Mais um mês que chega ao fim e que significa, para muitas famílias, mais um aumento considerável na prestação da casa. O agravamento é bem mais acentuado para quem tem empréstimos associados à Euribor a 12 meses, prazo que apresenta o valor mais elevado, e que tem revisões mais espaçadas, o que faz com que as actualizações também sejam mais acentuadas. Os contratos a rever em Agosto e os novos empréstimos com esta taxa utilizarão a média mensal de 4,149% verificada em Julho (mais 142 pontos que os 4,007% em Junho), que fica bem acima dos 0,992% registados há um ano.
Nos restantes prazos, as subidas na prestação continuam expressivas, especialmente se tivermos em conta os valores actuais, mas como são revistos mais vezes, a cada três e seis meses, conforme a taxa associada, as actualizações são mais suaves.
A seis meses, a taxa média subiu em Julho para 3,942%, mais 0,117 pontos face ao valor do mês anterior (3,825%). E a três meses avançou para 3,672%, uma subida de 0,136 pontos face aos 3,536% de Junho.
Com os valores actuais, o aumento das prestações é muito significativo e é duplamente penalizador para as famílias, uma vez que o valor pago em juros representa mais de três quartos da prestação, com apenas um quarto a corresponder ao pagamento do capital emprestado. A variação das duas componentes fica mais clara através da simulação de um empréstimo. Assim, a um crédito de 150 mil euros, a 30 anos, associado à Euribor a 12 meses (4,149% da média de Julho), acrescido de 1% de spread (ou margem suplementar aplicada em função do risco da operação), vai corresponder uma prestação de 818,95 euros. Este valor representa um aumento de 265,10 euros face ao pagava com a taxa de Julho de 2022.
Nesta prestação de 818,95 euros, o valor correspondente a juros é de 643,63 euros, ou seja, 78,7% do valor a pagar mensalmente. Já a componente de amortização do capital em dívida representa os restantes 175,32 euros, cerca de 21,3% da prestação.
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Sinais de abrandamento
A subida das taxas Euribor em Julho foi mais suave que nos meses anteriores, mas o nível a que se encontram é elevado, especialmente para quem pediu empréstimos durante os cerca de seis anos em que as Euribor permaneceram em terreno negativo e para quem, por força da subida dos preços das casas, pediu empréstimos de montantes mais elevados.
A simulação, realizada pelo PÚBLICO, para um empréstimo de 150 mil euros, a 30 anos e com um spread de 1%, associado à média mensal da Euribor a 12 meses, revela um agravamento de 265 euros na prestação no espaço de um ano, elevando-a a 818,95 euros. Mas no mesmo cálculo para um empréstimo de 200 mil euros, a prestação já dispara 353,49 euros para 1091,93 euros.
Seguindo o mesmo modelo de cálculo, no caso da Euribor a seis meses, a rever em Agosto, o aumento é bastante inferior, de 96,03 euros, para 799,92 euros. A última revisão aconteceu em Fevereiro do corrente ano, com a média de Janeiro da Euribor a seis meses (2,858%). Neste prazo, a prestação subdivide-se em 617,75 euros de juros (77,3%) e 182,17 euros de capital (22,7%).
Na Euribor a três meses, a última actualização da taxa é bem mais recente, de Maio, e com a revisão em Agosto o valor a pagar sobe 43,7 euros, para 775,43 euros. Deste valor, 584 euros correspondem a juros (75,4%) e 191,43 a pagamento do montante em dívida (24,6%).
Nas últimas sessões diárias, as Euribor têm dado sinais de estabilização, especialmente nos prazos de seis e 12 meses, parecendo indiciar que a subida de taxas por parte do Banco Central Europeu (BCE) possa ter terminado.
A mostrar que o prazo mais longo tem perdido fôlego na subida, o valor diário desta segunda-feira ficou abaixo da média mensal, ao cair para 4,064%, e do máximo (desde Dezembro de 2008) registado a 7 de Julho, quando atingiu 4,193%.
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Os contratos de futuros para este prazo, o único para que há este produto financeiro, apontam para valores ligeiramente acima da média de Julho (3,672%). No caso do contrato de Setembro, o valor apontava, esta segunda-feira, para 3,825%, e do de Dezembro para 3,885%.
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A novidade na última reunião, e que justifica a recente desaceleração das Euribor, está no facto de o banco central ter deixado em aberto a possibilidade de uma pausa na subida das taxas directoras, decisão que dependerá da evolução de vários indicadores económicos, nomeadamente da inflação nos países da zona euro.
Mas nada está garantido, já que a presidente do BCE, Christine Lagarde, se limitou a dizer que “existe a possibilidade de uma subida [de taxas de juro na próxima reunião]. Existe a possibilidade de uma pausa. É um talvez decidido”, repetindo por diversas vezes a ideia de que a decisão do banco central em Setembro dependerá da forma como evoluírem os indicadores económicos nas próximas semanas.
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