26.5.10

Calçado vive oásis em produção e encomendas

por Carla Aguiar, in Diário de Notícias

Em contraciclo, sector aumentou o emprego até Março e está optimista.

O sector do calçado vive um oásis como não conhecia desde o início da década, com a produção e a carteira de encomendas a aumentarem. Em contraciclo com o estado geral da economia, no primeiro trimestre deste ano a indústria de calçado não só produziu mais como gerou mais emprego, enfrentando já problemas de abastecimento de matérias-primas. Segundo um estudo da Associação Portuguesa dos Industriais de Calçado (APICAPS), a que o DN teve acesso, baseado num inquérito ao sector, 28% das empresas aumentaram o nível de produção, 49% estabilizaram e apenas 23% registaram uma diminuição. Ou seja, o saldo é favorável em 5 pontos percentuais.

Aquela evolução contraria as previsões do trimestre anterior. E de acordo com as perspectivas para o segundo trimestre, o tom geral é de optimismo. Mesmo assim, 20% das empresas sentiram uma redução da sua capacidade produtiva, com 12% a registarem tendência inversa.

O fenómeno - que é mais positivo quanto mais a economia se encontra debilitada -, deve-se à evolução da carteira de encomendas face ao último trimestre de 2009, se bem que pouco homogénea. As encomendas estabilizaram para a maioria das empresas do sector, cresceram em 27% e baixaram em 29%, o que faz com o que o saldo seja ainda negativo em 2 pontos percentuais, embora tenha recuperado face ao trimestre anterior, em que a quebra tinha atingido os 8 pontos. Curioso é verificar que foram as empresas com maior peso de colecção própria a mostrarem pior desempenho que as restantes.

Nas encomendas oriundas do estrangeiro foram maiores os aumentos do que as quebras. Também por isso, a percentagem de empresas que diz ter três meses ou mais de produção garantida subiu de 33% para 45%.

Reflexo do aumento da produção, o número de pessoas ao serviço no sector cresceu. Apesar de, na maioria dos casos, o emprego ter estabilizado, 12% das fábricas recrutaram mais. Um movimento que está em linha com as estimativas das empresas para o segundo trimestre: as que esperam negócios bons são o dobro das que esperam maus resultados.