21.9.23

Marcelo diz que Portugal terá 80% de electricidade de fontes renováveis até 2026

Por Lusa, in Público

O chefe de Estado referiu que “Portugal decidiu antecipar em cinco anos, para 2045, a neutralidade carbónica total” e que vai “duplicar o investimento em ciência e tecnologia aplicadas aos mares”.


O Presidente da República realçou nesta quarta-feira nas Nações Unidas as medidas adoptadas em Portugal para combater as alterações climáticas e deixou uma mensagem de confiança na capacidade de acção dos responsáveis políticos.

"Nós podemos e iremos cuidar do que é o nosso único planeta, o futuro das gerações mais novas. Nós seremos responsáveis perante as nossas populações. Não as iremos desapontar", afirmou, num discurso na Cimeira da Ambição Climática, na sede da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova Iorque.


Esta cimeira foi convocada pelo secretário-geral da ONU, António Guterres, para uma vez mais alertar para a urgência de se agir nesta matéria.



Marcelo Rebelo de Sousa, que interveio em inglês, durante cerca de três minutos, pediu "mais ambição e credibilidade no que respeita à acção climática".


Na presença do ministro do Ambiente e da Acção Climática, Duarte Cordeiro, o chefe de Estado referiu, entre outras medidas, que "Portugal decidiu antecipar em cinco anos, para 2045, a neutralidade carbónica total" e que vai "duplicar o investimento em ciência e tecnologia aplicadas aos mares".

"Estamos financiar tantos países vulneráveis. Começámos com um acordo piloto com Cabo Verde convertendo dívida do Estado num fundo climático e ambiental. Vamos replicar com outros países africanos e asiáticos que pertencem à Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP)", destacou.



O Presidente da República disse que a humanidade está "a correr contra o relógio" e que já se perdeu "demasiado tempo" para travar e minimizar os efeitos das alterações climáticas.

"Mas estamos certos de que, antes de 2030 e antes de 2050, nós podemos e iremos cuidar do que é o nosso único planeta, o futuro das gerações mais novas. Nós seremos responsáveis perante as nossas populações. Não as iremos desapontar", acrescentou.


Marcelo Rebelo de Sousa mencionou que Portugal não produz electricidade a partir de carvão nem tem energia nuclear e vai "antecipar em quatro anos, para 2026, 80% de renováveis na produção de electricidade e em 2030 100% de renováveis".

"Até 2030 iremos reduzir em 55% as nossas emissões [de gases com efeito de estufa]", prosseguiu o chefe de Estado.


Ainda sobre as medidas adoptadas em Portugal, no que respeita ao mar, salientou a decisão de "classificar como áreas protegidas 30% do seu mar" e o desenvolvimento de "um observatório atlântico para o clima".

Marcelo Rebelo de Sousa chegou no domingo à noite aos Estados Unidos da América, onde ficará até sexta-feira. Na terça-feira, discursou no debate geral da 78.ª sessão da Assembleia Geral da ONU e apelou aos líderes mundiais para que se passe das promessas à acção na reforma desta organização, em particular do seu Conselho de Segurança, e das instituições financeiras mundiais.



Marcelo pede "roteiro de paz justo" e "à altura da História"


Em Nova Iorque, mas noutro fórum da ONU, o Presidente da República defendeu um "roteiro de paz justo" para a Ucrânia, "que viabilize um cessar-fogo imediato e duradouro, com a retirada das tropas da Federação Russa" do território ucraniano.

"Estejamos à altura da História. São os nossos povos, é a humanidade que o exige", apelou Marcelo Rebelo de Sousa, num debate aberto do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre a guerra na Ucrânia, na sede da ONU.


Segundo o chefe de Estado, um "roteiro de paz justo" deve salvaguardar "a legítima aspiração da Ucrânia à plena integração nas organizações às quais soberanamente deseje aderir".

Para Portugal, "uma paz justa e sustentável" implica "a libertação de prisioneiros e deportados, com especial urgência para as crianças, e a credibilização da justiça internacional através de uma investigação minuciosa aos crimes de guerra, aos crimes contra a humanidade e aos seus autores".

O Presidente da República realçou também a importância da "garantia da segurança nuclear e das suas instalações sob monitorização da Agência Internacional de Energia Atómica".

"Estes passos e a coragem política que eles exigem poderão permitir, a seu tempo, a assinatura de um tratado de paz e segurança entre a Federação Russa e a Ucrânia", considerou.

Marcelo Rebelo de Sousa discursou em português neste debate aberto do Conselho de Segurança da ONU — em que o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, foi o primeiro chefe de Estado a intervir — e reiterou o apoio de Portugal à Ucrânia.

"Estaremos sempre solidários com a legítima defesa da Ucrânia e a sua fórmula para a paz, com a sua luta na reposição da soberania e apoiando o seu contributo para a segurança alimentar global", afirmou.

A abrir o seu curto discurso, de cerca de três minutos, o chefe de Estado português interrogou: "Como se mede o sofrimento humano? Como se mede a dor de uma criança que ficou órfã? Dos pais que perdem os seus filhos? Dos mutilados e vítimas da tortura? Como se resiste e sobrevive a tudo isto e se continua a lutar pela família, pela casa, pelo país?".

Recordando a visita que fez em Agosto à Ucrânia, a convite do Presidente Zelensky, Marcelo Rebelo de Sousa afirmou que "é impossível ficar indiferente perante a indescritível devastação em Bucha ou Moshchun, exemplos trágicos de desumanidade e sofrimento".

"Mas é também impossível não admirar a vitalidade e a força moral inspiradoras na resistência do povo ucraniano que dignamente se defende de uma invasão ilegal, injusta e imoral", acrescentou. Lusa

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