22.10.15

Sociedade e escolas não estão preparadas para o tema bullying

Autor: Patrícia Sousa, in Correio do Minho

Lúcia Fernandes é um dos rostos da Associação Anti-Bullying com Crianças e Jovens. O filho, de 15 anos, sucidou-se o ano passado a 11 de Janeiro depois de ter sido vítima de bullying.

Hoje, Lúcia e o filho mais novo, de 10 anos, juntaram-se à causa com o objectivo de prevenir e evitar que outras famílias passem pelo mesmo.

“O meu filho Nelson faleceu e fiquei a saber que sofria de bullying na escola, algo que foi escondido e abafado pela escola”, lamentou a mãe do jovem falecido, que marcou presença numa acção de sensibilização para a causa, que marcou o ‘dia um’ da associação, cujos órgãos sociais também tomaram posse ontem ao final da tarde.

O destino cruzou, entretanto, o professor, investigador e mentor da nova associação, Paulo Morais, e a família de Nelson. Paulo Morais é professor de Educação Física na escola do filho mais novo de Lúcia. “Esta foi a maneira de continuar a manter viva a memória do meu filho e alertar outros pais para algo que eu também errei: não parar cinco minutos para prestar atenção aos nossos filhos”, apelou. Este alerta na primeira pessoa surgiu porque para Lúcia Fernandes “a nossa sociedade não está preparada para o tema bullying e as escolas fecham-se e nem aceitam falar sobre o assunto”, criticou aquela bracarense, acreditando que a nova associação “vem alertar e, sobretudo, evitar” que aconteça o mesmo a outras famílias.

A intenção era o filho mais novo, Miguel Ângelo, que tem 10 anos, ser o porta-voz da criança na associação, mas “não tem idade para fazer parte dos corpos sociais da associação”. Mesmo assim, Miguel Ângelo, que “acabou também por ser vítima de toda a situação” vai continuar a sensibilizar. “Entrar na associação ajudou-o a encarar a situação e está a fazer-lhe muito bem”, confessou a mãe. A presidente da assembleia daquela associação, que tomou ontem posse, Claudina Freitas, também marcou presença na acção de sensibilização no centro da cidade. “O objectivo é mostrar à cidade, no primeiro dia da associação, o que se pretende”.

E aquela responsável acredita que “os mais jovens já começam a estar mais sensibilizados e disponíveis para estarem atentos a situações, que às vezes começam com uma simples brincadeira”. Os mais novos têm que ser “os primeiros a denunciarem as situações vividas com os colegas de lado”, desafiou ainda aquela responsável da associação.

DR Lúcia Fernandes (à esquerda) e mais dois elementos da associação fizeram acção de sensibilização no centro da cidade A associação vai apostar em algumas valências. O gabinete anti-bullying pretende criar respostas articuladas e transversais.

Outras das valências previstas é um espaço formativo, ocupacional e lúdico de intervenção adequada.

Também a abertura de um espaço de integração social e a criação de um espaço de apoio ao associado são outras valências a apostar.
“Sociedade e escolas não estão preparadas para o tema bullying” PREVENIR situações como a que foi vivida pela família de Lúcia Fernandes é um dos objectivos da Associação Anti-Bullying com Crianças e Jovens. Sensibilização marcou primeiro dia da associação.

A Associação Anti-Bullying com Crianças e Jovens funciona formalmente desde o passado dia 12 de Agosto deste ano, Dia Mundial da Juventude.

Ontem, Dia Internacional do Combate ao Bullying foi tempo dos órgãos sociais tomarem posse.

Campanhas anti-bullying: 12 Agosto: Dia Mundial da Juventude e aniversário da associação; 5 Outubro- Dia Mundial da Prevenção do Bullying; 20 Outubro- Dia Internacional do Combate ao Bullying.

Objectivos: *Sensibilizar para a temática do bullying; *Desenvolver nas crianças e jovens atitudes pró-activas face a situações de bullying; *Promover acções de informação em espaços institucionais; *Disponibilizar serviços de acompanhamento especializado a vítimas de bullying; *articular acções preventivas anti-bullying com as escolas e municípios.

Propostas de actividades: *baptismo a cavalo, acampamentos, peddy paper, voluntariado, surf, paintball, karting e parques radicias.
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