António Freitas de Sousa, in Jornal Económico
Segundo o Benefits Trend Survey da WTW, o investimento em benefícios continua a ser uma prioridade importante para atrair e reter talentos.
A grande maioria dos empregadores (78%) em Portugal identifica a competição por talento como um dos principais fatores a influenciar a sua estratégia de atribuição de benefícios aos colaboradores, estando este indicador alinhado com os resultados registados na generalidade dos países Europeus (78%), segundo um estudo da consultora WTW.
De acordo com o estudo Benefits Trends Survey, um estudo global sobre as tendências na estratégia de benefícios que consultou 94 grandes empregadores portugueses com mais de 55 mil colaboradores, “a este fator juntam-se as políticas de trabalho flexível e o aumento dos custos, igualmente identificados, por 53% e 45% das empresas inquiridas, respetivamente”. Os três fatores, no seu conjunto, mostram que, “se por um lado os empregadores precisam de oferecer um pacote de benefícios cada vez mais competitivo para atrair e reter talento, por outro é cada vez mais difícil garantir o seu financiamento e a sua sustentabilidade”.
Os resultados deste estudo revelam que a atração e retenção de talento é, de facto, o problema número um enfrentado pelos empregadores em 2023, “sendo que apenas 5% consideram que o seu portfolio de benefícios atual é eficaz, ou altamente eficaz, para atrair e reter talentos”.
Para cerca de metade das empresas em Portugal (49%) uma das principais áreas de foco é garantir que os planos de benefícios satisfazem as necessidades de todos os colaboradores, da mesma forma que cerca de 47% das empresas procura concentrar-se no bem-estar dos seus profissionais.
Encontrar um equilíbrio entre a abordagem a estes objetivos contraditórios pode revelar-se um desafio, afirma o estudo. Mais de dois terços (69%) dos empregadores preveem que os orçamentos de benefícios nos próximos dois anos sejam impactados pela persistência de uma inflação mais elevada, enquanto mais de metade (52%) esperam um impacto do enfraquecimento da economia e do atual ambiente empresarial.
O relatório da WTW revela igualmente que os empregadores, para controlar os custos, “estão a focar-se na adoção de medidas mais agressivas para melhorar as condições contratuais com os fornecedores e agrupar os serviços – 86% dos empregadores portugueses tentaram melhorar os termos dos seus contratos com os fornecedores de benefícios, ou irão fazê-lo brevemente”. Por outro lado, um quarto (24%) assegurou um orçamento adicional para o seu programa de benefícios e um terço (33%) planeia fazê-lo.
O estudo revelou ainda que ao nível do portfolio de benefícios, 64% dos empregadores em Portugal consideram que os benefícios de saúde são uma das três principais prioridades. Metade (50%) destacou a formação e o desenvolvimento e 36% os benefícios relacionados com políticas de trabalho flexível.
Alexandre Falcão, Associate Director – Health & Benefits da WTW, afirma: “Os empregadores estão numa posição difícil. Por um lado, necessitam de recrutar e reter os melhores talentos, pelo que têm de manter os seus benefícios atrativos. Mas, ao mesmo tempo, a inflação e o contexto económico menos positivo estão a exercer uma grande pressão sobre os orçamentos dos benefícios”.