Alexandra Figueira, in Jornal de Notícias
Quem trabalha sem o declarar, "por baixo da mesa", ganha mais dinheiro por hora do que quem cumpre a lei. A conclusão consta de um estudo sobre Trabalho que a ministra da tutela está a apresentar aos parceiros sociais, no que espera que seja o início do debate para um "Pacto para o Emprego".
A reunião de Concertação Social de hoje, quarta-feira, não servirá, como chegou a estar previsto, para discutir as medidas de combate à crise criadas em 2008 que serão agora retiradas, como meio de combate ao défice.
Em vez disso, a ministra irá invocar a crise económica e o impacto duradouro que deverá ter sobre o mercado de trabalho para pedir “um novo consenso social” a trabalhadores e empregadores que permita “encontrar as respostas mais adequadas ao período prolongado de crise do emprego”, lê-se no estudo “Emprego, contratação colectiva de trabalho e protecção da mobilidade profissional em Portugal”, coordenado por António Dornelas.
No que toca ao trabalho clandestino, o documento indica que “a parte remunerada do trabalho não declarado proporciona remunerações horárias mais elevadas do que o trabalho declarado e remunerado no sector formal da economia”.
É precisamente o oposto do que sucede na generalidade dos países europeus, tal como o facto de (tudo indica) acontecer “sobretudo em ligação com o trabalho realizado no sector formal da economia”. Ou seja, as pessoas saem do emprego oficial e continuam a trabalhar na mesma área, mas sem declarar e, portanto, sem pagar impostos.