20.6.16

Portugal estendeu os braços. E se isso não chega?

in Público on-line

Sem ter experiência no acolhimento de refugiados, Portugal comoveu-se com a crise mais recente e abriu os braços para receber. O país duplicou a quota de refugiados pedida pela União Europeia, disponibilizou casas vazias, organizou campanhas de solidariedade, enviou voluntários independentes e tornou-se o segundo que mais acolhe na UE. Excepção na Europa onde regressam os muros, as fronteiras e a extrema-direita, Portugal tem atraído a curiosidade da imprensa estrangeira. Mas entre os refugiados há quem fale de promessas nao cumpridas no país que os escolheu. E há especialistas que temem que as boas intenções não passem disso mesmo.

Portugal escolheu-nos

Znati, Olfet e os filhos não tinham intenção de partir para a Europa, arriscando a vida no Mediterrâneo. Mas ficar na Síria ou na Turquia era perigoso para a saúde já debilitada de Olfet. Em vez de seguir para a Alemanha, como outros parentes, a família Alkassem teve de aceitar a oferta de Portugal.
“Bem-vindo” também se diz com beijos e abraços

Guimarães acolheu desde o início deste ano 24 refugiados provenientes da Síria, Eritreia e República Centro-Africana. A cidade parece estar mobilizada no acolhimento, mas começa a confrontar-se com as dificuldades da integração.
Portugal está a acolher. Como vai integrar?

Reagrupamento familiar: Saudade de ti, quando vai chegar?

A lei portuguesa prevê o direito ao reagrupamento familiar para refugiados, mas limita esse direito a determinados membros da família, tornando-se restritivo em certos casos. O processo, dependente de burocracias e de situações difíceis de controlar, pode levar dois anos.
Peter Sutherland: "Para lá da preocupação com os migrantes, tenho grande preocupação com a alma da Europa"

O representante especial das Nações Unidas para as Migrações diz que recusar acolher refugiados é recusar os valores da União Europeia. “Não podemos ser diplomáticos neste assunto.”
Nuno Félix: “Pegámos na Convenção de Dublin e atirámo-la para o lixo”

A família que Nuno Félix trouxe da Áustria foi a primeira família síria a chegar a Portugal desde que o país foi confrontado com o pico da crise dos refugiados em Setembro de 2015.
Liliana Palhinha: “Fui para dar vida à minha vida”

Aos 62 anos, Liliana Palhinha aproveitou uma licença sem vencimento para passar três semanas na Grécia como voluntária independente. Chegou a Atenas num momento crítico, depois do acordo de 18 de Março.
Inês Sequeira,: “Vais para te salvar, tentando salvar os outros”

Em Setembro de 2015, Inês Sequeira, 38 anos, foi voluntária na Caravana Aylan Kurdi, um movimento criado nas redes sociais para ajuda aos refugiados na rota balcânica.
A crise dos refugiados em números

Em 2015, havia no mundo inteiro 60 milhões de pessoas refugiadas, exiladas, deslocadas dentro do seu país e apátridas.