Fátima Mariano*, *com Lusa, in Jornal de Notícias
Em 2007, a distância entre ricos e pobres sofreu uma ligeira redução, segundo um inquérito do INE esta segunda-feira divulgado. A taxa de risco de pobreza, contudo, manteve-se nos 18%, subindo aos 40% se não se considerarem as transferências sociais.
No ano passado, e pela primeira vez em Portugal, assistiu-se a um ligeiro estreitamento do fosso que separa os mais ricos dos mais pobres, de acordo com o inquérito ao Rendimento e Condições de Vida ontem divulgado pelo INE (Instituto Nacional de Estatística). Entre 2004 e 2006, a taxa de desigualdade em Portugal situou-se nos 38%, mas em 2007, esta baixou um ponto percentual.
Ou seja, o rendimento dos 20% da população com maiores recursos passou a corresponder a 6,5 vezes o rendimento dos 20% da população com mais baixos recursos, em vez das 6,8 vezes de 2006 ou das 6,9 de 2005 e 2004.
No inquérito pode ler-se que "o Coeficiente de Gini [que mede as desigualdades nos rendimentos], com um valor de 37%, evidencia uma ligeira melhoria no distanciamento entre os mais ricos e os mais pobres, apesar de a população residente continuar a caracterizar-se por forte desigualdade na distribuição dos rendimentos".
Aliás, neste item, e de acordo com os dados do Eurostat (Gabinete de estatísticas da União Europeia), Portugal mantém-se em penúltimo lugar da tabela de desigualdades de rendimentos, apenas à frente da Letónia (com um valor de 7,9). A média europeia a 25 é de 4,8 vezes.
O estudo, ontem tornado público, revela que a taxa de risco de pobreza em 2007, tendo em conta os rendimentos do ano anterior, se manteve nos 18%. No entanto, se não forem consideradas as transferências sociais (relacionadas com a doença e incapacidade, família, desemprego e inserção social), 40% da população estaria em risco de pobreza.
Em comparação com a média europeia, segundo ainda os dados do Eurostat, a taxa de risco de pobreza em Portugal está dois pontos percentuais acima da UE a 25 (16%).