Emília Monteiro, in Jornal de Notícias
A vida de Rita Salgado está "mais ou menos parada" desde Maio de 2007. Casada, com três filhos de 15, 12 e 9 anos, Rita ficou desempregada há três anos.
Era costureira e foi assim que se 'inscreveu' no centro de emprego de Famalicão, o concelho onde reside. A primeira vez que foi despedida, reagiu bem. Em Setembro do mesmo ano, foi chamada pelo centro de emprego para ir trabalhar para uma confecção. Em Janeiro de 2008 voltou a ficar sem trabalho porque a empresa fechou. "Voltei a receber o fundo de desemprego".
De Março a Setembro, foi novamente chamada para trabalhar numa fábrica, com a categoria profissional de costureira. "Tornei a ficar desempregada. A confecção disse que não tinha trabalho e mandou-me embora", explica Rita. "O centro de emprego de Famalicão não pára de chamar as pessoas e, um mês depois já estava a trabalhar num infantário", recordou.
De todos os empregos, o infantário foi o local onde gostou mais de trabalhar. Mas durou pouco. Era um programa ocupacional que durou escassos meses e Rita Salgado voltou a ficar sem trabalho.
Em Novembro de 2009, foi chamada pela última vez para ir trabalhar para uma confecção. "Fui à fábrica mas não aceitei ficar. Então eu ia trabalhar para uma confecção que tinha salários em atraso. Não consigo perceber como é que o centro de emprego chama pessoas para ir para uma empresa que não tem os salários em dia", refere a costureira.
Os 384 euros que recebia, mensalmente, já "há muito que terminaram". "Continuo à procura de trabalho mas não vou para nenhuma fábrica que eu saiba, à partida, que não vai pagar-me", garante.
Na prática, desde que ficou desempregada em 2007, a costureira nunca mais teve um contrato de trabalho "normal". "Ou estava à experiência, ou queriam que eu trabalhasse na clandestinidade, ou estava em algum programa do centro de emprego mas sem a garantia de que ficaria a trabalhar", frisa a mulher de 37 anos.
Hoje, Rita Salgado, começa uma "vida nova". Depois de um ano à espera de vez, a mãe de três rapazes regressa à escola. "Finalmente, vou fazer o sexto ano, vou estudar para poder procurar um trabalho fora das confecções", finaliza.