"Portagens surgem em contra ciclo face à crise"

Ana Trocado Marques, in Jornal de Notícias

Com o Governo a tomar medidas para minimizar os efeitos da crise, a introdução de portagens nas SCUT (Sem Custo para o Utilizador) surgiria em "contraciclo" e só contribuiria para agravar a crise. Foi esta a mensagem que o Movimento Conjunto de Contestação às Portagens deixou, esta segunda-feira, numa reunião com o secretário de Estado das Obras Públicas, Paulo Campos.

"Colocar portagens nestas três SCUT - Norte Litoral, Costa de Prata e Grande Porto - seria juntar crise à crise", frisou, ao JN, José Rui Ferreira, um dos quatro elementos que foi a Lisboa, em representação das seis comissões de utentes que compõe o Movimento.

Segundo dados oficiais, lembram num documento entregue a Paulo Campos, o tecido económico da região está "profundamente debilitado" e as áreas abrangidas têm, todas elas, taxas de desemprego superiores à média nacional, pelo que, a introdução de portagens "só agravará assimetrias regionais".

O Movimento reafirma que os critérios, definidos pelo próprio Governo para a introdução de portagens em três das sete SCUT - PIB per capita regional, o Índice de Poder de Compra Concelhio (IPCC) e o tempo de percurso em vias alternativas - "não estão cumpridos".

Quanto às alternativas, diz, o tempo é, em qualquer um dos casos, "pelo menos o triplo" e, quanto ao IPCC e ao PIB, ao fazer médias, "desvirtua-se injustamente" a realidade, já que a grande maioria dos concelhos não atinge os valores mínimos definidos pelo Governo, "inflacionados" por um ou outro concelho, como o Porto.

Paulo Campos, disse José Rui Ferreira, ficou "sem resposta" para o argumento "crise", mas, no final, afirmou que o Governo não tem ainda definida nenhuma data para avançar, nem estão sequer definidos os troços que ficarão isentos. A prometida reunião com os autarcas também ainda não tem data.