Rita Carvalho, Natacha Cardoso, in Diário de Notícias
Alerta. Cavaco Silva recebeu nove mulheres vítimas de agressão
Todos os anos passam pelas 35 casas de abrigo espalhadas por todo o País 900 mulheres vítimas de violência doméstica. Às vezes chegam com a roupa do corpo, os filhos pela mão, sem brinquedos e sem esperança. Para trás deixam a casa, o emprego e uma rotina de maus-tratos. Vêm à procura de ajuda para recomeçar a sua vida, que muitas vezes passa por uma nova casa, outro emprego e um dia-a-dia num local diferente.
Foram histórias com um enredo como este que o Presidente da República escutou ontem da voz das técnicas da rede de apoio e das próprias vítimas. Nove mulheres acompanhadas pelos filhos e 14 responsáveis pelas entidades de apoio às vítimas foram ao Palácio de Belém expor as suas dificuldades, expectativas e desejos a Cavaco Silva.
"É preciso ajudar estas mulheres a começar uma vida nova", disse o Presidente que já tinha dedicado parte do roteiro da inclusão a este problema, aproveitando agora para sublinhar o apreço por todos os que trabalham no combate a esta "chaga social que nos envergonha". Apesar do fenómeno não ter aumentado nos últimos anos - diminui até 10% nesta década -, assume facetas cada vez mais graves, com a agressão a terminar muitas vezes num homicídio, explicou a presidente da Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género, à saída do encontro. "A melhor forma de combater este problema é reforçar a sua visibilidade. Assim mais vítimas terão coragem de denunciar", considera Elza Pais.
Para combater o problema da violência doméstica, que este ano já levou à morte 40 mulheres, Elza Pais anunciou que será conhecida em Janeiro a proposta de lei quadro do Governo. Uma das novidades é passar a permitir a detenção do agressor sem ser em flagrante delito. Em Janeiro, entrará também em vigor o programa de vigilância electrónica, de modo a proteger as vítimas. Elza Pais adiantou ainda que no início do ano será lançado um programa de tratamento dos agressores. Mas mais do esta "lei unificadora", é preciso apostar na prevenção, afirmou.|