Taxa de desemprego portuguesa sobe sete lugares na UE no espaço de um ano

Sérgio Aníbal, in Jornal Público

8,3%
Taxa de desemprego calculada para Portugal pelo Eurostat em Agosto, um valor superior à média da zona euro

a A taxa de desemprego em Portugal passou do 12.º valor mais alto a nível europeu para o quinto, apenas durante os últimos 12 meses. A Espanha foi, neste período, um dos países que passaram a ter um resultado mais favorável.

De acordo com os dados publicados ontem pelo Eurostat, a taxa de desemprego portuguesa foi de 8,3 por cento durante o passado mês de Agosto, uma subida de 0,1 pontos face a Julho e um acréscimo ainda maior relativamente a igual período do ano anterior.

De facto, em Agosto do ano passado, o desemprego nacional cifrava-se, segundo os cálculos do gabinete europeu de estatísticas, em 7,5 por cento, um valor que, apesar de já estar a subir desde 2002, ficava ainda abaixo da média europeia. Representava igualmente o 12.º resultado mais preocupante na UE.

Desde esse momento, até agora, a situação agravou-se ainda mais, especialmente quando se compara com o que foi a tendência da generalidade dos países europeus. Seis países que tinham taxas mais elevadas - Bulgária, Alemanha, Espanha, Bélgica, Finlândia e Roménia - apresentam neste momento uma resultado mais positivo que Portugal. Os vizinhos espanhóis, que durante décadas tiveram no desemprego um problema muito mais grave quando comparado com Portugal, já apresentam, desde o passado mês de Março, uma taxa mais baixa. Agora, apenas a Eslováquia, Polónia, França e Grécia (esta última com o resultado a referir-se apenas ao mês de Junho) registam valores mais elevados do que Portugal.

O ritmo muito lento do crescimento económico português durante os últimos cinco anos é a explicação para este desempenho negativo, especialmente quando este sucede numa fase em que a economia europeia está a crescer acima do potencial. Durante este ano, apesar de se estar a verificar uma recuperação, a variação do PIB nacional não deverá ficar acima dos dois por cento, um valor que não permite, de acordo com os economistas, pensar numa descida forte do desemprego.

A taxa de desemprego mensal é calculada pelo Eurostat de uma forma diferente da taxa trimestral do INE (que de Abril a Junho foi de 7,9 por cento), já que inclui também dados do Instituto do Emprego e Formação Profissional e leva em linha de conta os efeitos da sazonalidade, que são geralmente fortes durante os meses do Verão.