José Miguel Gaspar, in Jornal de Notícias
Apesar dos sinais de retoma, este ano os portugueses vão gastar menos dinheiro em prendas e produtos de consoada.
O que vão oferecer? Presentes com utilidade dentro: em primeiro estão os livros, logo depois vem a roupa.
59% dos portugueses pensa actualmente que a economia está em recessão. O número é alto? Não: em 2008 havia uma imensa maioria de 93% com essa opinião. O caminho da retoma já se trilha no Natal deste ano? Sim, aparentemente: hoje, 49% dos portugueses acha que perdeu poder de compra - mas em 2008 havia 77% a admiti-lo.
É este contexto que dá forma ao estudo "Natal 2009", análise da consultora Deloitte sobre as intenções de compra dos europeus na última época festiva do ano (auscultados 17 mil de 18 países).
A conclusão central aponta para a retoma, mas debaixo de prudência: nesta quadra, os portugueses contam gastar em prendas, comida/bebida e socialização menos 3,7% do que no ano passado, mas, mesmo assim, ainda gastarão mais do que a média da Europa ocidental (poupança comparativa de 6,3%). Os países mais pessimistas, e que mais poupam, serão, neste ano, os irlandeses (-22,4%), ingleses e suíços (-17,4%) e os espanhóis (-9,1%). Os que parecem menos preocupados com a necessidade de economizar são os belgas, os italianos e os holandeses.
Em média, segundo a análise da consultora Deloitte, cada português pensa gastar em prendas natalícias 390€. É menos dinheiro do que no ano passado (405€) e está abaixo da média europeia de gastos individuais (420€). Os que mais gastam, aparentemente, são os luxemburgueses (690€), os irlandeses (660€) e os italianos (435€); os que menos querem gastar com prendas para os outros são os holandeses (225€) e os alemães (300€).
Consequentemente, a quantidade de presentes que cada pessoa pensa distribuir também vai descer este ano: em 2008, cada português ofereceu em média 15 prendas; este ano serão 13. Apesar de em menor quantidade, curiosamente, o valor monetário das prendas promete aumentar ligeiramente: 27€ no ano passado; 30€ para este ano.
O estudo da Deloitte reforça uma tendência acentuada pelo segundo ano de crise global: os presentes devem ter carácter utilitário - é esse o entendimento de 83% dos inquiridos; só depois vem o preço, o segundo critério de escolha (56%).
Mas, que tipo de produtos concretos pensam os portugueses oferecer? Não sem certa surpresa, o artigo mais referenciado é o livro, que está no top de 9 dos 18 países inquiridos (essencialmente os países da Europa ocidental; na Europa de leste, cosméticos e perfumes ocupam o topo das preferências). Sinal de que a crise definitivamente não passou: os produtos tecnológicos (iPods, smarphones) estão na preferência dos adolescentes, mas só 13% devem recebê-los. De forma estratificada, o top prendas fica assim ordenado: crianças recebem jogos educativos (53%), livros (52%) e roupa (41%); adolescentes, livros (46%), música (30%) e roupa (27%); e adultos, livros (63%), roupa (45%) e música (43%).