15.11.09

ONU pede ajuda aos cidadãos para combater fome no mundo

in Jornal Público

Afectado pela crise mundial e pela diminuição das contribuições de países doadores, o Programa Alimentar Mundial das Nações Unidas lançou ontem um apelo inédito pela Internet. Pede a mil milhões de cidadãos dos países mais ricos que dêem um euro por semana para o combate à fome, o que será suficiente para alimentar outros mil milhões de pessoas nos países mais pobres.

Josette Sheeran, directora do Programa Alimentar Mundial, explicou que esta é a primeira vez que a organização, formada sobretudo por países, lança um apelo deste género. "Temos agora um maior número de pessoas com fome - mais de mil milhões - e, devido à pressão financeira a que estão sujeitos os governos, pensamos que é importante apelar aos cidadãos para que resolvam este problema", disse à Reuters.

Amanhã irá começar a Cimeira Mundial da Alimentação, em Roma, e o que Sheeran descreveu à Reuters é um cenário dramático. O Programa Alimentar Mundial conseguiu apenas metade dos 6700 milhões de dólares que tinha definido como objectivo para este ano. Apesar disso, os 3700 milhões de dólares que a organização prevê obter este ano representam o segundo melhor financiamento de sempre, mas estão muito longe de ser o suficiente para colmatar a crise humanitária causada pela fome.

Este é, disse Sheeran, "um ano de escolhas difíceis", marcado pela seca nos países do Corno de África, cheias nas Filipinas ou confrontos no Paquistão, com a fome a emergir como consequência destas situações.

"O problema, neste momento, é que o Programa Alimentar Mundial tem 10 ou 12 situações graves de emergência em mãos, cada uma complexa, nenhuma que possa ser negligenciada", disse Sheeran.

As doações feitas por particulares podem ser enviadas através do site https://www.wfp.org/donate/1billion. "Estamos também a dizer às pessoas que, se contribuírem, a sua ajuda irá directamente para aquilo que pretendem", adiantou a directora do Programa Alimentar Mundial. Este ano a organização espera fornecer cerca de 28.000 milhões de refeições a cerca de mil milhões de pessoas de 72 países diferentes.