12.11.09

Igreja desdramatiza homossexualidade

Alexandra Serôdio, in Jornal de Notícias

A Igreja considera que ser homossexual "não é pecado" e defende um "debate alargado" sobre os casamentos entre homossexuais. O conselho "é dar tempo ao tempo", "parar para reflectir" e só depois tomar decisões.

Os bispos portugueses, que estão reunidos em Fátima desde segunda-feira, ainda não falaram sobre o tema, mas no comunicado final de hoje, é bem possível que haja uma referência ao assunto.

Ontem, o porta-voz da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) garantiu que a Igreja "tem todo o respeito pelas pessoas homossexuais". Segundo o padre Manuel Morujão "ser homossexual não é pecado como também não é virtude ser heterossexual", pelo que, considerou importante que a sociedade portuguesa se possa pronunciar sobre o assunto, que "pode ser um debate alargado e não necessariamente um referendo".

Falando aos jornalistas à margem da Assembleia Plenária que termina hoje, o responsável lembrou que a posição da Igreja desta matéria é clara: "o casamento é uma instituição única e sem parceiros a esse nível". Daí que "introduzir um estatuto de casamento com ou sem possibilidade de adoptar crianças, é uma ofensa ao verdadeiro casamento", considerou o responsável.

Salientando que "há outro tipo de uniões" que podem ser realizadas, o padre Manuel Morujão refere que "a família é a célula estrutural da sociedade que se desmoronaria sem as famílias".

Para além deste tema, os bispos aprovaram uma nota pastoral - denominada "Cuidar da Vida até à morte" - e na qual consideram ser "inaceitável" qualquer forma de eutanásia. O documento, a ser divulgado hoje, refere que a eutanásia "pode parecer um acto de liberdade, mas trata-se da supressão da própria liberdade", explicou o responsável, salientando que "por motivos antropológicos e ainda mais, por motivos de fé não se pode aceitar a eutanásia".