in Jornal Público
A maioria dos estudantes da Universidade de Coimbra (UC) oriundos dos países africanos de língua portuguesa (PALOP) enfrenta "graves dificuldades económicas" e mais de 40 por cento têm de trabalhar para sobreviver. O alerta surge na dissertação de mestrado Economia Informal dos Estudantes dos PALOP em Coimbra, realizada por Hector Costa, presidente da Associação de Estudantes de São Tomé e Príncipe em Coimbra.
No estudo, divulgado pelo Diário de Coimbra, Hector Costa refere um conjunto de "factores insustentáveis que têm condicionado a estabilidade socioeconómica destes estudantes" e, de certa forma, "o sucesso académico e a sua integração". "Há estudantes que não têm dinheiro para comer, que têm o pagamento das propinas muito atrasado e outros com seis matrículas que continuam no 1.º ano", disse à Lusa.
Dos cerca de 500 estudantes dos PALOP em Coimbra, 42 por cento têm no trabalho a principal fonte de rendimento e apenas 18 por cento são bolseiros, dos quais 36 por cento se queixam de atrasos no pagamento da bolsa e 16 por cento consideram o montante "insuficiente". "As propinas são cada vez mais caras, acompanhadas pelo aumento do custo de vida", afirma Hector Costa, que diz saber bem "quão difícil é viver fora da família sem dinheiro".
Um aluno da UC gasta em média mais de cinco mil euros por ano (cerca de 600 euros por mês), segundo um estudo da Associação Académica de Coimbra, quando "um bolseiro dos PALOP recebe entre 270 e 400 euros mensais".