Ana Cristina Pereira, in Jornal Público
Grupo de sete romenos operava em Lisboa desde 2003. Três das vítimas
eram menores
Um grupo de romenos que forçava compatriotas à prostituição em Lisboa foi anteontem condenado pelo Tribunal da Boa-Hora. O líder apanhou 14 anos de prisão. Os restantes um pouco menos: 11 e 12.
Os sete romenos terão, em 2003, decidido constituir um grupo para explorar sexualmente romenas em Portugal. Procuravam-nas, sobretudo, no distrito de Tulcea. Prometiam-lhes muito dinheiro. Nuns casos, diziam-lhes que o ganhariam na prostituição, noutros em trabalhos convencionais.
O líder seria Ion T. Ion é que fixava o preço do serviço, a comissão. Seria também ele a decidir que roupas podiam vestir e onde se deviam prostituir as mulheres. Os outros exerciam o controlo, recorrendo a "violência física e psicológica". Cabia-lhes acompanhar as vítimas às ruas, verificar se angariavam clientes e recolher o dinheiro. Levavam-lhes roupas e tabaco, carregavam-lhes os telemóveis, impediam-nas de ter qualquer contacto que não entre elas ou com clientes.
Três vítimas eram menores - uma teria 14 e duas 16 anos. Cada uma rendia cerca de 200 euros por dia. Trabalhavam muitas horas no Poço do Borratém, na zona do Instituto Superior Técnico, na Rua da Artilharia I e no Parque Eduardo VII. Chegavam a ser forçadas a atender 15 clientes num dia. Uma rapariga, desesperada com aquela vida, atirou--se da janela de uma pensão e ficou paraplégica.
O ganho era remetido para a Roménia, através de depósitos efectuados em agências de câmbio e transferências internacionais de dinheiro. Os arguidos usavam os documentos das mulheres. Nunca mais de seis mil euros, para não levantar suspeitas às autoridades.
O grupo foi desmantelado em finais de 2007 pelo SEF. Já teriam então traficado 23 romenas. Foram dados como provados os crimes de associação criminosa, lenocínio e tráfico de pessoas. Para além dos sete romenos, foram condenados dois portugueses - donos de pensões onde estas mulheres eram forçadas a fazer trabalho sexual: dois anos de pena suspensa.
14
Três vítimas eram menores de idade - a mais nova tinha apenas 14 anos. Integravam famílias pobres e desestruturadas