in Jornal Público
Estabilidade política, bons serviços bancários, liberdade de expressão sem entraves, serviços de saúde adequados e bens de consumo à mão de semear. Graças à soma de todos estes factores e mais alguns, Lisboa arrebatou o posto da 45.ª cidade com maior qualidade de vida a nível mundial no ranking de 221 cidades elaborado pela consultora Mercer, e que é divulgado hoje.
Lisboa recebe nota máxima no ambiente sociocultural, entre outros critérios (Pedro Cunha)
A capital portuguesa "tem conseguido manter um nível global de qualidade de vida bastante satisfatório", disse ao PÚBLICO Diogo Alarcão, responsável da Mercer Portugal. Posicionando-se ao mesmo nível de Washington e Chicago, Lisboa consegue ficar acima de destinos como Madrid, Nova Iorque, Praga ou Miami.
Em 2009, a capital tinha ficado uma posição acima (44.º), apesar de a comparação não ser necessariamente correcta, pois o estudo envolveu este ano mais cidades (221) face às 215 dos anos anteriores. Porém, a tendência geral tem sido de melhoria e, nos últimos três anos, Lisboa já escalou 12 lugares no ranking global.
Para Diogo Alarcão, vários factores favorecem Lisboa, que obteve a 45.ª posição a partir da análise de 39 critérios, pelos quais todas as cidades são classificadas face a Nova Iorque (que tem uma pontuação base de índice 100). A capital tem nota máxima na relação com outros países, no ambiente sociocultural (não existência de limitações à liberdade pessoal e de imprensa), na rede de electricidade, água e telecomunicações, na extensa oferta de todas as categorias de bens de consumo e na boa rede de escolas estrangeiras em Lisboa.
Este último factor poderá parecer estranho nesta análise de qualidade de vida, mas este estudo da Mercer destina-se sobretudo a ajudar os Governos e as multinacionais nos processos de expatriação de colaboradores para projectos internacionais e, portanto, a adequar remunerações em função do melhor ou pior desempenho de uma cidade.
Entre os pontos fortes da capital portuguesa está também a qualidade dos serviços bancários, a crescente melhoria dos serviços de saúde (públicos e privados), a existência de um clima temperado, a diversidade de escolha no mercado habitacional e o baixo grau de risco de ocorrência de desastres naturais. Do lado oposto, a travar um lugar mais cimeiro no ranking, está a "oferta de actividades recreativas e de lazer (que, apesar de ter um nível aceitável, perde para muitas cidades europeias e de países desenvolvidos), o aumento da percepção de insegurança, o congestionamento habitual no tráfego, o registo de acidentes rodoviários, a qualidade dos serviços aeroportuários e o nível de poluição atmosférica", destaca Diogo Alarcão.
Pior em termos ambientais
Pela primeira vez, o estudo da Mercer elaborou também umeco-ranking, baseado em critérios como a disponibilidade e potabilidade da água, recolha de lixo, sistemas de esgotos, poluição do ar e congestionamento rodoviário. Aqui, Lisboa ocupa o 74.º lugar, bem mais distante das primeiras posições, ocupadas por Calgary e Otava (Canadá) e pela capital do estado norte-americano do Havai, Honolulu.
Já no ranking global da qualidade de vida, é a cidade de Viena (Áustria) que ocupa o primeiro posto, seguindo-se as suíças Zurique e Genebra. As cidades europeias estão em maioria nos 25 lugares cimeiros, ocupando 16 posições. Também o Canadá tem quatro cidades entre as 25 melhores, enquanto a Austrália tem três e a Nova Zelândia duas. Nos EUA, Honolulu é a cidade com melhor pontuação, e na Ásia destaca-se Singapura.
Quanto às cidades dos países de língua portuguesa, permanecem bastante abaixo de Lisboa. Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo ficam-se pelos 104.º, 116.º e 117.º lugares, respectivamente, enquanto a capital moçambicana Maputo está em 185.º e a capital angolana Luanda em 198.º.