16.12.08

Mulheres cada vez mais pobres

Céu Neves, in Diário de Notícias

Social. Pobreza afecta mais as crianças e os idosos


Dois em cada 11 habitantes de Portugal são pobres, mantendo-se a taxa de 18% verificada em 2006, dois pontos acima da média da UE. E são mais as mulheres do que os homens a não terem o mínimo de 379 euros por mês para sobreviver, aumentando o fosso entre os dois sexos. Elas vivem mais tempo, estando mais dependentes das reformas, e constituem a maioria das famílias monoparentais.

São os resultados do Inquérito às Condições de Vida e Rendimento realizado em 2007, ontem divulgado pelo Instituto Nacional de Estatística (INE). A percentagem de 18% do risco de pobreza aumenta substancialmente em três grupos sociais: os casais com três ou mais crianças, os idosos sós e as famílias monoparentais.

Aquele trabalho refere-se aos rendimentos de 2006, o que faz prever um aumento da taxa de pobreza, diz o padre Agostinho Jardim, presidente da Rede Europeia Anti-Pobreza. "Vejo estes dados com preocupação porque as políticas que têm vindo a ser implementadas não têm sido tão eficazes como se desejava. A aplicação de algumas medidas sociais , sobretudo para os mais idosos, não são suficientes para reduzir os efeitos da crise", argumenta.

A verdade é que se não fossem as transferências sociais 40% da população estaria em risco de pobreza. E o inquérito de 2007 conclui que "os rendimentos provenientes de pensões de reforma e sobrevivência resultaram num decréscimo" de indivíduos em riscos de pobreza. A taxa de risco de pobreza após pensões foi de 24%, 25% em 2006 e 36% em 2005.

Agostinho Jardim defende que se deve "dar uma maior atenção às crianças e jovens", para não "ficaram marcadas pelos tempos de crise que se advinham". A solução que propõe é a participação das autarquias em coligação com as instituições locais no combate a este flagelo. "Têm de ser encontradas soluções novas para problemas novos".

O fosso entre ricos e pobres registou uma ligeira descida. Os rendimentos dos 20% da população mais rica é, agora, 6,5 vezes maior que os 20% mais pobres, quando em 2006 era de 6,8 vezes mais.