1.10.15

É frequente o desemprego aumentar entre Julho e Agosto?

Raquel Martins, in Público on-line

Paulo Portas disse que, com "alguma frequência", a taxa de desemprego sobe em Agosto. Será?

“Relativamente ao mês [anterior], é mais uma décima, o que, com alguma frequência, sucede em Agosto”

Paulo Portas, durante uma visita a um parque tecnológico, Cantanhede, comentando os dados do desemprego. 29.09.2015

O contexto

O mercado de trabalho voltou a invadir a campanha eleitoral com a divulgação das estatísticas mensais do emprego e do desemprego. Na terça-feira, o Instituto Nacional de Estatística (INE) publicou os dados provisórios de Agosto e concluiu que, entre Julho e Agosto, a taxa de desemprego aumentou ligeiramente de 12,3% para 12,4%. Este aumento deve-se, em parte, à destruição de 34 mil postos de trabalho neste período, a maior queda desde Janeiro de 2013. A oposição veio manifestar estranheza com o agravamento das condições do mercado de trabalho num mês em que a sazonalidade deveria impulsionar o emprego. Do lado da coligação Paulo Portas, presidente do CDS-PP, reconheceu que, embora os números sejam melhores do que os do ano passado, já na comparação com o mês de Julho não são tão bons, o que acontece “com alguma frequência”. É frequente o desemprego aumentar em Agosto?

Os factos

Antes de mais, os dados mensais do INE para o mês de Agosto são ainda provisórios e só em Outubro será possível confirmar se de facto o desemprego aumentou e o emprego encolheu. Com os dados existentes e olhando para a evolução mensal do emprego entre Julho e Agosto nos últimos 18 anos, é possível observar as tendências e tirar algumas conclusões. Assim, a população desempregada e a taxa de desemprego no mês de Agosto desceram em dez desses anos, estabilizaram num dos anos (2007) e subiram em sete.

Se analisarmos os dados trimestrais, a conclusão é diferente e as subidas do desemprego são mais frequentes do que as descidas do segundo para o terceiro trimestre. Contudo, o terceiro trimestre inclui o mês de Setembro, altura em que o emprego sazonal termina os seus efeitos. De todas as formas, Paulo Portas comentava os dados mensais e não os trimestrais, sendo que em 2015 ainda nem sequer foi divulgado o inquérito ao emprego do terceiro trimestre.

Em resumo
Entre 1998 e 2015, o desemprego desceu mais vezes entre Julho e Agosto do que aumentou. Nestes 18 anos, o desemprego em Agosto desceu em dez ocasiões, subiu em sete e estabilizou num dos anos. Por isso, se o vice-primeiro-ministro queria dizer que as subidas de desemprego em Agosto são mais frequentes do que as descidas, está errado. Se a ideia era afirmar que o fenómeno não é raro, então está certo.