantia da segurança de todos os que vão participar na JMJ Lisboa 2023.
A iniciativa, surge no âmbito do protocolo assinado no início de março entre a Fundação JMJ Lisboa 2023 e a APAV - Associação Portuguesa de Apoio à Vítima.
De acordo com a organização, a formação vai “envolver todos os chefes de equipa e voluntários que participam neste que será um dos maiores acontecimentos da vida da Igreja e do País” e será feita em português e inglês, “de modo a ser entendida pelo conjunto de voluntários que funcionam, diariamente, na preparação da Jornada e que vêm de todas as partes do mundo”.
Recorde-se que aquando da celebração do protocolo, o presidente da Fundação JMJ Lisboa 2023, D. Américo Aguiar, sublinhou a importância de garantir que “todas as pessoas que vêm à JMJ se sintam num ambiente acolhedor, seguro”.
Por sua vez, João Lázaro da APAV destacou o facto de ser esta a “primeira vez que o foco das vítimas tem a sua dimensão própria no planeamento de um evento desta enorme dimensão”.
No documento, enviado à Renascença, é referido que “na linha das determinações do Papa Francisco e das medidas de prevenção adotadas pela Conferência Episcopal Portuguesa”, a JMJ Lisboa 2023 “assume, desta forma, o compromisso de tudo fazer no sentido de garantir que este será um grande acontecimento onde a tolerância será zero face a qualquer tipo de abuso”.
iniciativa surge no âmbito do protocolo assinado no início de março entre a Fundação JMJ Lisboa 2023 e a APAV - Associação Portuguesa de Apoio à Vítima.
Os voluntários que trabalham na sede da Fundação Jornada Mundial da Juventude (JMJ) Lisboa 2023 vão participar, a partir desta segunda-feira, em ações de formação para prevenção de situações de risco e garantia da segurança de todos os que vão participar na JMJ Lisboa 2023.
A iniciativa, surge no âmbito do protocolo assinado no início de março entre a Fundação JMJ Lisboa 2023 e a APAV - Associação Portuguesa de Apoio à Vítima.
De acordo com a organização, a formação vai “envolver todos os chefes de equipa e voluntários que participam neste que será um dos maiores acontecimentos da vida da Igreja e do País” e será feita em português e inglês, “de modo a ser entendida pelo conjunto de voluntários que funcionam, diariamente, na preparação da Jornada e que vêm de todas as partes do mundo”.
Recorde-se que aquando da celebração do protocolo, o presidente da Fundação JMJ Lisboa 2023, D. Américo Aguiar, sublinhou a importância de garantir que “todas as pessoas que vêm à JMJ se sintam num ambiente acolhedor, seguro”.
Por sua vez, João Lázaro da APAV destacou o facto de ser esta a “primeira vez que o foco das vítimas tem a sua dimensão própria no planeamento de um evento desta enorme dimensão”.
No documento, enviado à Renascença, é referido que “na linha das determinações do Papa Francisco e das medidas de prevenção adotadas pela Conferência Episcopal Portuguesa”, a JMJ Lisboa 2023 “assume, desta forma, o compromisso de tudo fazer no sentido de garantir que este será um grande acontecimento onde a tolerância será zero face a qualquer tipo de abuso”.
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