I.C., in Jornal de Notícias
Os 345 milhões de euros gastos em horas extra no Serviço Nacional de Saúde podem parecer curtos perante um orçamento que passa dos 8,7 mil milhões. Mas revelam situações de elevada despesa. Segundo dados a que o JN teve acesso, há casos em que o ganho em horas extra aproxima-se do valor do vencimento do profissional de saúde.
Uma das situações ocorria no Centro de Saúde de Valença, que viu recentemente encerrar o seu serviço de atendimento permanente, gerando prolongados protestos locais. O argumento do Ministério da Saúde para o fecho do serviço entre a meia noite e as oito da manhã foi o usado em todos os encerramentos: não se justificava ter a porta aberta para atender uma média de 1,7 doentes por noite, obrigando a ter profissionais escalados para o período nocturno e retirando-os ao atendimento normal durante o dia. Isto além de conferir uma falsa sensação de segurança perante uma urgência que não o era. O fecho só avançou depois de criado uma urgência básica em Monção. Mas nunca foram dadas razões economicistas.
A verdade é que, em 2009, um enfermeiro auferiu cerca de 31 mil euros de vencimento base e mais de 26 mil em horas extra. Outro teve um salário anual de perto de 21 mil euros, a que somou quase 18 mil de trabalho suplementar. Outro ainda recebeu, respectivamente, 17 mil e 15 mil euros.