29.5.09

Famílias cortam no álcool, tabaco, restaurantes e lazer

Alexandra Figueira, in Jornal de Notícias

Resposta à crise financeira passará por substituir produtos de marca por outros mais baratos e maior uso da filosofia "low cost". Já a poupança deve aumentar durante este ano, diz a Cetelem


A resposta das famílias à crise económica está a passar por poupar mais e gastar menos, de acordo com o inquérito promovido todos os anos pela Cetelem, uma empresa especializada em empréstimos para consumo e cartões de crédito.

Sabendo que têm perdido poder de compra nos últimos anos (e continuarão este ano, prevê a Cetelem, no seu Observatório para 2009), que despesas as famílias prevêem cortar? As bebidas alcoólicas aparecem em primeiro lugar na lista dos gastos "dispensáveis", seguidas das noites passadas em hotéis e refeições feitas em restaurantes. O lazer, incluindo a cultura e o turismo, será o terceiro grande sacrificado pelos orçamentos familiares, durante este ano e como resposta directa à crise económica.

E depois de passada a crise, este tipo de despesa não deverá regressar à posição inicial, já que os inquiridos disseram que, nessa altura, vão privilegiar as despesas de alimentação e a saúde; só o lazer deverá recuperar alguma da atenção das "bolsas" familiares.

Se é certo que os inquiridos disseram querer gastar menos dinheiro, também é verdade que isso não significa privarem-se de comprar coisas. Significa, antes, que passarão a "consumir com astúcia" como "remédio para a crise", nas palavras da Cetelem.

A esmagadora maioria das pessoas (93%) aprova as compras feitas em lojas de "hard-discount", cadeias de preços baixos como o Lidl ou o Dia, tal como acontece na Alemanha. Também por larguíssima maioria (91%), a lógica "low-cost" recebe luz verde dos consumidores nacionais.

Hoje, esta filosofia abrange muito mais serviços do que bilhetes de avião a agências turísticas: está presente em ginásios, companhias de seguro e até agências funerárias.

Ainda, as contas pela Internet tendem a aumentar, reflexo também da expansão do uso de computadores e Internet. A cultura e o lazer e viagens estarão entre os principais beneficiados pela crescente apetência dos portugueses para as compras "on line".

Já tem sido hábito os portugueses aparecerem entre os mais desanimados entre os consumidores europeus e, este ano, avaliaram a situação do país com um 2,8, em que zero é muito mau e 10 muito bom. Ainda assim, os menos pessimistas estão, diz a Cetelem, no Grande Porto e no Alentejo.