in Jornal de Notícias
Pelo menos 3.000 trabalhadores portugueses foram contratados nos últimos meses para projectos de obras públicas na Galiza, no âmbito do programa de Governo para estímulo à economia.
Os dados foram revelados pelo Governo regional depois de alguma contestação dos sindicatos relativamente a estas contratações, realizadas no âmbito de projectos do Plano E, uma iniciativa do Governo central para estimular o emprego e a economia em Espanha.
Segundo os sindicatos, apesar da contratação dos portugueses não ser ilegal vulnera o "espírito" dos projectos inseridos no Plano E, que canalizou milhares de milhões de euros para projectos a nível autárquico em toda a Espanha.
Os sindicatos consideram que as obras aprovadas no âmbito deste plano, em vigor desde o início do ano para combater a crise, deveriam ser vigiadas para garantir que empregam, particularmente, espanhóis.
Actualmente, e segundo as contas do Governo, cerca de 15 por cento dos empregos totais gerados na Galiza dentro do Plano E, foram para operários portugueses.
Os sindicatos afirmam que esse número pode ser ainda mais elevado já que em alguns casos as empresas a quem as obras foram adjudicadas optaram por fazer subempreitadas que, em muitos casos, também recorrer a operários portugueses.
Ao mesmo tempo referem os casos de portugueses que viajam diariamente para participar nas obras em Espanha, com horários intensivos das 09:00 às 19:00 e salários de entre 1.000 e 1.500 euros.
Uma tendência que se tem consolidado na Galiza, como noutras zonas de Espanha, nos últimos cinco anos, mas que segundo os sindicatos não deveria ser prevista no caso de obras do Plano E.
"Ninguém se opõe a que trabalhem aqui (na Galiza) operários estrangeiros" mas "o Plano E tinha como objectivo criar emprego na Galiza e reduzir as listas de desempregados nos concelhos onde decorrem as obras", explica Alberte Fernández, porta-voz da CIG.
O plano de investimento em obras do Plano E na Galiza ascendeu a cerca de 490,7 milhões de euros -- dos oito mil milhões destinados a todo o país -- tendo-se gerado cerca de 20 mil empregos.
Mais de metade das empresas a quem foram adjudicadas obras na Galiza recorreram a operários portugueses.