14.11.09

Portugal foi o terceiro país com maior crescimento

Catarina Craveiro, in Jornal de Notícias

Economia recupera no 3.º trimestre, embora o PIB ainda continue negativo face há um ano.

A economia nacional recuperou 0,9% no 3.º trimestre do ano, em relação aos três meses anteriores, registando o maior crescimento trimestral dos últimos dois anos, e o terceiro maior entre os países europeus cujo PIB já é conhecido.

A recuperação trimestral da economia portuguesa é mais um sinal positivo, mas ainda é cedo para cantar vitória, pois, em termos homólogos, o Produto Interno Bruto (PIB) continua em queda. Segundo a estimativa rápida divulgada ontem pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), o PIB recuperou 0,9% no terceiro trimestre do ano em relação aos três meses anteriores, acelerando de uma subida de 0,3% no segundo trimestre, em cadeia. Portugal regista, assim, o maior crescimento trimestral dos últimos dois anos, e foi ainda o terceiro país com maior crescimento entre boa parte dos países da União Europeia (ver caixa ao lado).

"É um crescimento mais acentuado do que muitos analistas esperavam e, seguramente, o maior crescimento trimestral dos últimos dois anos, desde antes do início da crise, em 2007", afirmou ontem o ministro das Finanças Teixeira dos Santos.

Já em termos homólogos, o PIB caiu 2,4%, o que compara com a variação negativa de 3,7% registada no trimestre anterior. Em termos homólogos, a diminuição menos intensa do PIB esteve fundamentalmente associada à redução menos acentuada do investimento. Segundo o INE, as exportações e as importações de bens e serviços registaram também diminuições homólogas menos intensas.

A contracção de 2,4% do PIB aproxima-se das previsões da Comissão Europeia para o ano inteiro, mas está muito distante da previsão feita pelo Governo no início do ano, que aponta para que a diminuição da economia seja de 0,8%. Já o Banco de Portugal apresentou uma previsão negativa de 3,5% para a economia nacional.

Em reacção aos números, o primeiro-ministro mostrou-se satisfeito: "A economia portuguesa está a recuperar cada vez de forma mais sólida e mais consolidada". José Sócrates acrescentou que "o número é absolutamente extraordinário, porque é muito superior às estimativas do Governo, sendo o terceiro maior crescimento em cadeia de toda a Europa".

Menos optimistas estão os economistas. Para João César das Neves, os números ontem divulgados são melhores do que o esperado e devem-se à recuperação do consumo e das exportações. Contudo, "não é bom exagerar a boa notícia ou esperar muito dela, mas é provável que a trajectória continue assim, com uma recuperação lenta e mortiça, o que é melhor que a queda do ano passado", disse o economista ao JN.

Ainda João Duque alerta para o facto de esta evolução ser, em grande parte, "feita à custa do Estado, porque é o Estado que está a sobrecarregar o défice público e a explodir os limites da dívida emitida". Para o presidente do Instituto Superior de Economia e Gestão, "está a chegar ao limite máximo do endividamento público, por isso estamos a crescer à custa de nos endividarmos".